9 de maio de 2018

Bouhanni vai de mal a pior

Estar ou não na Volta a França começa a não ser a principal preocupação de Nacer Bouhanni. O fim da linha na Cofidis poderá mesmo estar a aproximar-se. À falta de resultados e a uma longa ausência da competição, junta-se agora uma alegada troca de agressões com um dos directores desportivos da equipa. Já é conhecido o gosto pelo boxe por parte de Bouhanni. Também não é novo que chega a praticar quando perde a paciência, como aconteceu há dois anos, quando deu um murro num homem que estava a fazer barulho no hotel. Lesionou-se e falhou o Tour. Porém, um desentendimento com um director, ainda mais quando a sua posição na equipa está cada vez mais fragilizada... Bouhanni entrou numa fase crucial para definir o futuro da sua carreira.

O sprinter francês regressou às corridas no dia 1 de Maio, na clássica alemã Eschborn-Frankfurt. A época está a ser muito fraca, ainda mais tendo em conta que é o mais bem pago da Cofidis, recebendo mais de um milhão de euros por época. Há um quase mês que Bouhanni não competia. O resultado foi mais um abandono em 2018. O L'Equipe conta que, já no autocarro, o ciclista discutiu com o director desportivo Roberto Damiani sobre a táctica da equipa, que não incluiu esperar por ele quando ficou para trás. O jornal gaulês escreve que a discussão acabou em agressões.

A chegada de Cédric Vasseur ao comando técnico da Cofidis mudou a mentalidade da estrutura. O comboio de Bouhanni foi cortado, com a equipa a não querer apostar apenas no sprinter. O melhor resultado do francês foi um segundo lugar numa etapa do Volta ao Dubai. Na restante temporada, mal se o tem visto na luta por vitórias. No Paris-Nice abandonou devido a uma bronquite. Ficou de fora da Milano-Sanremo e não teve problemas em dizer publicamente que não percebia a decisão da equipa, já que o médico dizia que o ciclista estava em condições. Foi à Volta à Catalunha e abandonou pela mesma razão da corrida francesa. Ainda esteve em duas corridas do calendário nacional antes da mais recente ausência das corridas.

Bouhanni nunca falou muito e a única reacção que teve às mudanças na Cofidis foi que precisava de tempo para se adaptar ao novo método de trabalho. A Volta a França era o que mais ambicionava e apesar de até estar entre os possíveis convocados, Vasseur veio agora avisar que Bouhanni está longe de ter um lugar garantido. "Se não estás no melhor nível, então não tens nada para oferecer. Queremos levar o Nacer ao Tour, mas estou à espera de uma melhoria na sua forma", disse Vasseur ao Cycling News. Quanto às agressões, tudo estará sanado, segundo Vasseur.

O ciclista, de 27 anos, mudou-se em 2015 para a Cofidis para ter o estatuto de líder intocável. No ano passado renovou até 2019 a acreditar que assim continuaria. Entretanto chegou Vasseur e tornou-se rapidamente claro que a relação não era a mais calorosa. E Bouhanni teve ainda outro "problema" chamado Christophe Laporte. Um jovem sprinter (25 anos) e que também demonstra cada vez mais capacidade para as clássicas. E tem algo que Bouhanni não tem esta época: vitórias, no plural (quatro). Até foi ele o eleito para liderar a equipa no monumento Milano-Sanremo. O 13º lugar não foi uma desilusão para um ciclista que começa seriamente a despontar. Ainda foi à Gent-Wevelgem fazer quarto e foi 16º na Através da Flandres. Ou seja, o pavé também lhe assenta bem.

O aparecimento de Laporte coloca ainda mais pressão em Bouhanni, pois Vasseur não está a ter problemas em apostar no ciclista em detrimento da até agora estrela da Cofidis. Está em queda, mas não está excluído. Se Bouhanni quiser salvar o seu lugar e de certa forma a sua carreira, foi-lhe dado o repto que poderá muito bem ser a sua última oportunidade. A contratação dos Herrada demonstra que a montanha é novamente uma aposta e com um ordenado tão alto, a saída do sprinter permitirá a estrutura reforçar-se e continuar a adaptação ao que Vasseur tem idealizado para a Cofidis.

Com a falta de resultados, a sua personalidade - que não lhe dá a melhor da fama no pelotão (também já distribuiu umas cabeçadas e empurrões nos sprints) - e o elevado salário também não ajudarão se optar por procurar uma nova equipa já para o próximo ano. Tem contrato até 2019, mas o seu futuro está cada vez mais incerto.



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