21 de setembro de 2020

Menos dias de Volta a Portugal será uma experiência interessante

Apesar de muitos dos locais serem já habituais na Volta a Portugal, este formato mais reduzido (nove dias) gera alguma curiosidade. 12 dias de prova (um de descanso), com se tornou habitual na Volta, é algo pouco comum no ciclismo actual. Não é de todo inédito ser colocada a questão se não estará na altura de diminuir os dias da corrida e aproximá-la a formatos de competições de uma semana. A pandemia e todos os problemas que surgiram para colocar a Volta na estrada, acabaram por levar a esta decisão, que será uma experiência interessante.

Na apelidada Edição Especial - de 27 de Setembro a 5 de Outubro -, a corrida perde então três dias, dois de competição e o de folga. Volta mais curta que poderá também tornar a prova mais intensa. Reduzem-se as oportunidades para as equipas que vão à procura de ganhar etapas, pelo que todos os dias serão importantes, enquanto na luta pela geral haverá menos oportunidades para recuperar de desvantagens ou tentar fazer diferenças.

No entanto, no que diz respeito à amarela, Senhora da Graça e Torre são novamente os grandes pontos de montanha de referência, mas, em anos recentes, também já se percebeu que não são necessariamente decisivos. Ainda que reduzida, a Volta mantém os dois contra-relógios individuais, um a começar (o prólogo em Fafe) e outro a terminar (no regresso de Lisboa ao percurso).

A juntar-se a uma versão mais curta (1183,9 quilómetros no total) está a incógnita como se irão apresentar os ciclistas num ano com tão pouca competição. Os dois dias de Troféu Joaquim Agostinho, no fim-de-semana passado, foram importantes para "aquecer motores", mas souberam a pouco, perante tantas corridas que foram canceladas. Mais do que nunca as equipas portuguesas precisam de se mostrar numa Volta a Portugal que vai para a estrada para tentar garantir a sobrevivência da modalidade no país.

Com tantos avanços e recuos na realização da corrida, que a Podium adiou para 2021, é a Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC) que a vai colocar na estrada como Edição Especial. Perante tanta incerteza e com municípios a recusarem receber a Volta (curiosamente Viseu, Viana do Castelo disseram não, mas surgem agora no percurso), Delmino Pereira, presidente da FPC, chegou a reunir-se com Marcelo Rebelo de Sousa, numa tentativa de sensibilizar o Presidente da República para a importância da corrida para o ciclismo nacional e na influência que pode ter na dinamização da economia.

Custou garantir a realização da Volta, mas já se está em contagem decrescente, sempre ciente do que a pandemia poderá fazer. Para já, o mais visível são as apertadas regras para todos os intervenientes, tal como para o público, que não terá a liberdade de outros anos em aproximar-se dos ciclistas, por exemplo. O desejo é que não haja surpresas desagradáveis.

É a Volta possível com as restrições obrigatórias. Diferente é certo, com outro ambiente, mas necessária e espera-se que competitiva. As cinco equipas ProTeam, além das nove Continentais portuguesas e uma selecção nacional de sub-23, tornam este pelotão bastante valoroso. Também houve aqui um corte de 20%, tendo sido aceite apenas 15 formações, o que perfaz 105 corredores.

A W52-FC Porto mantém-se como a natural favorita, dado o longo domínio na Volta nos últimos anos. Contudo, a nível nacional a concorrência poderá crescer de nível, com a Efapel a surgir como principal adversária. Quanto às estrangeiras, será necessário perceber os objectivos que trazem para a corrida e se esses passam por lutar pela geral.

Esta segunda-feira foi dia de apresentação. Aos poucos, a Volta a Portugal vai tornando-se realidade. Porém, será inevitável existir alguma ansiedade até o primeiro ciclista partir em Fafe. Com tanta incerteza devido à pandemia, só assim se poderá respirar de algum alívio, sabendo que as dificuldades de sobrevivência não terminam só porque a Volta se vai realizar. Mas é um voto de confiança importantíssimo que é transmitido aos patrocinadores.

Novos patrocinadores, novas camisolas

Com a FPC a tomar as rédeas da organização - o organismo tem os direitos cedidos à Podium, este ano será uma excepção - a Volta a Portugal não só será uma Edição Especial Jogos Santa Casa, em vez de 82ª edição (essa só em 2021), como tem novos patrocinadores nas camisolas o que provocou a mudança de cores.

Não na amarela, claro. Icónica e intocável, com os Jogos Santa Casa a serem em 2020 o patrocinador da camisola do líder da geral. Mantém-se também a branca da juventude, com apoio do Instituto Português do Desporto e Juventude. A dos pontos deixa de ser verde para assumir o vermelho da Cofidis, com a da montanha a também ganhar tons de vermelho nas mangas, com o restante branco, em vez de ser toda azul, com a Fidelidade a patrocinar.

Foi divulgada a lista provisória de inscritos. Ainda poderá sofrer alterações até domingo, mas, para já, não há surpresas entre as equipas portuguesas, com Ricardo Vilela e José Neves a serem chamados pela Burgos-BH.

Pode ver a lista divulgada pela FPC em baixo (clique na imagem para aumentar) e conheça as etapas no link em baixo da imagem.

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