17 de maio de 2017

A indefinição de Cavendish: "Posso voltar daqui a 10 dias ou daqui a um ano"

(Fotografia: Scott Mitchell/Dimension Data)
Mark Cavendish foi visitar os seus companheiros da Dimension Data, no arranque da 11ª etapa do Giro em Florença. O ciclista britânico vive na zona da Toscana e aproveitou a proximidade para matar algumas saudades. E Cavendish admite que são muitas. Desde a Milano-Sanremo, a 17 de Março que o ciclista está longe da competição. Em Abril foi-lhe diagnosticado uma mononucleose e desde então que o grande objectivo da temporada está em causa: conquistar etapas no Tour e tentar chegar ao recorde de Eddy Merckx (falta apenas quatro vitórias para igualar). No entanto, nada garante que o sprinter consiga estar na Volta a França e a indefinição quanto ao seu futuro é grande.

"Sinto mesmo a falta [das corridas]. Tenho assistido ao Giro e à Volta à Califórnia na televisão, mas é só isso que posso fazer, ver na televisão. Não posso fazer mais nada senão treinar. É um pouco difícil, mas vir aqui ver os meus amigos e companheiros de equipa tem sido muito bom", confessou Cavendish. O britânico bem parecia estar a precisar de uma dose de motivação, pois realçou que não sabe quando estará preparado para regressar à competição: "Não posso estabelecer uma data para o meu regresso. Posso voltar daqui a 10 dias ou daqui a um ano. Vou continuar a treinar e logo se vê."

Cavendish só recentemente voltou a andar de bicicleta, depois de algumas semanas de repouso. "Não me sinto doente, apenas um pouco fora de forma. Foi muito tempo fora da bicicleta. Em alguns dias sinto-me no topo do mundo, noutros dias não, mas pelo menos estou a andar na minha bicicleta e isso é o mais importante", realçou.

Apesar da mononucleose não permitir que se possa definir um regresso, já que é uma doença que não tem cura e mesmo que Cavendish recupere poderá sempre ter uma recaída, a Dimension Data mantém-se fiel ao plano de ter a sua principal estrela na Volta a França.

O director desportivo da equipa sul-africana, Rolf Aldag, explicou que não há qualquer pressão a ser colocada no atleta para voltar à competição, pois o importante neste momento é que recupere. O regresso aos treinos de Mark Cavendish está a ser monitorizado ao pormenor: "Todos os dias ele preenche um questionário a indicar como dormiu, como se sente, se está cansado e todas as vezes ele tem de indicar numa escala como se está a sentir em cada uma das perguntas. Ele também faz análises regulares ao sangue para se controlar os seus valores."

Aldag disse ainda ao jornal belga Het Nieuwsblad, que para já se mantém o plano da Volta a França, mas caso se confirme o pior cenário e a Dimension Data não possa contar com o seu sprinter, o responsável destacou que será então necessário aceitar esse facto e encarar a corrida de outra forma. Mas para já, a crença é que Cavendish vai estar no Tour e Rolf Aldag nem está preocupado que o britânico tenha pouca competição nas pernas. "Se ele estiver com um bom treino, isso será bom, mas claro que um ciclista ganha a sua confiança se conseguir vencer", referiu.

Em 2016, a Volta à Califórnia e a Volta à Eslovénia foram as corridas escolhidas para preparar o Tour. A prova americana, Cavendish está a vê-la pela televisão, mas Aldag espera que o seu ciclista possa estar na Eslovénia de 15 a 18 de Junho, ou seja, 15 dias antes do arranque da Volta a França.

Beñat Intxausti, o caso que assusta Cavendish

Há um exemplo que certamente deixa Mark Cavendish muito preocupado. Em Março de 2016 Beñat Intxausti foi diagnosticado com mononucleose, pouco depois de ter sido terceiro na geral da Volta à Comunidade Valenciana. O ciclista espanhol pensava que se estava a consolidar na sua nova equipa, a Sky, mas tudo mudou rapidamente. Intxausti regressou à competição em Junho, completou a Volta à Eslovénia, mas desistiu na terceira etapa da Volta à Polónia, a 7 de Julho. Desde então, nunca mais foi visto. O espanhol teve uma recaída e até agora não conseguiu recuperar para regressar à competição.

Em Novembro o ciclista pensou que o pior já tinha passado, participou numas corridas de ciclocross e iniciou um plano de treino para aparecer forte em 2017. No entanto, os sintomas regressaram e o ano passa sem que haja sinais de Intxausti. Para agravar a situação, o contrato com a Sky termina em Dezembro e o ciclista de 31 anos poderá ter de enfrentar o final da carreira mais cedo do que esperava. Para já, a equipa limita-se a dizer que está a dar todo o apoio ao seu ciclista.

Cavendish completa 32 anos a 21 de Maio e apesar de para já se manter focado na sua recuperação e inevitável não sentir alguma preocupação quanto ao seu futuro no ciclismo.

A mononucleose é causada pelo vírus Epstein-Barr, transmitido através da saliva. Entre os sintomas está o cansaço - que foi um dos que fez Cavendish suspeitar que algo estava mal com a sua saúde -, mas também pode manifestar-se através de febre, dor de cabeça, garganta, abdominal e pálpebras inchadas, entre outros. Não havendo uma cura específica, com repouso os sintomas deverão ir reduzindo ao longo de uma ou duas semanas. No entanto, podem voltar. Em alguns casos poderá ser necessário a prescrição de anti-inflamatórios ou analgésicos.

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