11 de setembro de 2020

Aliança eslovena? Nem pensar!

© Bettiniphoto/UAE Team Emirates
Há uns dias, um artigo num site especializado abordava a possibilidade de uma aliança colombiana para ser um ciclista daquele país a ganhar novamente a Volta a França. Egan Bernal ou outro. Afinal, divididos por várias equipas, se os colombianos se juntassem formariam uma selecção de luxo. Miguel Ángel López (Astana) até admitiu essa possibilidade, mas só mais à frente no Tour.  Se vai haver ou não, teremos de esperar para ver, mas os colombianos só não saíram completamente derrotados da 13ª etapa porque Daniel Martínez (EF Pro Cycling) ganhou. Na geral foi outra aliança, a eslovena, que saiu vencedora.

Ou pelo menos pareceu ser uma aliança entre Primoz Roglic e Tadej Pogacar, mas este último garante que nem pensar. Foram apenas dois rivais que queriam ganhar tempo, inclusivamente um ao outro. Se não foi aliança, ainda assim há que dizer que naqueles dois quilómetros finais de Puy Mary - sempre acima dos 10% de pendente - a dupla funcionou na perfeição para deixar todos para trás. E ambos acabaram beneficiados.

Roglic consolidou um pouco mais a liderança, enquanto Pogacar saltou para o segundo lugar da geral e começa a conquistar o estatuto de principal adversário do compatriota. Depois do Grand Colombier, domingo, a situação poderá ficar mais definida... ou não.

"Foi uma etapa dura [Châtel-Guyon - Puy Mary Cantal, 191,5 quilómetros], mas naqueles últimos dois quilómetros não penso que fomos amigos. Apenas queríamos chegar ao topo. Definitivamente vamos ver mais ataques e mais rivalidade na próxima semana", garantiu um Pogacar, cada vez mais candidato à amarela e cada vez mais a mostrar que poderá ser de facto o principal rival do compatriota Roglic.

A dupla ganhou vantagem a toda a gente. Richie Porte (Trek-Segafredo) e Mikel Landa (Bahrain-McLaren) foram os melhores dos restantes. Ainda assim, perderam 13 segundos. López 16 e Egan Bernal (Ineos Grenadiers) e Rigoberto Uran (EF Pro Cycling) 38. Todos os outros perderam ainda mais.

O que é que isto significa? Significa que Roglic nem precisou, desta feita, de bonificações (essas ficaram todas para os homens da fuga) para ganhar tempo e já tem Bernal a 59 segundos e todos os outros estão a 1:10 minutos ou mais. O 10º é Enric Mas (Movistar), a 2:54 minutos.

Tadej Pogacar está a 44 segundos - recuperou a liderança da juventude - e percebe-se porque nunca se mostrou preocupado com a perda de tempo na etapa do vento. O líder da UAE Team Emirates está, tal como na Vuelta em que foi terceiro e ganhou três etapas, a subir de forma à medida que o Tour avança. Naqueles metros finais na roda de Roglic revelou algum sofrimento, mas Roglic também não será isento de passar dificuldades, principalmente quando chegarem as subidas mais longas dos Alpes.

É por essas que agora espera Bernal, pois são as que gosta mais. No entanto, não foi uma etapa que animicamente faça muito bem nem ao colombiano, nem a uma Ineos Grenadiers derrotada mais uma vez. A equipa britânica chegou a colocar-se à frente da Jumbo-Visma na liderança do grupo de favoritos, mas para depois ver Tom Dumoulin a sacrificar-se por completo para lançar Roglic. Bernal ficou com Richard Carapaz... atrás de si. E não por muito tempo.

É caso para dizer que uma aliança colombiana começa a ser bem-vinda já que a Ineos Grenadiers não está a conseguir dar o melhor apoio a Bernal e este também não está ao nível necessário para responder a Roglic ou Pogacar. O Grand Colombier terá de ser um ponto de viragem para o colombiano se este não quiser dificultar em demasia a sua missão na última semana.

E será que Roglic agora vai olhar para Pogacar como o seu principal rival? "Há muito caminho a percorrer e muitas coisas podem acontecer, diferentes cenários. Não quero pensar em nomes, ou em quem é melhor. Quero apenas tentar dar o meu melhor e ficar feliz com o que fizermos."

Provavelmente é a forma mais inteligente de encarar a corrida, pois, já no domingo, o Grand Colombier poderá mudar o actual cenário do camisola amarela.

De referir que Romain Bardet (AG2R) e Guillaume Martin (Cofidis) tiveram um dia para esquecer e saíram do top dez. O primeiro caiu a meio da etapa e fica a dúvida de como estará fisicamente nos próximos dias, enquanto Martin irá tentar recuperar um lugar entre os melhores, mas o pódio já ficou um pouco longe. Está a 3:14 minutos de Roglic. Bauke Mollema (Trek-Segafredo) esteve envolvido na queda de Bardet - tal como Nairo Quintana (Arkéa Samsic) e abandonou. Quintana também perdeu tempo, ficando a 1:12 da amarela.

Classificações completas, via ProCyclingStats.

14ª etapa (12 de Setembro): Clermont-Ferrand - Lyon, 194 quilómetros


Com duas primeiras categorias e uma especial (o Grand Colombier) no domingo, a 14ª etapa poderá ser mais um dia bom para uma fuga triunfar novamente, enquanto os homens da geral podem ter mais em mente uma recuperação depois da intensidade final desta sexta-feira e para ter a certeza que estão prontos para uma das mais importantes tiradas do Tour.

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