20 de novembro de 2016

“Se voltasse atrás não mudaria nada do que fiz na Volta a Portugal”

Aquele segundo lugar na Volta a Portugal, atrás do colega de equipa Rui Vinhas, não foi um momento fácil na carreira de Gustavo Veloso. Aliás, o galego nem o tentou esconder, considerando que ao não vencer, não tinha ganho o melhor ciclista. Uma reacção a quente que não abalou em nada a confiança e respeito que a W52-FC Porto tem pelo seu líder, nem a relação que tem com Rui Vinhas. O tempo foi de facto o melhor amigo para Gustavo Veloso que agora fala novamente como um verdadeiro líder que dá confiança aos colegas. “Se não for eu a ganhar, que ganhe um colega de equipa. Se voltasse atrás não mudaria nada do que fiz na Volta a Portugal. Se for o Vinhas, se for o Mestre, se for qualquer outro ciclista da equipa, não vou ser eu a retirar a oportunidade de um colega ganhar uma corrida”, salientou Gustavo Veloso ao Volta ao Ciclismo.

O galego, que procura a sua terceira vitória na Volta a Portugal, até já olha para o que aconteceu com algum humor: “Nas últimas quatro voltas fiz dois segundos e dois primeiros lugares. Por isso, vamos ver como fica o desempate! Espero que seja a terceira vitória, mas se for o segundo também não é mau.”


“Para sair [da W52-FC Porto] tinha de ser uma proposta mesmo interessante porque com os anos que tenho quero é estar tranquilo, num lugar onde esteja à vontade e com bom ambiente”

Naturalmente que é a vitória que Gustavo Veloso procura e o que a W52-FC Porto deseja. A renovação de contrato é a prova disso. O galego fica pelo mais um ano na formação do Sobrado, onde está desde que a equipa começou. Explicou que recebeu várias propostas, inclusivamente da Alemanha e Brasil. “Para sair tinha de ser uma proposta mesmo interessante porque com os anos que tenho quero é estar tranquilo, num lugar onde esteja à vontade e com bom ambiente”, afirmou. Acrescentou que já não está “para procurar oportunidades e a andar experimentar equipas novas para fazer um calendário melhor”.

Veloso foi 2º na Volta a Portugal e venceu a classificação por pontos
Gustavo Veloso considera que já teve o seu momento ao mais alto nível, recordando que fez grandes corridas de nível mundial, como a Volta a Itália, a Volta a Espanha e clássicas do World Tour. “A minha postura no ciclismo é agora diferente, mais tranquilo, mais perto de casa, mais estabilidade e desfruto mais deste ciclismo do que o outro em que estive. Evidentemente que há uma grande diferença a nível de contratos, mas em igualdade de circunstâncias, ir para fora ou ficar, prefiro ficar”, explicou. E assim foi, realçando como se sente bem na W52-FC Porto, a correr em Portugal, admitindo como gosta do país e das corridas que por cá se realizam. Frisou ainda o ambiente no pelotão nacional: “Há sempre um bom ambiente mesmo quando somos de equipas diferentes. Termina a corrida e se há festa, todos somos iguais nessa festa.”


"Estou aqui desde o início e seria bonito para mim voltar a participar nessas corridas [no escalão Profissional Continental] com esta equipa, que sinto que é também um bocado minha”

Aos 36 anos, Gustavo Veloso ficou feliz por ver como a equipa o valoriza, como comprovou o contrato que lhe ofereceram. “Tinha de tentar ganhar o máximo possível para quando deixar o ciclismo ter uma vida menos difícil. Tinha de pensar na minha família, nos meus filhos… Há que colocar tudo numa balança e penso que correu tudo da melhor maneira possível”, disse. Confessou que se tivesse decidido abandonar a equipa teria saído de coração dividido por tudo o que viveu nos últimos anos, mas tudo acabou por se resolver de forma a deixar satisfeitos os responsáveis da W52-FC Porto e Gustavo Veloso.

E apesar de 2017 ainda nem ter começado, é difícil não ir já pensando em 2018, ano em que a equipa poderá ascender ao escalão Profissional Continental. Veloso pode ter dito que já não estava para esse tipo de ciclismo, mas se acontecer com a W52-FC Porto, então tudo será diferente. “É uma das coisas que me motiva. Sair para uma equipa Profissional Continental motiva-me menos do que crescer nesta formação. Estou aqui desde o início e seria bonito para mim voltar a participar nessas corridas com esta equipa, que sinto que é também um bocado minha”, afirmou.

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