20 de maio de 2017

Teste a Dumoulin? Afinal os rivais é que foram testados... e chumbaram todos

(Fotografia: Giro d'Italia)
Há dias em que sabemos que assistimos a um pedaço de história. Este sábado foi um deles. Ganhe ou não a Volta a Itália, o que Tom Dumoulin fez na 14ª etapa foi digno de um campeão. Digno de o fazer sonhar que pode estar a caminho de se tornar num dos grandes ciclistas da actualidade. Digno de o colocar no caminho de grandes feitos. 

Em 1999, Oropa tornou-se o santuário de Marco Pantani. Naquela mesma subida em que hoje Dumoulin "destruiu" toda a concorrência, Pantani realizou uma das mais memoráveis recuperações. Foi em 1999. A corrente bloqueou antes da subida. Para ganhar teve de ultrapassar 49 ciclistas! Parecia que ia de moto! Brilhante! Seria a sua última grande exibição, numa carreira que entrou em espiral descendente, ao ser afastado devido ao um controlo positivo de doping antes da última etapa do Giro que se preparava para ganhar. Para Dumoulin pode muito bem ter tido a sua primeira brilhante exibição numa etapa de montanha. Oropa será a partir de agora também um pouco dele. A ver vamos se consegue rematar com uma vitória na Volta a Itália.

Num dia em que se esperava ver Tom Dumoulin e a Sunweb serem testados, foi afinal o holandês quem testou a concorrência. E chumbaram todos. Até Nairo Quintana, a quem fica a consolação de ter sido o único que ainda tentou deixar Dumoulin para trás, mas o próprio admitiu que o rival é o mais forte neste momento. O colombiano da Movistar perdeu 14 segundos em poucos metros, Thibaut Pinot (FDJ) 35, Vincenzo Nibali (Bahrain-Merida) foi um dos grandes derrotados do dia com mais 43 segundos perdidos. A estes tempos juntam-se os dez segundos de bonificação que Dumoulin somou pela vitória na etapa. O que é que isto significa? Que a sete etapas do fim da Volta a Itália, só Nairo Quintana tem menos de três minutos para o lider (2:47).

Além de Nibali, Bauke Mollema (Trek-Segrafredo) foi o outro derrotado. Mais uma vez o holandês começa bem, mas acaba por dar um trambolhão na classificação. Do terceiro lugar, passou para sexto, a 4:32 de Dumoulin. Voltando ao italiano, Nibali fez tudo no final da etapa para fugir aos jornalistas. Lá acabou por falar. Não desiste, dizendo que teve um mau dia, mas já são 3:40 minutos. No ano passado fez o impossível ao ganhar o Giro, ainda que com uma ajuda da queda de Steven Kruijswijk, mas começa a parecer uma desvantagem demasiado grande para quem só tem demonstrado debilidades nas subidas que até agora tivemos no Giro.

Foi uma lição de Tom Dumoulin. Ele que por momentos até parecia que estava a ficar para trás. Mal colocado, deixava a Movistar tomar conta das operações. Quintana atacou e Dumoulin manteve o seu ritmo. Quando foi na perseguição, foi impressionante! O colombiano bem tentava "largar" o holandês, mas este não o perdia de vista. Apanhou-o e deixou-o mesmo para trás, nuns últimos metros, nos quais só Ilnur Zakarin (Katusha-Alpecin) e Mikel Landa (Sky) acompanharam, mas sem pernas para o bater na meta.


O pior da corrida ainda está para vir na próxima semana. O pior, leia-se o mais difícil. Para quem está a assistir ao Giro, é caso para dizer que o melhor ainda está para vir. Neste domingo há uma segunda e terceira categoria (imagem em cima) e não é de afastar a hipótese que alguém tente recuperar uma desvantagem que poucos esperariam existir nesta altura da corrida a favor de Dumoulin.

Os principais testes acontecerão no Mortirolo e Stelvio e depois nas Dolomitas. Mas já ninguém pode tirar este momento fantástico de Tom Dumoulin. Claro que só terá um aquele significado único se que daqui a uma semana estiver a festejar a conquista do Giro100.

Veja aqui os resultados da 14ª etapa e as classificações. Dumoulin é agora também líder da montanha.


Giro d'Italia - Stage 14 - Highlights por giroditalia

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