26 de janeiro de 2017

Os dados que indicam que Quintana pode atacar o Tour "numa forma perfeita", mesmo depois de fazer o Giro

Quintana (à direita) ao lado do outro líder da equipa, Valverde, durante
a apresentação da Movistar em Madrid (Fotografia: Facebook Movistar)
"Não fazemos as coisas só por fazer." Foi assim que Eusebio Unzué respondeu quando questionado pela mudança de calendário de Nairo Quintana, que este ano vai tentar a "dobradinha" Giro/Tour que tanto parece assustar os principais ciclistas: desde 1998 que ninguém consegue vencer as duas corridas no mesmo ano e poucos o tentaram. O director desportivo da Movistar explicou que a decisão foi tomada depois de uma análise cuidada aos dados de Nairo Quintana. Estes indicam que o colombiano está melhor na segunda grande volta do ano que faz do que na primeira.

Se estivermos a falar do ano passado, então é um facto. Quintana não esteve bem no Tour - a equipa justificou que o ciclista sofreu de alergias - e depois apareceu na Vuelta em grande forma e venceu a corrida. Já em 2015, foi segundo em França e quarto em Espanha. Porém, não existem dados que comparem a performance de Giro e Tour, pois quando em 2014 esteve na Volta a Itália, que venceu, não foi ao Tour, mas sim à Vuelta. Parecia que estava a caminho da vitória quando caiu no contra-relógio e acabou por abandonar.

Mas voltemos às declarações de Eusebio Unzué, feitas na apresentação da Movistar: "Temos dados técnicos que nos permitem pensar que o Nairo pode estar bem nas duas voltas e a história diz que na segunda grande corrida da época ele está melhor do que na primeira." Unzué disse mesmo que se Quintana terminar bem o Giro poderá atacar o Tour "numa forma perfeita".

No entanto, há outros dados que Unzué também destacou. Digamos que são uma espécie de dados históricos pessoais do director desportivo: quatro das sete vitórias que celebrou no Tour aconteceram depois dos ciclistas em causa terem feito o Giro, nomeadamente Pedro Delgado e Miguel Indurain. Este último conseguiu mesmo a "dobradinha" por duas vezes. Porém, como o próprio Unzué referiu, eram outros tempos.

A preparação de Nairo Quintana será feita com grande atenção ao "tempo de descanso", isto não, fora da competição. O responsável da Movistar explicou que entre o final da Vuelta (11 de Setembro) e o início do Tour (1 de Julho), o colombiano terá cumprido 40 dias em competição, 21 dos quais no Giro, se tudo correr como o previsto. "Ele não estará cansado, mesmo que o Giro certamente provoque algum desgaste", afirmou.

Já Nairo Quintana voltou a recordar como em 2016 conseguiu estar bem na Vuelta depois de ter feito o Tour, mas salientou que apesar de ir tentar quebrar o enguiço de dura desde 1998, quando Marco Pantani venceu o Giro e o Tour, o principal objectivo será sempre a Volta a França. "A minha disposição será mais tranquila, mesmo durante a preparação [para o Giro]", explicou. No entanto, garantiu que não estará na centésima edição da Volta a Itália apenas para treinar.

Quanto ao seu grande rival, Chris Froome, Quintana disse que não foi "um alívio" vencer o britânico na Vuelta, mas sim um prémio para o seu trabalho e da Movistar durante o ano. O colombiano referiu ainda que não é inferior a Froome, considerando que a diferença é que o britânico "está no pico da sua carreira", enquanto ele ainda está a evoluir.

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