24 de agosto de 2016

A guerra dos postes

Há certos pormenores no ciclismo que continua a deixar todos pasmados - e muitos furiosos - porque acontecem apesar de todas as regras e suposto apertado controlo. A etapa desta quarta-feira, e de certa forma toda a Volta a Espanha, fica marcada por um incidente que já não deveria acontecer no ciclismo: um poste não sinalizado na estrada provocou uma queda violenta a Steven Kruijswijk, arrastando outros ciclistas. Afinal a lição do incidente do ano passado na Volta ao País Basco não foi aprendida e agora mais uns atletas viram a sua condição física colocada em causa e a corrida estragada por um erro crasso da organização.

No momento nem se percebeu bem como tinha acontecido a queda, mas o próprio Kruijswijk confirmou depois a versão que começou a ser falada: "Choquei com violência contra o poste. Dói-me muito as costelas e a clavícula. Depois do Giro, a Vuelta era o meu segundo objectivo" O holandês da Lotto-Jumbo foi transportado para o hospital e já disse que esta quinta-feira vai para casa, com a suspeita de uma clavícula partida.

Naturalmente que o facto de ter sido um dos candidatos à geral a sofrer com o incidente tem tendência a criar ainda mais ruído. No entanto, fosse quem fosse que embatesse naquele poste - e não esquecer que mais homens ficaram no chão - revelaria sempre uma gravíssima falha que levou à reacção de vários ciclistas, que atacaram a organização e a UCI por continuarem a permitir que este tipo de erros coloquem em causa a integridade física de um atleta. A organização disse que ia investigar, mas entretanto já todos recordaram como apenas há um ano, na Volta ao País Basco, aconteceu algo idêntico, deixando Peter Stetina com uma tíbia partida e outras lesões. Mais ciclistas também ficaram muito mal tratados.
Há quem questione como é possível a situação ter voltado a acontecer, ainda mais em Espanha. O pelotão está novamente revoltado, sentindo que a sua segurança não está a ser acautelada ao pormenor, como deveria ser.

Tiago Machado, a estrela do dia

Antes da queda que acabaria por marcar a quinta etapa, o homem do dia foi mesmo Tiago Machado. O português da Katusha já se tinha mostrado na segunda etapa, mas desta vez partiu mesmo para uma longa fuga. Primeiro na companhia do ciclista da Direct Energie, Julien Morice, mas depois a solo. O francês nunca ajudou e mostrou não ter capacidade para ir no ritmo necessário, acabando por deixar ficar-se para trás.

Machado deu mais luta do que o pelotão estava à espera para um ciclista solitário, mas mais uma vez ficou comprovado que o português está com liberdade para tentar uma vitória nesta Vuelta. Porém, desta vez ficou "apenas" com o prémio de mais combativo e os poucos sprinters presentes voltaram a ter sua oportunidade. A queda desorganizou o pelotão naqueles metros finais, mas Gianni Meersman (Etixx-QuickStep) não se deixou perturbar e voltou a agarrar a oportunidade. Segunda vitória para o belga nesta Vuelta e na carreira numa grande volta. Devido à queda, os tempos foram tirados aos três quilómetros, pelo que John Darwin Atapuma (BMC) continua de camisola vermelha.

Etapa 6: Monforte de Lemos - Luintra/Ribeira Sacra (163,2 quilómetros)
Apenas tem uma subida categorizada, mas neste dia os ciclistas têm uma sequência de sobe e desce que nos últimos quilómetros poderão ainda ser acompanhados por vento. Não é etapa para decidir nada, mas vai requerer muita atenção por parte das equipas dos candidatos.


Resumen - Etapa 5 (Viveiro / Lugo) - La Vuelta... por la_vuelta

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