28 de setembro de 2018

Nuns Mundiais marcados pelas subidas, a vitória foi decidida a descer

(Fotografia: © BettiniPhoto/Facebook Mundiais de Innsbruck-Tirol)
Muito se espera de subidas, dos ataques durante estas dificuldades, de quem quebra, de quem se destaca. Mas até é bastante normal ver as descidas serem tão decisivas quanto as subidas (que o diga Chris Froome no último Giro). Em Innsbruck muito se fala da dificuldade dos percursos, mas houve um suíço que esperou pela descida final para desferir o ataque que decidiu a corrida. Marc Hirschi é mais um ciclista a juntar o título mundial ao europeu, tal como fez Remco Evenepoel em juniores. O suíço pode não ter realizado uma exibição tão marcante como o belga (tão cedo não se assistirá a algo igual), mas Hirschi fez uma excelente corrida, tal como toda a sua selecção. A Suíça foi tacticamente perfeita e saiu de Innsbruck com um título mundial de sub-23, que nunca havia conquistado.

Depois de um ano a evoluir na equipa de formação da Sunweb, Marc Hirschi (20 anos) já sabe que tem lugar garantido na estrutura principal em 2019. Conquistar o título europeu e mundial é uma boa forma de se apresentar ao colegas. Quando as principais movimentações começaram, já dentro do circuito final, a Suíça colocou quatro dos seus seis ciclistas na frente da corrida.

Esta aposta condicionou todas as outras selecções. Rússia e Bélgica foram das que mais trabalharam, com a Itália a ajudar, mas por pouco tempo. Tal como na corrida de juniores, os italianos preferiram atacar sozinhos do que unirem-se em torno de um objectivo comum. O trabalho da Bélgica permitiu que Bjorg Lambrecht (ciclista da Lotto Soudal e mais um apelidado de novo Merckx) conseguisse ir para a frente, ficando com Hirschi e um surpreendente finlandês. Jaakko Hänninen escolheu o palco perfeito para sair do anonimato.

Lambrecht atacou, contra-atacou, refilou com os companheiros de ocasião por considerar que não ajudavam o suficiente, mas nunca conseguiu deixá-los para trás. Hirschi foi frio. Pouco ajudou na fuga, passando apenas por meros segundos na frente. São atitudes por vezes pouco apreciadas, mas o suíço optou por se poupar e, com a lição bem estudada, foi na descida final, algo técnica, que acelerou e nunca mais ninguém o apanhou. Ganhou com 15 segundos de vantagem sobre Lambrecht que, com muita dificuldade, bateu ao sprint a surpresa vinda da Finlândia.

As desilusões

A grande desilusão chama-se Colômbia, principalmente Ivan Sosa. O ciclista da Androni Giocattoli-Sidermec foi uma das revelações da temporada e aos 20 anos já assinou contrato com a Trek-Segafredo. O percurso montanhoso de 174,3 quilómetros parecia assentar tão bem a Sosa, mas nem terminou a corrida.

Depois há Portugal. Simplesmente, não correu bem. "Foi uma prestação que ficou aquém das expectativas e muito longe do valor que estes corredores já demonstraram no passado. A verdade é que, no momento decisivo da corrida, não fomos capazes de nos mantermos junto dos melhores", afirmou o seleccionador José Poeira, citado pela Federação Portuguesa de Ciclismo.

O melhor foi o estreante Gonçalo Carvalho. E que boa corrida fez o ciclista do Miranda-Mortágua. Esteve muito bem na protecção a João Almeida, sempre perto do ciclista que aspirava a um bom resultado em Innsbruck. André Carvalho também se mostrou, só com Tiago Antunes a sentir-se "vazio" logo no início do circuito final, tendo abandonado. No entanto, a colocação no pelotão foi um elemento chave. Na penúltima subida a Patscherkofels, quando se deu a movimentação mais importante, o trio descolou.

Gonçalo Carvalho terminou na 38º posição a 5:41 minutos do vencedor. Seguiu-se André Carvalho foi 51º, a 9:27 e João Almeida 78º, a 19:25 (resultados completos da corrida de sub-23 neste link).

Este sábado, as senhoras vão disputar o título mundial nos 156,2 quilómetros entre Kufstein-Innsbruck. A holandesa Chantal Blaak vai tentar defender a camisola do arco-íris que conquistou há um ano e assim imitar a compatriota Annemiek van Vleuten, que se sagrou bicampeã de contra-relógio. Não haverá ciclistas portuguesas na prova.


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