10 de janeiro de 2017

Contador quebra o silêncio sobre Oleg Tinkov: "Tinha muito dinheiro, comprou a equipa, mas não soube geri-la"

(Fotografia: Facebook de Alberto Contador)
Em Outubro Oleg Tinkov deu uma entrevista na qual atacou Alberto Contador. O espanhol pouco tem falado publicamente desde o final da temporada e nunca reagiu às declarações do seu antigo patrão na Tinkoff. Agora que já prepara a época na Trek-Segafredo, o espanhol falou sobre o magnata russo, evitando alimentar grandes polémicas, mas também não se coibiu de acusar Tinkov de não ter sabido gerir a equipa depois de ter despedido Bjarne Riis.

Recordando as palavras de Tinkov. O russo disse numa entrevista ao Cycling News que não gostava de Contador, o que talvez tenha sido a declaração mais simpática: "Respeito-o como ciclista pelo passado que tem, mas como pessoa nunca me agradou. Não gosto dele. Mesmo na equipa, a maioria dos ciclistas não gosta dele. Ele acabou por ter uma má relação com quase toda a gente, exceptuando o seu grupinho espanhol." E continuou a criticar o ciclista: "Pessoalmente penso que o Alberto devia deixar o ciclismo porque ele já não é tão forte. Eu deixo de ser dono de uma equipa no momento certo, no topo. Ele é um grande campeão e devia parar já. Penso que ele vai ser como um pato coxo. Ele vai parecer um estúpido. Na Vuelta ele foi deixado para trás pelos quatro ou cinco melhores ciclistas. No próximo ano vai ser pelos melhores 20. Acho que nunca mais vai ganhar uma grande volta. Ele devia esquecer isso e abandonar."


Ainda afirmou que o espanhol era uma "pessoa triste". "Nunca quer beber champanhe e está sempre com cuidado com o que come porque está focado em ganhar a Volta a França em Julho. Era assim que ele era em Novembro, em Moscovo. É uma atitude estúpida", salientou.

Demorou, mas chegou a resposta de Alberto Contador que começou por dizer na Cadena Ser: "Ensinaram-me vários valores, entre eles o ter o respeito que as pessoas merecem ter." E salientou: "O champanhe bebo com os amigos, não com ele." O ciclista espanhol disse que não ficou afectado pelas palavras de Tinkov e recordou que quando Riis foi despedido pelo magnata que sabia que tudo seria diferente. "O principal problema foi quando renovei em 2014 e quatro dias depois destituíram o fundador da equipa, Bjarne Riis. A partir desse momento sabia que tudo mudaria e assim foi. Não havia um líder na equipa para gerir um grupo de 70 pessoas", realçou Contador, que foi mais longe: "Tinha muito dinheiro, comprou a equipa, mas não soube geri-la, pois são necessárias uma série de capacidades que Bjarne Riis tinha e ele não."

Contador disse mesmo que Riis tinha sido a razão pela qual tinha ido para a equipa. No entanto, o ciclista quer deixar para trás o que viveu na Tinkoff e concentrar-se na nova equipa. "Foi uma parte da minha carreira desportiva, mas terminou. Não vou perder energia em responder-lhe", afirmou.

Quanto a 2017, está muito satisfeito na Trek-Segafredo e está focado em lutar pela vitória na Volta a França e "desfrutar da corrida". E deixou uma mensagem para os fãs: "Gostaria de lhes dar uma última alegria. Eles são uma razão para continuar [no ciclismo]." A expressão "última alegria" volta a lançar algumas suspeitas que Contador poderá mesmo estar a ponderar terminar a carreira caso consiga a muito desejada terceira vitória no Tour, apesar de ter assinado por dois anos pela equipa americana.

Alberto Contador recordou ainda a acusação de doping, no caso que ficou conhecido como "bife à Contador", e que lhe custou um triunfo no Tour (2010) e também no Giro (competiu enquanto esperava pela decisão, tendo vencido a Volta a Itália em 2011, mas quando foi conhecida a sanção todos os resultados que tinha desde o Tour foram anulados). "Foi uma injustiça. É impossível esquecer. O dano que me provocou e às pessoas mais próximas, vai estar sempre ali. Não o desejo nem ao meu pior inimigo", admitiu.

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