11 de janeiro de 2017

Sky "obrigada" a escolher liderança partilhada na Volta a Itália

Geraint Thomas e Mikel Landa são as apostas da Sky para o Giro
Mikel Landa foi contratado pela Sky para ser o líder da equipa na Volta a Itália e eventualmente na Vuelta, ficando neste caso dependente do que Chris Froome quisesse fazer. No entanto, com uma Sky a ajudá-lo, o ciclista espanhol foi uma desilusão tanto no Giro, como na temporada em geral. Venceu o Giro del Trentino, mas na competição que tinha de comprovar a sua contratação, rapidamente começou a claudicar e abandonou na 10ª etapa, alegadamente devido a uma gastroenterite. Foi depois ao Tour com o papel de ajudar Froome, mas não era isso que a Sky inicialmente queria de Landa. Em 2017, o espanhol terá nova oportunidade, mas não será aposta única, pois Geraint Thomas já reclamava também uma liderança numa grande volta e pelo que tem feito na Sky, a equipa não podia esperar mais, se quer garantir a renovação de contrato, já que o ciclista está no último ano do seu vínculo com a formação.

A imagem de marca da Sky é ter um líder e uma equipa forte e unida em seu redor. É assim que tem dominado a Volta a França, tendo vencido quatro das últimas cinco edições. No entanto, há pelos menos dois anos que a equipa tem demonstrado vontade de conquistar uma outra grande volta. Tentou o Giro com Richie Porte, mas mais ou menos tudo o que podia correr mal ao australiano, correu. Depois com Landa também não resultou. Na Vuelta, Froome parecia estar a caminho da vitória, até que Nairo Quintana mostrou que a Sky não é perfeita.

As lideranças partilhadas têm uma tendência para não resultar muito bem. Divide a equipa e pode criar confusão quando algum líder eventualmente fraqueja numa etapa, por exemplo. No entanto, a Sky não tinha grande alternativa. Passar Landa (27 anos) para segundo plano, ou seja, um gregário que quanto muito teria autorização para tentar ganhar uma etapa, seria admitir que não confiava mais no espanhol contratado à Astana. Porém, deixar Geraint Thomas novamente como gregário era a mesma coisa que abrir a porta de saída para o britânico. Thomas tem sido um leal trabalhador, primeiro para Bradley Wiggins e depois para Chris Froome.

Aos 30 anos, Thomas já disse que quer tentar ser líder para quando acabar a carreira não ficar com a sensação de arrependimento, de que ficou algo por fazer enquanto foi ciclista. No Tour Froome é rei e na Vuelta é provável que volte a tentar ganhá-la este ano. Só sobra o Giro e a Sky foi quase que obrigada a optar pela liderança partilhada para satisfazer as pretensões de todos. Ou quase. É que Wout Poels (29 anos) também queria a oportunidade de liderar a equipa, mas terá de esperar e voltará a estar ao lado de Froome, ainda que o devemos ver nas clássicas, nomeadamente na Liège-Bastogne-Liège, que venceu em 2016, dando o primeiro monumento à Sky.

Mas voltando a Geraint Thomas. O britânico teve nos últimos dois anos oportunidades para se mostrar além do seu habitual papel de gregário. Tanto em provas de um dia, mas principalmente em corridas por etapas. E Thomas aproveitou bem essas apostas da equipa, destacando-se as duas vitórias na Volta ao Algarve e o Paris-Nice no ano passado. Em final de contrato, a Sky quer evitar ver fugir mais um bom ciclista, como aconteceu com Richie Porte.

Landa deixou dúvidas sobre a sua capacidade de liderança. Qualidade e talento não lhe faltam, mas em 2017 tem de demonstrar que pode assumir a responsabilidade que levou a Sky a abrir os cordões à bolsa para o contratar. Thomas é uma incógnita como líder numa volta de três semanas, mas também não se pode negar que já mostrou que poderá ser uma boa aposta da Sky. A maior dúvida acaba por ser se a equipa vai funcionar com dois líderes. É mais um motivo de interesse numa 100ª edição da Volta a Itália que promete espectáculo.

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