18 de maio de 2018

"É excelente trabalhar com o Ricardo Vilela"

Bem disposto, muito sorridente, Jetse Bol está completamente adaptado à forma de estar dos ciclistas na Manzana Postobón. É um holandês no meio de colombianos, pelo que não passa despercebido pelo seu porte físico. Não se cansa de repetir o quanto está a adorar a experiência, depois de ter feito toda a carreira e formação no seu país. Juntamente com Ricardo Vilela, Bol foi contratado em 2017 para este projecto para dar uma perspectiva mais europeia aos colegas colombianos, contribuindo assim para o objectivo da equipa de se mostrar ao melhor nível em algumas das principais corridas. Este ano não haverá uma grande volta, mas Bol garante que ninguém cedeu à desilusão de não terem recebido um convite e na Mazana Postobón estão concentrados em continuar o seu caminho de elevar ainda mais o nível do ciclismo colombiano.

"É uma excelente experiência [estar na Manzana Postobón]. É muito diferente e eu sabia que seria assim. Diferente não significa melhor ou pior. É uma boa experiência da vida... Tens uma diferente perspectiva da vida", explicou ao Volta ao Ciclismo. E acrescentou: "No final, fazemos o mesmo trabalho. Estamos a andar de bicicleta. Mas em certos pontos tem uma diferente perspectiva da vida. É tudo um pouco mais relaxado, às vezes demasiado! Mas é divertido!"

Está no seu segundo ano na equipa sul-americana, depois de se ter formando na equipa de desenvolvimento da então Rabobank, passando a profissional na estrutura holandesa. Permaneceu quando a incerteza foi grande quanto ao futuro da equipa, após a saída do patrocinador, mas em 2015 - ano em que passou a ser Lotto-Jumbo -, Bol mudou-se para a mais modesta Cyclingteam Join's-De Rijke, do escalão Continental. Regressar ao World Tour não é algo que coloque de parte, mas também não se mostra particularmente preocupado se vai ou não acontecer. O ciclista explicou porquê: "Financeiramente, não vou mentir, um aumento seria sempre bom. Mas, por outro lado, nesta equipa reencontrei o amor e a alegria por este desporto e neste momento é o mais importante. Vivo um dia de cada vez."


"Foi espectacular [competir na Colômbia]. Foi muito intenso! Foi uma grande experiência"

Jetse Bol recordou que chegou à Manzana Postobón por esta estar à procura de ciclistas na Europa, que falassem espanhol. "Eu falava um bocadinho porque vivia em Espanha. Tive essa vantagem", contou. Porém, considera que tanto ele como a equipa ficaram a ganhar. "Se assinassem com os ciclistas espanhóis teriam corredores muito idênticos [aos colombianos]. A maioria são escaladores e comigo têm um ciclista mais do género da Europa do Norte. Foi uma boa forma de completar a equipa", realçou.

Além de Bol, o outro europeu escolhido foi um português. O holandês só tem elogios: "É excelente trabalhar com o Ricardo Vilela. Ele é normalmente o meu companheiro de quarto. Temos o mesmo ritmo de vida, no dormir, tomar pequeno-almoço... Ele é um bom companheiro de quarto e um bom companheiro de equipa." Parte da missão de ambos passa por ajudar os ciclistas colombianos no seu desenvolvimento e Bol referiu que lhe são pedidos alguns conselhos."É bom poder ensinar-lhes uma coisa ou outra", afirmou, pois apesar de ter apenas 28 anos, acaba por ser dos mais veteranos da equipa. Só é superado por Vilela (30) e Fabio Duarte (31), este último um colombiano já com muita experiência internacional, que inclui a participação em cinco grandes voltas. A maioria do plantel tem menos de 25 anos.

Apesar de já ter feito um estágio no país da Manzana Postobón, só este ano teve a oportunidade de lá competir, na primeira edição da Colombia Oro y Paz. "Foi espectacular [competir na Colômbia]. Foi muito intenso! Foi uma grande experiência", salientou. Jetse Bol não tem dúvidas que o crescimento que se tem visto no ciclismo colombiano, com vários corredores a já estarem em equipas do World Tour e com outros tantos a mostrarem ter capacidade para seguir o mesmo caminho, é a prova que a Colômbia pode tornar-se numa potência na modalidade. "Têm grandes talentos e podem crescer", disse, considerando que a Manzana Postobón - que pretende precisamente ser um trampolim para os ciclistas daquele país - está a fazer o mais correcto ao "misturar um pouco" e não ser uma equipa 100% da colombiana. "Ter alguma experiência estrangeira é positivo."

Em 2017, quando subiu ao escalão Profissional Continental, a equipa conseguiu o grande objectivo de estar numa grande volta. Recebeu um convite para a Volta a Espanha e Bol até foi uma das figuras nos primeiros dias. Para o holandês foi uma grande oportunidade estar na Vuelta, mas não o surpreendeu, nem à equipa, o convite não se repetir este ano. "Claro que queremos sempre estar nas grandes voltas, isso é sempre bom. Mas sabia que iria acontecer [ficar de fora da Vuelta]. Com duas novas equipas espanholas [no escalão Profissional Continental], sabia que seria difícil para nós. Estava à espera que não estivéssemos na lista", confessou.

No entanto, rapidamente acrescentou que o calendário da Manzana Postobón tem sido bom, com destaque para a presença na Volta à Catalunha, uma prova do World Tour e também já passou por Portugal, no Grande Prémio Beiras e Serra da Estrela. Nada parece tirar a boa disposição de uma equipa que não passa despercebida, seja pelos seus equipamentos vistosos, seja precisamente pela forma de estar e de se relacionar com os adeptos dos seus ciclistas.

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