22 de janeiro de 2017

Volta a San Juan e o início de um Rui Costa de ambição renovada

Rui Costa e a sua equipa em San Juan (Fotografia: Twitter UAE Abu Dhabi)
Em 2013 Rui Costa chegou ao topo. Sagrou-se campeão do mundo. Nunca um português o havia feito. Reivindicou o direito de ser líder de uma equipa World Tour, com o grande objectivo de ir mais longe na Volta a França, onde somava três etapas, duas nesse ano. Trocou a Movistar pela Lampre-Merida, mas não alcançou o sucesso desejado. Em 2014 conquistou a sua terceira Volta a Suíça, no ano seguinte foi campeão nacional, mas em 2016 bem lutou, mas não somou qualquer vitória. Aos 30 anos e agora na UAE Abu Dhabi - sucessora da Lampre - Rui Costa aparece em 2017 com ambição renovada e com novos objectivos, a começar pela estreia na Volta a Itália.

Rui Costa sempre foi um lutador. Mesmo numa Lampre que nunca lhe deu a equipa que precisava para alcançar o ambicionado top dez no Tour, o ciclista português nunca virou a cara a um desafio, fosse na Volta a França, fosse noutra prova que pretendesse ganhar, mesmo sem o apoio necessário de alguns colegas. Na UAE Abu Dhabi a responsabilidade continua a ser grande. Afinal é um dos líderes. Porém, com o sul-africano Louis Meintjes a afirmar-se como a principal aposta para o Tour, Rui Costa inicia uma nova fase na carreira e começar por um país onde nunca competiu. "Não conheço a Argentina, nem a Volta a San Juan, no entanto, temos uma equipa para lutar pela vitória. Não fiz muitos treinos, mas vou dar tudo [na corrida]", afirmou o ciclista português.

Ainda não se sabe se a mudança de calendário poderá ser tão radical ao ponto de não ir ao Tour. Porém, em 2017 fará a estreia no Giro do centenário. Será que também irá à Volta à Espanha? Confirmadas estão a corridas que fará até ao Giro d'Italia: depois de San Juan irá para Omã, Abu Dhabi - paragem obrigatória dada a equipa em que está -, o Tirreno-Adriatico antecede a fase das Ardenas, com Amstel Gold Race, Flèche Wallonne e o monumento Liège-Bastogne-Liège, clássica em que ficou em terceiro no ano passado. Em San Juan, Rui Costa terá a companhia de John Darwin Atapuma, Filippo Ganna, Andrea Guardini, Oliviero Troia e Przemyslaw Niemiec.

Grandes nomes num inesperado ano de crescimento

Com o cancelamento da Volta a San Luis, que nos últimos anos tinha sido destino de alguns ciclistas para começar a temporada - casos de Nairo Quintana e Alberto Contador, por exemplo -, em San Juan aproveitou-se para dar mais relevância a uma corrida com 34 anos de história muito local. Conhecida como sendo uma corrida do povo dado o intenso apoio do público argentino de San Juan, em 2017 a corrida subiu de escalão, com a UCI a atribuir a categoria de 2.1. Em mais de 30 anos, só por uma vez um ciclista argentino não ganhou. O chileno Víctor Caro conquistou a segunda edição. Desde então tem sido o domínio dos corredores da casa.

No entanto, tudo poderá estar a mudar na Volta a San Juan (de 23 a 29 de Janeiro). Sobe de escalão, logo de importância, chama a atenção de quatro equipas do World Tour - Bahrain-Merida, Trek-Segafredo, Quick-Step Floors e UAE Abu Dhabi -, de dois campeões do mundo - além de Rui Costa, estará também Tom Boonen -, de um ciclista que já venceu as três grandes voltas - Vincenzo Nibali -  e de outros grandes nomes como Elia Viviani, Damiano Cunego e Bauke Mollema (veja aqui a lista de inscritos).

Quanto a portugueses, além de Rui Costa, a Volta a San Juan contará com Rafael Reis, que fará a sua estreia pela Caja Rural e logo com a ambição de se mostrar no contra-relógio da terceira etapa.

Serão sete dias, 889 quilómetros em San Juan, numa corrida que permite algo pouco visto. As equipas podem ficar no mesmo hotel durante toda a competição. A etapa que poderá decidir a geral realiza-se sexta-feira, com a chegada ao Alto Colorado, a 2565 metros de altitude. Será uma corrida com bonificações de dez, seis e quatro segundos para os primeiros classificados de cada etapa.


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