21 de abril de 2017

O aviso de Geraint Thomas para a Volta a Itália mas que não esclarece uma dúvida

(Fotografia: Facebook Volta aos Alpes)
Chegou a vez de Geraint Thomas mostrar-se como líder da Sky numa prova de três semanas e o britânico está a deixar indicações muito fortes que não quer desperdiçar uma oportunidade que lhe custou tanto a conquistar. Apesar da equipa dizer que Thomas e Mikel Landa vão partilhar a liderança, é esperado que só se o britânico falhar é que não será a primeira opção para o ataque à Volta a Itália. A vitória na Volta aos Alpes, depois de também já se ter estado bem no Tirreno-Adriatico (foi quinto e venceu uma etapa), demonstram que o treino que esteve a fazer com Chris Froome na África do Sul foi produtivo e que irá chegar ao Giro100 em boa forma. No entanto, só durante a corrida se irá esclarecer a grande dúvida: será Thomas um ciclista para lutar por uma grande volta?

Quanto a corridas de uma semana, Geraint Thomas (30 anos) é já um especialista. A Volta aos Alpes junta-se a um currículo que conta com duas Voltas ao Algarve, um Paris-Nice, dois Bayern-Rundfahrt e em 2015 ficou em segundo na Volta à Suíça. Também se sabe que o britânico é um excelente gregário, tendo sido importante para Chris Froome (também ele começou como gregário, mas de Bradley Wiggins), ainda mais quando Richie Porte deixou a Sky e assinou pela BMC. Perante as exibições de Thomas, era inevitável que também ele quisesse a sua oportunidade, mas de gregário a líder vai uma grande diferença, ainda mais numa Volta a Itália que será extremamente dura, com etapas de montanha que não vão permitir erros, que podem custar muito tempo.

Mais do que nunca a Sky sabe que irá precisar de ter uma equipa forte em redor de Thomas e talvez por essa incerteza quanto ao que o britânico poderá fazer, não quer deixar completamente de parte um Mikel Landa que foi contratado para atacar as grandes voltas, quando Chris Froome não está presente. A época de estreia pela equipa foi uma desilusão e o espanhol perdeu alguma da confiança por parte dos directores desportivos. Landa quer claramente recuperá-la e vai deixando mensagens de que vai lutar pelo Giro. No entanto, na Volta aos Alpes perdeu tempo logo na primeira etapa, ainda que depois tenha estado a bom nível, mesmo tendo de ficar a ajudar Thomas.

Com os dois líderes nesta corrida, ex-Giro del Trentino que Landa venceu há um ano, foi também um teste, que Thomas passou com distinção. Se recuarmos um ano, ao Paris-Nice de 2015, Thomas venceu depois de Sergio Henao o ter rebocado na etapa decisiva. Só faltou ao colombiano puxar o colega com uma corda. Esta menção serve para realçar a grande dúvida que permanece. Isto é, para enfrentar três semanas, ainda mais com muita montanha, será preciso não só boa forma, mas boa capacidade de recuperação. É este lado de Thomas que não se conhece, no papel de líder. Afinal terá de estar bem todos os dias, não haverá etapas para tentar poupar-se um pouco, tendo de estar sempre na máxima atenção, bem colocado e preparado para qualquer eventualidade. Como gregário, perder tempo não era grave, agora pode custar o resultado desejado. Perante tal desafio, falta também saber como irá reagir psicologicamente a tamanha responsabilidade.

São questões que só poderão ser respondidas na Volta a Itália. A oportunidade é mais do que merecida. E agora será a vez de conhecer o outro lado de Geraint Thomas, de conhecer se estamos perante mais um ciclista que poderá enfrentar as grandes voltas com ambição. Richie Porte demonstrou que o poderia fazer, apesar de ter sido perseguido por azares atrás de azares. A qualidade do australiano levou a BMC a apostar nele. Chegou a vez de Thomas, que estando numa equipa tão exigente e sabendo que há outros ciclistas a reclamar igual oportunidade, como Wout Poels, tem a noção que não tem grande margem de erro. Poderá não ser necessária a vitória para garantir a sua nova posição na Sky passe a permanente, mas um top cinco poderá ser o resultado que lhe permitirá ter pelo menos outra oportunidade.

Veja aqui os resultados finais da Volta aos Alpes.

»»Ciclistas abandonam Volta aos Alpes para descansar para a Liège. É legal, mas será correcto?««


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