9 de outubro de 2017

"Tenho fome de corridas. Espero voltar em Fevereiro"

Os últimos meses foram muito complicados para Joni Brandão. Um problema de saúde afastou-o da Volta a Portugal que tanto ambicionava ganhar ao serviço da sua nova equipa. Teve de assistir de fora à corrida e o ciclista não esconde que nos primeiros dias nem sequer a seguiu, pois custou estar de fora. Mas uma má experiência pode tornar qualquer um mais forte e Joni Brandão não é excepção. O próprio o admite: "Agora tenho mais vontade do que nunca em voltar e voltar bem."

Joni Brandão foi a grande contratação de um Sporting-Tavira que muito se reforçou em 2017. Era nele que residiam as principais esperanças de conquistar a prova rainha do ciclismo português, depois de nos últimos três anos ter terminado no top dez. Em 2015 foi segundo, atrás de Gustavo Veloso. Evoluiu na Efapel, mas optou por mudar-se para a formação algarvia e ficou desiludido por não conseguir mostrar-se como queria no seu primeiro ano de verde e branco.

"Foi entre Maio e Junho que percebi que não conseguia apresentar-me ao nível de outros anos. Depois dos Nacionais fiz vários exames e comprovou-se que o meu corpo não estava bem", explicou ao Volta ao Ciclismo. "Era o primeiro ano no Sporting-Tavira e o objectivo da equipa era a Volta a Portugal. Sei que a equipa ficou um pouco limitada por eu não estar presente. No entanto, [os responsáveis] compreenderam que eu estar, mas não estar... mais valia não estar mesmo. E os médicos também não me deixariam correr", acrescentou.

O pior já passou e Joni Brandão está de regresso aos treinos, ainda que não a 100%. "Já estou praticamente novo. Só tenho de fazer uma série de exames, mas tenho de esperar algum tempo." Escusado será dizer que o ciclista de 27 anos está com uma enorme vontade de regressar à competição. "Tenho fome de corridas", salientou. Joni Brandão tem uma meta traçada: "Não posso dar a certeza, mas espero voltar em Fevereiro [no arranque da nova temporada]." O objectivo passa por estar na Volta ao Algarve (de 14 a 18 desse mês) e é certo que continuará a vestir as cores do Sporting-Tavira em 2018.

"A primeira vez que vi os ciclistas [do pelotão]... Foi complicado... Não podia competir e não podia fazer nada contra isso. Senti muita tristeza"

A opção de parar foi a melhor para resolver o seu problema de saúde, pois "quanto mais rápido parasse, mais rapidamente seria resolvido", segundo contou. Contudo, falhar a Volta a Portugal foi um rude golpe. "Para ser sincero, não acompanhei nada da primeira parte da Volta, nem estive em Portugal. Estive completamente desligado do ciclismo porque sabia que ia ser muito difícil para mim acompanhar a corrida", recordou. Nos últimos três dias da competição, Joni Brandão reapareceu junto dos companheiros: "A primeira vez que vi os ciclistas [do pelotão]... Foi complicado... Não podia competir e não podia fazer nada contra isso. Senti muita tristeza."

Habituado a estar na luta, ver na televisão provocou uma "sensação estranha" que nem consegue descrever. Na etapa da Torre, que acabaria por decidir a Volta para Raúl Alarcón e tornou a missão do pódio muito complicada para Rinaldo Nocentini, Joni Brandão admitiu o desejo que sentiu em estar ali, na mítica subida na Serra da Estrela. "A minha vontade era pegar neles e metê-los na frente! Gostava muito que um atleta do Sporting-Tavira tivesse conseguido vencer a Volta a Portugal, ou então ter estado no pódio", afirmou.

O ciclista considera que os seus companheiros fizeram tudo para conquistar a corrida, mas também realçou o mérito dos adversários da W52-FC Porto. "Saímos com a cabeça erguida e com o dever cumprido", frisou, recusando considerar a temporada como falhada devido à Volta a Portugal. "Não podemos analisar uma época só pela Volta a Portugal. Não ganhámos nenhuma etapa e não metemos ninguém no pódio, mas fizemos quarto e quinto e isso também não é fácil. Fizemos uma boa Volta ao Algarve e uma boa Volta ao Alentejo. Se calhar este ano também faltou aquela ponta de sorte. Andámos muitas vezes ali quase a ganhar", disse o ciclista.

Joni Brandão salientou ainda que este "é um projecto que não é para resultados imediatos". "Mas claro que os queríamos, mas sabíamos que era difícil. Durante o ano acabámos por estar na discussão de bastante corridas." Agora é altura de pensar em 2018 e fica a garantia: "Vamos deixar tudo na estrada." O corredor de Santa Maria da Feira ainda tem de esperar pelos exames de saúde que faltam fazer, mas a vontade e a ambição estão em alta para um regresso em grande.


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