(Fotografia: Bardiani-CSF) |
A situação pode ser grave para a Bardiani-CSF, mas não deixa de ter contornos insólitos. Michael Bresciani teve uma grande oportunidade para lançar a sua carreira aos 22 anos ao ser convidado pela equipa italiana em Junho. A formação estava no rescaldo de um Giro muito complicado, principalmente emocionalmente, depois de no dia antes do arranque da competição ter perdido Stefano Pirazzi e Nicola Ruffoni devido ao doping. Bresciani ajudava assim a colmatar a ausência de dois importantes ciclistas, ainda que não fosse esperado tanto dele, para já, como era dos dois homens entretanto despedidos, após a contra-análise ter confirmado o primeiro teste. O problema é que logo na sua primeira corrida, Bresciani foi chamado ao anti-doping... e deu positivo.
Este é apenas o insólito número um. Há que explicar que a corrida em causa foi o campeonato nacional, competição na qual os ciclistas da Bardiani-CSF podiam competir, apesar da equipa estar a cumprir uma suspensão devido ao doping de Pirazzi e Ruffoni. O italiano acusou um diurético furosemida (utilizado em casos de acumulação de líquido do corpo), mas apresentou imediatamente uma razão para o resultado: a culpa foi de um medicamento que a mãe toma. Insólito número dois, portanto. Este produto é visto, em casos de doping, como forma de eventualmente ocultar a utilização de outras substâncias.
O jovem sprinter explicou o que pensa ter acontecido à Gazzetta dello Sport: "Sei que não fiz nada de errado. O problema é que a minha mãe toma o Lasix [um diurético] às horas das refeições. Enquanto ela dividia terá ido parar ao meu prato." Numa tentativa de sensibilizar a UCI, Bresciani enviou documentação e até um vídeo, no qual a mãe mostra como divide a medicação na tábua de cortar, o que poderá ter contribuído para a contaminação da comida do filho.
A Bardiani-CSF evitou fazer comentários, mas um dos responsáveis, Roberto Reverberi, adiantou que a quantidade detectada foi muito pequena. O insólito do caso não deverá estar a ser ignorado pela UCI, que, ao contrário do que normalmente acontece, não suspendeu provisoriamente o ciclista. No entanto, Bresciani não voltou a competir e acredita que não poderá ser castigado por nada mais do que um acto negligente.
É ainda assim uma situação difícil para quem tinha conseguido chegar a uma equipa Profissional Continental. Já para a formação italiana é mais um momento de tensão. Este ano já cumpriu um mês de suspensão devido aos casos de Pirazzi (que irá cumprir quatro anos de suspensão) e Ruffoni e agora arrisca a nova pena, que poderá ir dos 15 dias aos 12 meses. Perante a instabilidade quanto a patrocinadores no ciclismo em Itália - país que ficou sem equipas no World Tour com a saída da Lampre (agora UAE Team Emirates) -, chegou-se a temer o pior depois dos dois mediáticos casos. Porém, as empresas envolvidas no projecto garantiram a continuidade no apoio. Agora é mais publicidade negativa, ainda que o caso se esteja a apresentar como insólito.
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