22 de maio de 2017

O que é preciso para bater o cavalheiro Dumoulin? Quintana explica

(Fotografia: Giro d'Italia)
Terça-feira, 23 de Maio. 16ª etapa da 100ª edição da Volta a Itália. Se há dia que se esperava este ano no ciclismo, este é um deles. A tirada tem tudo para ser épica, mas o melhor é que poderá ser apenas o início de uma semana memorável de ciclismo. Tom Dumoulin é um líder não surpreendente, mas com uma vantagem inesperada. Nairo Quintana (o único a menos de três minutos), Thibaut Pinot e Vincenzo Nibali não se rendem e atenção a Ilnur Zakarin que ainda tem os olhos postos pelo menos no pódio.

O holandês tem estado simplesmente fenomenal. Está a responder às questões que se colocava sobre ele. Primeiro, se estava a subir melhor. Resposta: muito melhor. Segundo, se tinha perdido algo no contra-relógio dado estar mais magro: não perdeu nada! Terceiro, se consegue aguentar várias montanhas numa etapa. E quarta, se consegue recuperar bem depois de uma tirada muito dura. Estas duas serão respondidas esta semana. Há mais uma pergunta: o que é preciso para ganhar a Dumoulin? Nairo Quintana responde: recuperar o tempo perdido atacando nas subidas e ter uma margem de 40 segundos para gerir no contra-relógio de domingo.

Depois de perder mais de dois minutos no primeiro esforço individual, o colombiano ainda assim mostra-se seguro que sendo mais o último mais curto, não irá perder tanto. Portanto, o objectivo está traçado para os próximos dias, mas o líder da Movistar admite que pode muito bem ter uma missão complicada pela frente, não duvidando que Tom Dumoulin é até ao momento o mais forte. "Até agora não apresentou nenhuma debilidade. Não sei se ganhará o troféu, vamos tentar que não [o ganhe]. A alta montanha não o favorece. O que vai fazer a diferença será a subida, mais do que o contra-relógio de Milão no último dia", salientou Quintana na conferência de imprensa, no dia de descanso do Giro.

O colombiano considera que as próximas etapas beneficiam-no mais, já que têm muita montanha, pois até agora as principais dificuldades acabaram por ser únicas nas etapas. Além das subidas, as descidas poderão fazer também alguma diferença. Quando ganhou o Giro em 2014, Quintana fê-lo com a ajuda do tempo que ganhou durante uma descida. Claro que a polémica mantém-se. Foi um dia confuso, de más condições atmosféricas nos Alpes. Quintana atacou enquanto outros ciclistas pensaram que a etapa estava neutralizada. A organização acabou por oficializar o tempo que distanciou Quintana de Rigoberto Uran. Numa luta de colombianos, o primeiro acabou por triunfar, mas aquele dia não foi esquecido, pelo que lhe foi perguntado se poderia atacar numa descida. Até disse que sim, mas salientou que prefere as subidas. Tendo em conta a sua má fama a descer - até caiu no domingo -, não se espera outra coisa que não seja apostar tudo nas fase ascendente das montanhas. Mas fica a promessa, Dumoulin pode esperar um Quintana a fazer tudo para o deixar para trás, a fazer tudo para testar os limites do holandês.

E a queda foi outro assunto abordado. Dumoulin colocou-se na frente do grupo para que Quintana pudesse reentrar. Um "cavalheiro", diz o ciclista da Movistar. Depois o colombiano sprintou e ganhou seis segundos de bonificação. Foi leal? "Foi um gesto muito bonito, digno de um cavalheiro. Agradecemos. Teríamos chegado, mas com mais esforço. O tema da chegada é diferente, não tem nada a ver com os gestos, quis vencer a etapa", salientou.

A muito esperada 16ª etapa: 222 quilómetros entre Rovetta e Bormio e três subidas do mais difícil deste Giro

Quintana é o pretendente, Dumoulin o dono da maglia rosa. Para o holandês só há duas formas de descrever a etapa de terça-feira: "Ou será muito difícil, ou será muito, muito difícil." "Já tive etapas duras no passado, mas vamos ver como vai ser. Os meus adversários vão certamente atacar-me e será definitivamente um dia de sofrimento", realçou. Dumoulin não está preocupado com os seus adversários e tenta passar uma imagem descontraída, livre de pressões. Dumoulin até aceita as dúvidas que subsistem sobre a sua capacidade e não se mostra excessivamente preocupado se por acaso perder tempo na 16ª etapa. Porém, recordou que não conhecia bem as etapas anteriores com montanha, mas se há subidas que conhece muito bem é o Mortirolo e o Stelvio, onde já fez estágios em altitude, inclusivamente antes da Vuelta de 2015 que deixou escapar na derradeira etapa de montanha para Fabio Aru.



Neve e perigo de avalanches no Stelvio

As previsões apontam que não haverá problemas com o percurso para a 16ª etapa. Porém, a neve ainda é imagem de marca do Stelvio, cuja primeira passagem será a Cima Coppi do Giro (ponto mais alto - imagem de cima). A organização irá verificar as condições para garantir a segurança, principalmente tendo em conta que é uma etapa cujas descidas são de elevada pendente, técnicas e com zonas perigosas.

Para já, a única medida tomada será a limitação de carros que irá passar por ali devido ao perigo de avalanches, numa altura em que a neve começa a derreter. A caravana será reduzida ao estritamente necessário, um corte que não afectará os carros das equipas, nem os veículos para a transmissão televisiva.

Homenagem a Scarponi no Mortirolo


(Fotografia: Astana)
Uma das míticas subidas da Volta a Itália será este ano dedicada a Michele Scarponi, o ciclista que morreu no final de abriu ao ser atropelado por uma carrinha durante um treino. Foi numa passagem no Mortirolo - agora chamada de Cima Scarponi - que o italiano conquistou a sua última etapa no Giro (foram três) em 2010. Naquele ano a etapa também não terminou no Mortirolo, mas foi ali que Scarponi começou a construir o triunfo, quando Ivan Basso e Vincenzo Nibali tentaram fugir. Em Aprica, foi Scarponi quem levantou os braços para celebrar.

Mas haverá mais homenagens. A Astana vai aproveitar esta etapa que inclui o Mortirolo para oferecer aos adeptos um bidão muito especial. Nele está Frankje, o papagaio que se tornou um parceiro famoso dos treinos de Scarponi na sua terra. O ciclista partilhou nas redes sociais vários vídeos com o fiel amigo. Os corredores da Astana também utilizarão este bidão especial. A família de Scarponi também irá receber alguns.

Durante este Giro têm sido muitas as referências ao vencedor da Volta a Itália em 2011. Os adeptos não esquecem Scarponi e o seu nome é escrito na estrada ou em faixas, por vezes com mensagens para um ciclista que espalhava boa disposição e simpatia.



Kruijswijk começou o Giro com costelas partidas

O holandês da Lotto-Jumbo tem sido uma das desilusões da Volta a Itália. Há um ano, por esta altura da corrida, muito se falava sobre a possibilidade de ganhar o Giro. Este ano já mal se fala de Steven Kruijswijk. É 10º após o abandono de Tanel Kangert (Astana), a 7:03 minutos de Dumoulin e com Adam Yates (Orica-Scott) a aproximar-se perigosamente.

No terceiro e último dia de descanso do Giro, Kruijswijk explicou o que se está a passar com ele, admitindo que fracturou umas costelas quando caiu na Volta a Yorkshire, que abandonou, e que não conseguiu recuperar devidamente. Em nada ajudou já ter caído também neste Giro. No entanto, ainda ambiciona alcançar algo durante esta semana: "Espero que o corpo esteja recuperado e que possa despender toda a minha energia em conseguir um resultado."

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