6 de maio de 2017

Greipel em máxima potência já tem a sua maglia rosa

Greipel já tem a sua maglia rosa (Fotografia. Giro d'Italia)
Não foi à primeira, foi à segunda. André Greipel conseguiu a maglia rosa que tanto ambicionava, cumprindo assim um dos objectivos da temporada, além de vencer mais uma etapa na Volta a Itália. E já lá vão sete. É preciso recuar oito anos para ver Greipel com a camisola da liderança numa grande volta, tendo-a vestido na Vuelta. Por isso, compreende-se a vontade que tinha em ter a camisola rosa, num ano em que a corrida italiana não começou com um contra-relógio - que normalmente dificulta esse plano aos sprinters - e claro, é o Giro100. Mais uma estatística e esta é bem impressionante: desde 2008 que Greipel vence pelo menos uma etapa numa grande volta.

Na sexta-feira, o alemão da Lotto Soudal viu Lukas Pöstlberger escapar no último 1,5 quilómetro, mas mostrou ser um bom perdedor, elogiando a forma com o austríaco aproveitou a situação para viver um momento histórico para ele, para a Bora-Hansgrohe e para o seu país. Desta vez as equipas dos sprinters não se deixaram surpreender e quando se viu um camisola rosa chegar-se à frente, rapidamente a Orica-Scott tratou de colocar Pöstlberger um pouco mais para trás, ainda que o austríaco estivesse a tentar colocar Sam Bennet. Mas compreende-se a urgência da equipa australiana, na primeira etapa também foi na tentativa de colocar o seu sprinter que Pöstlberger acabou por ganhar uma pequena, mas valiosa vantagem.
Momento do sprint (Fotografia: Giro d'Italia)

Porém, o trabalho da Orica-Scott ficou estragado quando Caleb Ewan viu o pé sair do encaixe do pedal, no momento em que disputava o sprint com Fernando Gaviria (Quick-Step Floors). Greipel arrancou de trás e arrumou com a concorrência ao colocar em acção toda a sua conhecida potência, atingindo uma velocidade de 68,8 quilómetros/hora.

Tanto Ewan como Greipel sabiam que podiam chegar à liderança, pois ontem foram segundo e terceiro, respectivamente, tendo bonificado. Se Pöstlberger não ficasse os três primeiros, como era expectável, um deles ficava com a maglia rosa. O azar deixou Ewan devastado, mas ainda assim confiante que poderá vencer uma etapa, apesar das oportunidades não serem muitas.

O segundo dia do Giro100, entre Olbia e Tortolì, foi mais uma maratona acima dos 200 quilómetros (mais precisamente 221). Os sprinters lá sobreviveram à subida de segunda categoria, uns melhores do que outros, e conseguiram discutir a etapa. No entanto, uma das figuras do dia voltou a ser Daniel Teklehaimanot. O ciclista da Eritreia já ontem tinha tentado ser líder ou da classificação da montanha ou por pontos, mas não conseguiu nenhuma. Hoje atacou na subida a Genna Silana e apesar da resposta de Cesare Benedetti, então o dono da camisola azul, o homem da Dimension Data conseguiu a liderança por que tanto lutou. Isto significa que a Bora-Hansgrohe depois de começar o Giro com as camisolas todas, agora ficou só com a branca, da liderança da juventude.

E uma palavra para Pöstlberger. O jovem austríaco sabia que estava a viver um dia único (bom, certamente que espera alcançar mais vitórias, mas a da primeira etapa no Giro, por tudo o que significou, será única) e soube aproveitar muito bem o momento. Na referida subida chegou inclusivamente a tentar responder ao ataque, como um verdadeiro líder. Não conseguiu aguentar o ritmo, mas foi bonito de se ver. Contudo, comprovando que apesar de vestido de rosa sabia perfeitamente a sua função, voltou a tentar colocar Sam Bennett no sprint. Quantas vezes vemos um líder de uma grande volta fazer isso? Depois do momento de glória, chegou a altura de se perceber como irá Pöstlberger evoluir no futuro próximo e tirar partido do que viveu, algo que foi verdadeiramente especial.


Giro d'Italia - Stage 2 - Highlights por giroditalia


Quando aos portugueses, Rui Costa (UAE Team Emirates) foi 10º e José Mendes (Bora-Hansgrohe) 77º, ambos com o mesmo tempo de André Greipel. Já José Gonçalves teve um dia mais difícil porque o seu líder, Ilnur Zakarin, teve um problema mecânico já perto do final da etapa. Trocou de bicicleta e foi obrigado a uma recuperação, na qual participou praticamente toda a Katusha-Alpecin. No entanto, o russo torna-se no segundo candidato a perder tempo, pois cortou a meta 20 segundos depois de Greipel. Ontem tinha sido Steven Kruijswijk (Lotto-Jumbo) a deixar escapar 13 segundos.

E se este sábado os sprinters sobreviveram a uma dificuldade que poderia ter proporcionado outro desfecho, no domingo é dia para eles (se não se deixarem surpreender novamente, claro). A etapa será bem mais curta, com 148 quilómetros entre Tortolì-Cagliari, naquela que será a despedida da Sardenha. Apenas há uma quarta categoria para ser ultrapassada, pelo que é possível que seja uma etapa rápida, antes do primeiro dia de descanso.



De recordar que este ano, devido a esta passagem pela Sardenha, a organização mudou o calendário. A corrida começou na sexta-feira e terá três dias de descanso, sempre às segundas-feiras. Na terça-feira, o pelotão estará na outra ilha, da Sicília, terra de Vincenzo Nibali. Será a primeira chegada em alto do Giro com o Etna à espera de ver se alguém quer fazer desde já algumas diferenças.

Veja aqui os resultados e classificações após a segunda etapa do Giro100.

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