13 de janeiro de 2017

Alteração de regras ameaça as novas corridas do calendário World Tour

A Volta à Califórnia é uma das novas provas no calendário World Tour. Tem seduzido
algumas equipas do principal escalão, mas agora terá de garantir pelo menos dez
(Fotografia: Facebook Volta à Califórnia)
A inclusão de 11 novas provas no calendário World Tour foi motivo de orgulho para a UCI, uma dor de cabeça para as equipas e agora poderá tornar-se num inferno para os organizadores dessas corridas. A União Ciclista Internacional revelou um conjunto de regras que certamente deixou muitos surpreendidos e a fazer contas, pois algumas das competições estão já com um futuro incerto e poderão não durar mais do que dois anos no principal calendário.

Após o anúncio do aumento brutal do número de corridas World Tour, as equipas do principal escalão não gostaram, o que levou a UCI a tornar opcional a presença nas novas competições. Esta regra mantém-se, mas os organizadores vão ter de fazer tudo por tudo para seduzir as formações. É que a partir de agora se uma das novas provas não tiver no mínimo dez equipas World Tour em dois anos consecutivos, imediatamente deixará de fazer parte do calendário, baixando de nível.

Em causa estão as corridas Cadel Evans Great Ocean Road Race (Austrália), Volta a Abu Dhabi, Omloop Het Nieuwsblad (Bélgica), Strade Bianche (Itália), Dwars Door Vlaanderen / A travers la Flandre (Bélgica), Volta à Turquia, Eschborn-Frankfurt (Alemanha), Volta à Califórna, RideLondon-Surrey Classic (Grã-Bretanha) e Volta a Guangxi (China). A Volta ao Qatar foi entretanto cancelada por falta de patrocinadores.

A maioria das competições na Europa não deverão ter grandes problemas, com a provável excepção da Volta à Turquia. Em 2016 a corrida de uma semana - ganha pelo português José Gonçalves - contou apenas com duas equipas do World Tour: a Lampre-Merida e a Lotto Soudal. Em 2015 tinham sido seis e no ano antes oito. Os problemas de segurança que se vive no país certamente pesam na decisão das equipas, até porque a Volta à Turquia foi uma das competições muito elogiada nos últimos anos, mas claramente não inspirou confiança no ano passado.

Já a Volta a Guangxi marca o regresso da China ao calendário World Tour depois de uma passagem sem sucesso da Volta a Pequim. Foram quatro edições sempre criticadas por obrigar as equipas a ter de fazer uma longa viagem na fase final da temporada, além de ter aquele desolador cenário de não haver público a assistir às etapas. Em Pequim, a presença era obrigatória, em Guangxi não será e também está colocada no final da época.

Cadel Evans Great Ocean Road Race também poderia ter problemas pelo facto de ser na Austrália. Mas a corrida, com o nome do ciclista que venceu a Volta a França em 2011 (feito inédito e até agora único para um australiano), beneficia por estar no início da temporada e logo a seguir ao Tour Down Under, onde a presença das equipas World Tour é obrigatória.

A Volta a Abu Dhabi e a Volta a Califórnia não deverão ter grandes preocupações. Apesar das deslocações, têm nos últimos anos atraído algumas equipas World Tour. Agora é garantir que conseguem pelo menos dez.

As organizações das novas corridas são obrigadas a convidar todas as equipas do World Tour e só depois de saberem as respostas é que podem preencher as vagas que ficarem livres pela não presença de uma formação do principal escalão.

Relativamente à Volta a Califórnia, estava a ser feita alguma pressão de equipas americanas do escalão Continental para que formações deste nível pudessem participar em provas World Tour. Um dos objectivos era precisamente ter a possibilidade de estar naquela que é neste momento a corrida mais popular nos EUA. No entanto, a UCI não irá mexer nessa regra.

Quanto ao polémico sistema de descidas e subidas de escalão, a UCI anunciou que as actuais equipas do World Tour serão as mesmas em 2017 (esta parte já se sabia) e as que se candidatarem em 2018 também deverão todas ser aceitas, desde que respeitem os parâmetros exigidos. No entanto, em 2019 começará o corte acordado entre a UCI e a ASO, empresa organizadora de corridas como a Volta a França e o Paris-Roubaix. O objectivo é que existam 16 equipas. Caso apenas se candidatem 16, então não haverá problemas. Serão essas a receber as licenças, mais uma vez, se respeitarem as exigências. Se houver mais de 16, as piores classificadas no ranking ficam de fora.

A partir de 2018, uma equipa que queira entrar pela primeira vez no principal escalão terá a vida muito mais complicada. É que a nível de pontuação dos ciclistas, só serão contabilizados os cinco melhores.

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