24 de maio de 2018

"Pensei que ia custar-me mais, mas a verdade é que estou muito, muito bem"

Marcos Jurado não vira a cara à luta. Desde muito novo que tudo tem feito para ter uma carreira no ciclismo. Aos 21 anos viveu um momento que o marcou e que o leva agora a dizer que nunca baixa os braços para tentar alcançar as metas que define. A Efapel contratou-o esta época e depois de um início mais discreto, o corredor espanhol começou a aparecer e logo nas corridas no seu país. Agora quer demonstrar a sua boa forma em Portugal e os seus objectivos passam em seguir à risca tudo o que o seu director desportivo lhe pedir, seja em trabalho para a equipa, seja em tentar estar em fugas, esperando que também surja a possibilidade de se mostrar numa especialidade que tanto gosta, o contra-relógio.

Uma fotografia de Junho de 2012, publicada no jornal Marca, mostra um Jurado incapaz de conter as lágrimas depois de se sagrar campeão nacional de sub-23 no esforço individual. Aquela imagem contribuiu para tornar Jurado num exemplo do que muitos ciclistas espanhóis viviam então. Natural da região de Castilla-La Mancha, a falta de subsídio para a federação da zona, fez com que a única possibilidade de estar nos Nacionais passasse por pagar do próprio bolso. A equipa Caja Rural ajudou cedendo um autocarro e dois carros par que os ciclistas da região tivessem o mínimo de condições. Aqueles Nacionais não mais seriam esquecidos por Jurado. Além das questões financeiras, um problema de saúde prejudicou-lhe a preparação. O ciclista chegou a Salamanca e contra tudo e contra todos ganhou o título. "Foi marcante. Foi o lutar contra a corrente para estar ali. Foi muito emotivo", recordou.

Antes deste momento, Jurado tinha feito as malas para se mudar para o País Basco para procurar maiores garantias de conseguir chegar ao profissionalismo. "Tive de lutar muito [para ter uma carreira]. O ciclismo está muito concentrado no País Basco. É lá que estão as melhores equipas e as melhores corridas", explicou ao Volta ao Ciclismo. A modalidade em Espanha tem tido algumas das grandes referências mundiais - Miguel Indurain, Alberto Contador... -, no entanto, no que diz respeito a equipas ao mais alto nível, o país tem actualmente a Movistar no World Tour e há algum tempo que só tinha a Caja Rural no segundo escalão. Este ano, duas das principais estruturas Continentais (terceiro escalão), a Euskadi-Murias e a Burgos-BH subiram de categoria.

"Escolhi a [proposta] que considerei ser a melhor para mim. O que eu queria era continuar a minha carreira"

Jurado estava na última no ano passado e não esconde que foi difícil não poder continuar, numa altura em que a equipa ia passar para outro nível, o que também significaria uma porta mais aberta para estar na Volta a Espanha, o que irá acontecer. "Sim, custou [sair]. Mas no final não houve entendimento e tinha a proposta da Efapel. Escolhi a que considerei ser a melhor para mim. O que eu queria era continuar a minha carreira", salientou.

Com praticamente meia temporada já cumprida, Marcos Jurado (27 anos) não tem dúvidas que a mudança para a equipa portuguesa foi a ideal, apesar de inicialmente ter algum receio devido ao idioma e por ser uma formação estrangeira, ainda que não seja a sua primeira aventura fora de Espanha, já que representou uma equipa sérvia durante quatro meses, em 2014. "Pensei que ia custar-me mais, mas a verdade é que estou muito, muito bem [na Efapel]", afirmou. Jurado referiu que uma lesão no joelho e uma gripe limitaram a sua forma física nas primeiras corridas do ano. Porém, recentemente venceu as classificações das metas volantes na Volta a Castela e Leão e na Volta à Comunidade de Madrid. Não há segredos, nem fórmulas extraordinárias para a subida de forma: "Estou a seguir os conselhos do Américo  [Silva, director desportivo] e do meu preparador."

Para a restante temporada, Jurado gostaria de, a nível pessoal, mostrar-se em algum contra-relógio, por exemplo, mas não é um ciclista que fique muito tempo a falar na primeira pessoa. O espanhol fala em "nós", no colectivo da Efapel que quer ajudar a cumprir os grandes objectivos.

É um ciclista de equipa por excelência e na Efapel está a demonstrar isso mesmo. No entanto, depois de em muito jovem ter chamado alguma atenção, será que Jurado sente que lhe falta dar algo mais? Responde que sim, puxando o assunto de novo para o contra-relógio, mas acrescentando de imediato que a nível profissional é muito mais complicado obter os resultados que teve enquanto sub-23. E pensará em regressar a uma equipa no seu país? "Vamos por partes. Por agora, estou bem aqui."


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