(Fotografia: Facebook Trek-Segafredo) |
Bauke Mollema vai regressar ao seu estatuto de principal líder para as três grandes voltas no próximo ano e a equipa espera que John Degenkolb possa confirmar as expectativas que este ano foram defraudadas nas clássicas. 2017 não foi um ano de grandes vitórias e sem um nome forte para lnutar pela geral o Giro, Tour e Vuelta, a responsabilidade sobre o alemão é enorme, mas com Giacomo Nizzolo, Fabio Felline e Jasper Stuyven a terem também eles de renderem mais e melhor seja nas clássicas, seja em etapas discutidas ao sprint.
Há também a esperança que sem Alberto Contador, Jarlinson Pantano possa aproveitar alguma liberdade para demonstrar o talento que lhe é reconhecido, mas que tem sido muito utilizado em prol de outros ciclistas. Em 2018, poderá chegar o momento que o colombiano tanto ambiciona, já que Mollema não será líder nas três grandes voltas e mesmo que se cruze com Pantano numa das corridas, o último poderá receber autorização para procurar o seu resultado.
Não se está a falar numa divisão na equipa, mas apenas que a Trek-Segafredo não se pode dar ao luxo de apostar tudo num ciclista que não dá garantias, como é o caso de Mollema. O holandês já se tem mostrado bem em algumas corridas, como aconteceu no Tour em 2016, mas não demonstrou consistência para garantir um pódio. Este ano ficou com um papel secundário em França devido a Contador, mas ganhou uma tirada. E ganhar etapas poderá muito bem ser o objectivo na próxima temporada. No Giro fechou mais um top dez numa grande volta (foi sétimo), contudo, não tem conseguido ir mais além.
A época das clássicas será fundamental. A Trek-Segafredo sente uma enorme saudade de Fabian Cancellara. John Degenkolb deixou a então Giant-Alpecin para recuperar alguma alegria perdida, depois de um ano marcado pelo atropelamento ainda na pré-temporada. Mas o alemão nunca apareceu como um verdadeiro candidato aos triunfos. Fez boas corridas, mas no momento em que estas se decidiram, Degenkolb nunca lá esteve. A equipa investiu forte no ciclista que já conta com uma Milano-Sanremo e um Paris-Roubaix no currículo, mas este demora a reencontrar-se e a temporada até terminou com o germânico a ter de fazer exames devido a problemas de saúde que o estavam a limitar. Deverá regressar aos treinos dentro de duas semanas.
Apostar tudo em Alberto Contador no Tour e Vuelta não resultou, apostar tudo em Degenkolb nas clássicas também não. Em 2018 Giacomo Nizzolo, Fabio Felline e Jasper Stuyven terão responsabilidade acrescida certamente. Vitórias precisam-se, principalmente grandes vitórias. O director Luca Guercilena admitiu ao Cycling News que faltaram estas "grandes vitórias" em 2017, apesar da etapa no Tour e da conquista emotiva do Angliru na despedida de Contador.
É o mesmo que confirma que Geraint Thomas é um objectivo - senão mesmo "o" objectivo - para 2019. O britânico ainda não conseguiu confirmar todo o seu potencial como líder em provas de três semanas, pois uma moto da polícia tirou-lhe essa oportunidade na Volta a Itália. Thomas renovou contrato com a Sky por apenas um ano e Guercilena sabe que será difícil tirá-lo da super estrutura da Grã-Bretanha. Anunciar o interesse publicamente não é por acaso, naturalmente. Guercilena espera assim desde cedo jogar uma carta importante numa eventual dúvida de Thomas em continuar ou não na Sky além de 2019. O ciclista tem 31 anos e a Sky está disposta a dar-lhe mais oportunidades como líder, mas a Trek-Segafredo poderá acenar-lhe com a Volta a França, que Thomas sabe que na Sky estará sempre "tapada" por Chris Froome.
E Fabio Aru?
Há muito que se especulava que a Trek-Segafredo faria tudo para contratar Fabio Aru. Nibali preferiu a Bahrain-Merida, ele que era a aposta da equipa norte-americana para 2017, desejosa que estava em agradar ao seu patrocinador italiano. Com Aru em final de contrato com a Astana, parecia óbvia a escolha. Mas não. Afinal a Trek-Segafredo não estava disposta a fazer tudo para contar com Aru. Depois de vencer a Vuelta em 2015, o ciclista não mais fechou pódio numa grande volta. Estes resultados que não colocam em causa a sua qualidade para este tipo de corridas, contudo, com o ciclista a pedir qualquer coisa como dois milhões de euros (talvez mais) para assinar contrato, a Trek-Segafredo recuou.
Guercilena dizer que ao nível de Contador só estão Froome e Nibali é um recado claro que Aru estará a sobrevalorizasse. A Trek-Segafredo prefere poupar dinheiro para tentar aliciar Thomas, que parece ser alguém que dá mais garantias, pelo menos na opinião de Guercilena. E há que ter em conta que, caso aceite um novo desafio, o britânico trará "a escola" Sky, algo que actualmente valoriza e muito os ciclistas.
Mikel Landa e Rigoberto Uran foram outros dois potenciais líderes que estiveram no mercado. O primeiro irá mudar-se para a Movistar, o segundo renovou com a Cannondale-Drapac. Pelo menos o espanhol interessou à Trek-Segafredo.
Mesmo sem grandes vitórias, a equipa tendo Alberto Contador sempre gozou de um enorme mediatismo. Agora essa porta fecha-se. Não há Contador, não há Cancellara e não há um ciclista carismático para o preencher esse lugar. Mais do que nunca, serão as vitórias que farão a equipa ser falada. E quem sabe, Ruben Guerreiro possa também ele aparecer mais forte, depois de uma temporada de estreia no World Tour com altos e baixos. Um dos altos foi a conquista do campeonato nacional, uma das 17 vitórias em 2017 da Trek-Segafredo, até ao momento. O português é visto como um enorme talento para o futuro.
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