2 de setembro de 2020

Mundiais só para a elite e em Itália

Pedersen vai despedir-se da camisola arco-íris no Tour

É a opção possível. A UCI conseguiu um novo local para os Mundiais, mas será uma edição em versão reduzida. Imola irá receber apenas a categoria de elite, entre 24 e 27 de Setembro, para decidir os campeões de 2020 em contra-relógio e na prova de fundo, em feminino e masculino. Outro dos objectivos que o organismo conseguiu foi garantir que a prova mantivesse a dificuldade prevista para o local original, Aigle-Martigny.

Na Suíça, as restrições em vigor devido à pandemia, forçaram o cancelamento das corridas, depois da organização até ter anunciado que iria ser possível, acabando com alguns rumores que já se procurava uma alternativa. Porém, com o governo helvético a manter restrições, como o número limite de aglomerados a não poder ser superior a mil, não houve alternativa senão anular os Mundiais naquela região.

Sem plano B, a UCI procurou uma alternativa que nunca se apresentaria fácil. Itália chegou a ser apontada como hipótese, mas os responsáveis da federação disseram que não. A saúde financeira deste organismo não é a melhor. França pareceu estar na pole-position e ainda na semana passada organizou os Europeus, que estavam previstos para Itália (em Trentino), onde irão ser no próximo ano.

No entanto, a situação da pandemia em Itália é neste momento melhor do que a realidade francesa e a região de Emilia-Romagna, no norte do país, mostrou assim disponibilidade para receber esta versão reduzida dos Mundiais. Imola estará no centro das atenções, pois quando se fala de pole-position é porque o bem conhecido autódromo Enzo e Dino Ferrari será onde vão partir e chegar os ciclistas.

Além disso, também é visto como uma excelente solução para os necessários cuidados com o distanciamento. As boxes mais habituadas a motores, vão albergar as selecções. Também evita assim mais facilmente o contacto com adeptos, enquanto as restantes condições do autódromo vão poder receber comissários e jornalistas, com a segurança que estes tempos que vivemos se exige.

Não é a primeira vez que Imola irá decidir um campeão do mundo. Em 1968, o italiano Vittorio Adorni e a holandesa Keetie van Oosten-Hage conquistaram os títulos de fundo naquela cidade.

Para a UCI é importante conseguir colocar os Mundiais na estrada, mesmo que seja apenas para a elite. Com quase 70% do calendário cancelado em todas as vertentes, só com os Mundiais, o organismo poderá arrecadar, segundo o Cyclingnews, entre três a quatro milhões. Ainda assim abaixo dos pelo menos sete milhões que os Mundiais podem custar ao organizador em situação normal.

A escolha de apostar na elite não se prende só com o facto de reduzir o número de atletas e staff, mas também porque a maioria dos que têm previsto estar nos Mundiais já estão a competir na Europa. A UCI refere no seu comunicado que o mesmo não acontece com os sub-23 e juniores, o que poderia gerar problemas nas viagens, com muitas restrições, principalmente para quem está fora dos países da União Europeia.

O percurso

A UCI explica que apesar da corrida começar e terminar no autódromo, o percurso será bastante exigente. Na prova masculina, os ciclistas terão pela frente cinco mil de acumulado, em 259,2 quilómetros. A feminina será de 144 quilómetros, com 2750 metros de ascensão no total. O circuito será o mesmo para ambos os pelotões, com os homens a dar nove voltas e as mulheres cinco. Haverá duas difíceis subidas com pendentes que rondam os 10%, mas com máximos a atingir os 14%.

Quanto ao contra-relógio, esse será maioritariamente plano. Serão 32 quilómetros, apenas com 200 metros de acumulado.

Mads Pedersen (Trek-Segafredo), Rohan Dennis (Ineos Grenadiers), Annemiek van Vleuten (Mitchelton-Scott) e Chloe Dygert-Owen vão ter de lutar para manter as camisolas (e este não é percurso para Pedersen), enquanto os campeões de sub-23 e júniores vão ficar os equipamentos arco-íris até 2021, como acontece nas outras vertentes, em que os Mundiais foram cancelados este ano.

Calendário:
  • 24 de Setembro (quinta-feira): Contra-relógio individual feminino
  • 25 de Setembro (sexta-feira): Contra-relógio individual masculino
  • 26 de Setembro (sábado): Corrida de fundo feminina
  • 27 de Setembro (domingo): Corrida de fundo masculina
As próximas edições dos Mundiais já têm local escolhido, pelo que Aigle-Martigny terá de esperar por outra oportunidade muito mais adiante. A UCI escolheu que em 2021 Flandres será o palco das corridas, uma opção que muito agradou aos especialistas das clássicas.

Wollongong, Nova Gales do Sul, na Austrália, receberá os Mundiais em 2022 e no ano seguinte a viagem será até Glasgow, na Escócia, num evento ainda mais especial. De quatro em quatro anos, uma cidade será palco dos Mundiais desde a estrada, ao BTT, passando pelo BMX, sem esquecer a pista. Será a primeira vez que um evento destes será organizado.

Em 2024, e novamente no formato só de estrada, as seleções vão estar na Suíça. Depois é possível que se possa pela primeira vez ter uns Mundiais em África. Ruanda já entregou a candidatura e estará na frente para conseguir uma organização histórica.



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