20 de novembro de 2016

Sky. O primeiro monumento, o domínio do costume no Tour e um sinal de imperfeição na Vuelta

(Fotografia: Facebook Team Sky)
Objectivo de vencer a Volta a França: cumprido. Desde que chegou ao pelotão mundial tem sido o objectivo número um da Sky e Chris Froome venceu a sua terceira, a quarta da equipa em cinco anos, pois tudo começou com Bradley Wiggins 2012. Para a história desta edição do Tour fica mais um domínio avassalador da equipa britânica que praticamente humilhou o principal adversário, Nairo Quintana, que das poucas vezes que atacou, nem teve Froome a responder, foi sempre alguém da equipa. Para mais tarde recordar fica aquela fantástica forma de descer de Froome na etapa oito, que terminou em Bagnères-de-Luchun, que lhe valeu a vitória no dia e a camisola amarela que não mais viria a perder. E depois, claro, a corrida Mont Ventoux acima quando uma queda provocada por uma moto - que ficou sem espaço para passar por entre o público - partiu a bicicleta de Froome e este resolveu correr para minimizar perdas, até receber uma bicicleta. A organização acabaria por assumir a responsabilidade do sucedido e os tempos foram tomados na altura da queda, mantendo Froome na liderança.

Portanto, a questão relativamente à Sky é: então o que fez de diferente este ano? Fez algo de muito importante: finalmente venceu um monumento. Wout Poels conquistou a Liège-Bastogne-Liège (à custa de Rui Costa) e a formação britânica viu assim compensado o esforço que vinha a elaborar nos últimos dois anos para também se mostrar em provas de um dia. Talvez a vitória não tenha vindo dos ciclistas em que apostava mais, mas ninguém se chateou com isso e Poels teve uma excelente temporada. Venceu a Volta à Comunidade Valenciana, a Liège e depois foi ele o gregário de luxo de Chris Froome e não o esperado Geraint Thomas.

  • 3º lugar no ranking World Tour com 1187 pontos
  • 39 vitórias (18 no World Tour, incluindo um etapa no Giro – Mikel Nieve – duas no Tour e a geral por Froome e duas na Vuelta também pelo britânico)
  • Chris Froome foi o ciclista com mais vitórias: 10


Thomas fez o seu papel como gregário e mais uma vez aproveitou a liberdade que lhe é concedida no início da temporada para ir criando o seu currículo. Lá foi mais uma Volta ao Algarve, mas também um Paris-Nice. Porém, numa equipa conhecida pela obsessão pela perfeição, nem tudo foi assim tão perfeito em 2016.

A contratação de Mikel Landa foi uma tremenda desilusão. O espanhol teve problemas de saúde que atrapalharam a sua preparação e só em apareceu em Março, tendo no mês seguinte começado “a render” com uma vitória de etapa na Volta ao País de Basco, ao que se seguiu outra no Giro del Trentino e na classificação geral. No entanto, a contratação de Landa era para ganhar a Volta a Itália. Concretizado que está o objectivo da conquista do monumento, falta à Sky vencer uma outra grande volta que não o Tour. A aposta em Landa foi grande, mas o espanhol não esteve à altura da responsabilidade. Com dificuldades em acompanhar os melhores, o espanhol abandonou na 10ª etapa, alegadamente devido uma gastroenterite, que parecia estar a atacar muito dos ciclistas no Giro. No resto da temporada Landa foi mais um gregário para Froome, mas sabe que estará sob pressão em 2017. Até se falou que poderia abandonar a equipa, mas a Sky vai dar-lhe mais uma oportunidade.

Outro ciclista que sabe que terá de mostrar muito mais é Michal Kwiatkowski. O polaco, campeão do mundo em 2014, só venceu uma prova - E3 Harelbeke - e depois passou grande parte do ano com problemas de forma, de saúde… Nem nas provas de um dia, nem como gregário rendeu.

A Volta a Espanha. Chris Froome meteu na cabeça que queria ganhar duas grandes voltas num ano e a verdade é que até apareceu bem na Vuelta, ainda que não tão forte como no Tour (normal), mas mais importante, a sua equipa esteve longe de ser aquela super Sky da Volta a França. E claro que não ajudou ter um Nairo Quintana completamente diferente da competição gaulesa. O colombiano esteve fortíssimo, pelo que mais do que nunca Froome precisava de uma equipa. Porém, na famosa etapa 15, que terminou em Aramon Formigal, Alberto Contador atacou logo nos primeiros quilómetros, levou com ele Quintana e outros ciclistas, enquanto Froome esperou que a sua equipa respondesse, mas os seus companheiros… nem vê-los. Desconcentrados, estavam recuados no pelotão, talvez convencidos que afinal a etapa estava a começar e era cedo para estar já a trabalhar. Não só não ajudaram, como ficaram de tal forma para trás, que juntamente com grande parte do pelotão, chegaram fora do tempo limite. Froome perdeu a Vuelta nesse dia e só não perdeu todos os companheiros porque a organização optou por manter os ciclistas em prova, para não ficar com um reduzido pelotão para os últimos dias de prova.

Porém, Chris Froome veio a público dizer que considerava que os seus companheiros, assim como todos os outros ciclistas que chegaram fora de tempo, deveriam ter sido excluídos. Afirmou que a regra era para ser cumprida. O britânico ainda recuperou tempo no contra-relógio, mas já só conseguiu ficar em segundo. No entanto, Froome parece determinado a ser ele a conseguir voltar a vencer duas grandes voltas num ano e em 2017 deverá tentar novamente a dupla Tour/Vuelta, apesar de estar tentado a ir ao Giro, afinal seria histórico que depois de vencer a 100ª edição do Tour, fizesse o mesmo no Giro.



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