3 de maio de 2018

Vegni garante que se Froome ganhar o Giro a vitória não será retirada. A UCI não tem tanta certeza...

(Fotografia: Giro d'Italia)
Não há volta a dar. O caso do excesso de salbutamol de Chris Froome, que tem marcado os últimos meses no ciclismo, é o assunto que domina este arranque da 101ª edição do Giro. O ciclista acabou por responder às questões colocadas na conferência antes da corrida, já o director da Sky, Dave Brailsford foi mais evasivo. Porém, são as de Mauro Vegni que fazem as manchetes, por assim dizer. O director da corrida afirmou que recebeu abertura por parte do presidente da UCI para que se Froome ganhar o Giro, o resultado não será anulado, caso venha a ser sancionado no processo que decorre. Acaba mesmo por realçar que recebeu garantias. Porém, o organismo apressou-se a dizer que não é bem assim...

Já em Abril o responsável da Volta a Itália tinha assegurado que não se repetiria a situação de Alberto Contador, em 2011. O espanhol também estava a competir "à condição", ganhou o Giro, mas como acabou sancionado ficou sem essa grande volta. Michele Scarponi foi declarado o vencedor. Vegni explicou agora melhor, dizendo que conversou com o presidente da UCI e que David Lappartient concordou com a proposta que um eventual castigo só entraria em vigor no dia em que fosse anunciado.

"Dado o tempo que o caso está a demorar, propus ao presidente Lappartient que qualquer suspensão começasse no momento em que fosse atribuída. Se acontecesse depois do Giro, a suspensão começaria depois do Giro. Se acontecesse depois do Tour, a suspensão começaria depois do Tour", explicou Vegni. "A incerteza não é correcta para o público, para os organizadores e para o atleta. Se Froome for sancionado, ele perderá a vitória na Vuelta, mas qualquer sanção só começaria no momento em que fosse confirmada. O [David] Lappartient parece aberto a esta hipótese e de certa forma garantiu-me que não haveria muitos problemas com o Giro", acrescentou.

Vegni, que se encontrou com o presidente da UCI antes da Milano-Sanremo, em Março, disse mesmo: "Recebemos garantias que isto não aconteceria [Froome perder uma eventual vitória], por isso, estamos confiantes que o resultado final em Roma será o resultado que permanecerá do Giro."

Porém, estas alegadas garantias afinal não estão assim tão... garantidas. "A UCI gostaria de clarificar que o presidente da UCI não está numa posição de decidir quando deve começar uma potencial suspensão por uma qualquer violação anti-doping e se os resultados obtidos antes do início da suspensão devem ser anulados ou mantidos", lê-se num twit, escrito na conta @UCI_media (ver em baixo). A questão é que o caso é analisado no Tribunal Anti-doping, que, estando englobado na UCI é, no entanto, um órgão independente.

De recordar que o salbutamol é uma substância permitida até determinado limite. Froome acusou o dobro do permitido na Vuelta. Visto não ser uma substância proibida (é utilizada por asmáticos), o ciclista não foi suspenso provisoriamente, mas caso não consiga provar que não tomou o correspondente aos valores que surgiram nos testes, pode ser sancionado. Em situações idênticas - e Alberto Contador é exemplo disso, ainda que tenha sido por outra substância, o clembuterol - o ciclista vê todos os resultados desde a corrida em que foi detectada a ilegalidade serem anulados. Para Froome significaria não só a perda da Vuelta, como também ficaria sem a medalha de bronze no contra-relógio nos Mundiais, que passaria para o português Nelson Oliveira (Movistar). Também todas as outras classificações nas corridas que tem feito seriam anuladas.

A Volta a Itália começa esta sexta-feira e mesmo com as atenções a estarem maioritariamente na estrada, será difícil não pensar se o que Froome está a fazer irá de facto contar.

O britânico mantém-se firme em dizer que não fez nada de errado e que o caso era suposto ser confidencial. Defende-se com as regras que o permitem competir e nas declarações antes do arranque da primeira grande volta do ano, Froome tentou desviar o assunto para a parte competitiva. Salientou o quanto se sente feliz por regressar a Itália, onde tudo começou nas competições de três semanas ao serviço da Sky, mas agora como candidato a vencê-la. Em 2010, na sua segunda participação e a primeira pela actual equipa, Froome foi excluído depois de se ter agarrado a uma moto. 

O seu rival, Tom Dumoulin, também foi questionado sobre o processo salbutamol. O holandês afirmou que não estaria no Giro, até porque a Sunweb faz parte do Movimento por um Ciclismo Credível, o que faria com que nem tivesse escolha. A Sky não faz parte deste grupo, pois considera que as suas regras até são mais exigentes.

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