27 de setembro de 2020

Alaphilippe com uma camisola que lhe fica tão bem

© UCI
Julian Alaphilippe era um daqueles ciclistas que se imaginava o quanto ficaria bem de camisola do arco-íris. O seu palmarés deixava antever que na sua carreira teria de estar o título de campeão do mundo, mais cedo ou mais tarde. Já tem um monumento (Milano-Sanremo), com vitórias no Tour, andou de amarelo (em França até se sonhou com a sua vitória em 2019) e tem mais triunfos não só em corridas importantes, mas normalmente acompanhados de espectáculo. O título mundial chega curiosamente num ano menos explosivo de Alaphilippe. Parecia que os seus famosos ataques simplesmente não estavam a resultar. Faltava algo. Pode não ser o ciclista de 2019 (não era fácil repetir a fantástica temporada), mas continua a ser o grande Alaphilippe. A conhecida aceleração que deixa todos para trás, resultou. E a camisola assenta-lhe mesmo bem!

"Um dia de sonho", desabafou um Alaphilippe (28 anos) muito emocionado. O pai do ciclista morreu há pouco tempo e esta época, o francês nunca esconde o quanto lhe é importante continuar a vencer, sempre a pensar no pai. A época pode não estar ao nível da de 2019, mas Alaphilippe tem demonstrado um enorme carácter. Não deixa de tentar, não deixa de conseguir ter uma equipa unida a ajudá-lo. A selecção francesa trabalhou, acreditando que Alaphilippe poderia conquistar um título que Wout van Aert era um dos super favoritos.

Julian Bernard, Kenny Elissonde, Valentin Madouas, Guillaume Martin, Rudy Molard, Quentin Pacher e Nans Peters tinham a responsabilidade de fazer frente a uma Bélgica fortíssima e que foi uma equipa que muito assumiu a perseguição a quem tentou escapar. Um deles foi Tadej Pogacar. O esloveno tentou a vitória épica, de longe, para juntar à Volta a França, mas o Mundial vai ter de esperar.

Itália foi outra selecção em destaque, com a Espanha de Alejandro Valverde e Mikel Landa a ficar mais na expectativa e a ficar apenas com o oitavo lugar. Valverde, foi o melhor, a 53 segundos de Alaphilippe.

A corrida não foi particularmente emocionante. Os 258,2 quilómetros num circuito de Imola, a começar e a acabar no Autódromo Enzo e Dino Ferrari, nove voltas, duas subidas que faziam o acumulado chegar aos cinco mil, o pelotão fez o esperado. Com o passar dos quilómetros, a velocidade aumentou e os ciclistas iam sendo "eliminados".

Com a excepção de Pogacar - que também tentou preparar um possível ataque do compatriota de Primoz Roglic (sexto) - todas as principais movimentações ficaram guardadas para a última Volta. Alaphilippe teve o timing perfeito, além de Wout van Aert preocupar tanto, que centrou as atenções dos adversários. O belga mantém a boa forma, mas não faz milagres.

O francês cortou a meta com 24 segundos de vantagem. O segundo? Van Aert, ao sprint (já havia sido segundo no contra-relógio). E em terceiro, mais uma das figuras da Volta a França: Marc Hirschi. O suíço é um campeão de fundo de sub-23 (2018) e está cada vez mais a assumir-se como mais um dos jovens a ter em atenção nesta nova geração.

Portugal fora do top dez

Não foi um Mundial feliz para a Equipa Portugal. Rui Costa (campeão do mundo em 2013), Nelson Oliveira, Rúben Guerreiro e Ivo Oliveira tinham como o objectivo alcançar mais um top dez. Porém, a corrida não decorreu como o esperado, a começar logo com a avaria de Guerreiro na pior das alturas.

"O Rúben trocou de bicicleta. Ainda esteve perto de reentrar, mas, quando o grupo acelerou, teve nova avaria e perdeu todas as possibilidades, sendo um dos nossos homens que poderia estar mais perto da frente", explicou o seleccionador José Poeira, citado pela Federação Portuguesa de Ciclismo. Guerreiro acabaria por abandonar.

Rui Costa, manteve-se no grupo da frente até à última volta, mas não conseguiu intrometer-se nas movimentações que acabaram por ditar o desfecho da corrida. O poveiro foi 26º classificado, a 2:03 minutos. Nelson Oliveira foi 38º, a 8:49, e Ivo Oliveira terminou na 88ª posição, a 32:08.

Classificações completas, via ProCyclingStats.

Os campeões de Imola

Foram uns Mundiais em versão reduzida, a possível dada a pandemia. A organização Aigle-Martigny, na Suíça, cancelou as provas e a opção foi Imola, em Itália, mas só para a elite.

Além de Julian Alaphilippe, no contra-relógio venceu o ciclista da casa, Filippo Ganna. Entre as mulheres, venceu uma grande senhora, que fez a dobradinha. A holandesa Anna van der Breggen começou por vencer pela primeira vez na carreira o título de contra-relógio (uma das poucas vitórias importantes que lhe faltava no palmarés), concluindo os dias em Imola com o seu segundo título de fundo.

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