8 de janeiro de 2017

O adeus de um dos patrocinadores mais antigos. É o fim das camisolas rosas no pelotão

(Fotografia: Facebook Lampre-Merida)
As suas camisolas cor-de-rosa tornaram-se famosas. Primeiro porque os seus ciclistas se diferenciavam facilmente no pelotão, segundo porque a Lampre tornou-se numa equipa de referência em Itália, conquistando várias vitórias importantes, muitas delas precisamente com ciclistas do país. A empresa que se dedica ao trabalho com aço confirmou aquilo que já se tinha percebido quando foi apresentado o equipamento da UAE Abu Dhabi (que ficou com a estrutura da formação transalpina): a Lampre abandona o ciclismo.

"A nossa prioridade sempre foi salvaguardar o grupo de profissionais que têm representado o nosso nome nas estradas em todo o mundo, há muitos anos. Por isso, congratulamos a direcção da equipa por ter concluído com sucesso as negociações que levaram à criação da equipa do World Tour UAE Abu Dhabi, que desejamos que tenha muito sucesso", afirmou o presidente da Lampre, Emanuele Gabusera, através de um comunicado. O dirigente explicou ainda que depois do projecto da chinesa TJ Sport não ter avançado, a Lampre afastou-se das negociações que foram posteriormente feitas para assegurar um patrocinador.

Na quarta-feira (4 de Janeiro) a UAE Abu Dhabi apresentou-se oficialmente e agora a Lampre informou o director da equipa, Giuseppe Saronni, que não irá continuar ligada à estrutura. A notícia não surpreendeu, pois mesmo quando ainda se falava do projecto TJ Sport, já a Lampre deixava no ar a possibilidade de não manter o seu patrocínio. É o fim de uma longa ligação de um nome que fazia parte do ciclismo.

Um pouco de história

A Lampre apareceu no ciclismo pela primeira vez em 1991, quando se juntou à Colnago. No ano seguinte já aparecia como principal patrocinador e até 1995 mudou de parceiro duas vezes, primeiro para a Polti depois para a Panaria. A empresa só regressaria em 1999 e desta vez para ficar... até 2016. Durante esse tempo só em três anos aguentou como única patrocinadora a equipa que sempre teve como espinha dorsal ciclistas italianos.

Gilberto Simoni foi um dos grandes nomes. Venceu uma Volta a Itália pela equipa e outra quando se chamava Saeco. Conquistou ainda oito etapas e uma no Tour. Mariano Piccoli ganhou tiradas no Giro e na Vuelta. Alessandro Ballan conquistou um campeonato do mundo, Damiano Cunego venceu uma Amstel Gold Race, duas etapas na Vuelta, dois Giro di Lombardia (e um terceiro em 2004, no melhor ano da carreira, pois conquistou também a Volta a Itália, mas a equipa era a Saeco). A Lampre teve ainda nas suas fileiras durante quatro anos um dos melhores sprinters, Alessandro Petacchi. Michele Scarponi foi uma das últimas grandes figuras. Contratado em 2011, acabaria por conquistar a Volta a Itália, ainda que tenha beneficiado da desclassificação de Alberto Contador. Actualmente Sacha Modolo, mas principalmente Diego Ulissi eram os italianos que mais vitórias davam à equipa.

Entre os estrangeiros destacaram-se o belga Ludo Dierckxsens, o sul-africano Robbie Hunter, o checo Jan Svorada e também dois portugueses deixaram a sua marca. Nelson Oliveira conquistou uma etapa na Volta a Espanha em 2015 e Rui Costa foi o líder da equipa no Tour, vestiu a camisola do arco-íris em 2014 (ainda que tenha sido conquistada enquanto ciclista da Movistar) e venceu uma das suas três Voltas à Suíça pela Lampre.

Será estranho não ver as camisolas em tons de rosa no pelotão, mas para os italianos será anda mais estranho não ter nenhuma equipa do seu país no World Tour.

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