Martingil (segundo à direita) venceu pela segunda vez a corrida das 100 voltas |
Um calor tórrido recebeu o tradicional Festival de Pista de Tavira, no encerramento oficial da época de 2017. O tempo que mais parecia de Verão, convidou à descontracção e esse foi o ambiente predominante, como aliás é tradição. Mas desengane-se quem pense que não há o objectivo competitivo. Quando frente a frente estão ciclistas ambiciosos, muitos são aqueles que se querem impor. César Martingil assim o demonstrou. Outra vez. Pelo segundo ano consecutivo venceu a corrida principal das 100 voltas. Foi o adeus em grande ao estatuto de amador, pois chegou o momento de dar o passo para a elite nacional, estando próximo de assinar o seu primeiro contrato profissional.
"Perdem-se muitos atletas de juniores para sub-23 e ainda mais de sub-23 para elite", salientou ao Volta ao Ciclismo um César Martingil satisfeito por ter a oportunidade de continuar a sua carreira, mas com uma ambição tremenda de ir muito mais longe, ir muito além fronteiras. Há muito que é esse o seu desejo, pelo que a nova equipa - que parece que vai permitir que continue a vestir tons de azul - terá um ciclista motivado em alcançar resultados positivos, além de todo o talento e qualidade que lhe são reconhecidos há uns anos.
O seu gosto por terras algarvias, não se fica por Tavira. "Quero estar nas provas em que me adapto melhor. A Volta ao Algarve é muito importante, pois tem equipas do World Tour", afirmou. E atenção a Martingil em Fevereiro. O ciclista espera começar forte a temporada. "O meu maior desafio será estar contra os melhores. Já consigo bater-me contra os profissionais [em Portugal] e agora será contra os do World Tour [na Volta ao Algarve] no início do ano", referiu. César Martingil (22 anos) considera que terá de trabalhar muito para estar a um bom nível se a oportunidade de enfrentar grandes nomes do ciclismo mundial se proporcionar.
Também se abrem as portas da Volta a Portugal, que "para os portugueses é sempre importante". Porém, o corredor da Liberty Seguros-Carglass não esconde: "Gostava mais de fazer uma Volta a França!" Um passo de cada vez é essencial, pelo que estar na "Grandíssima" será um processo importante para chegar ainda mais alto.
Mas em Tavira foi o momento para uma última taça como amador, como um dos sub-23 de maior destaque em Portugal: "Sempre gostei de vir aqui e ganhar aos profissionais. É sempre um orgulho." E percebe-se esse orgulho, pois em segundo ficou Fábio Silvestre, ciclista do Sporting-Tavira, mas que já passou pelo World Tour, e Samuel Caldeira, corredor da W52-FC Porto e que este ano venceu finalmente uma etapa na Volta a Portugal. O algarvio teve também o momento de consagração ao vencer a corrida de eliminação, enquanto o Louletano-Hospital de Loulé bateu o Sporting-Tavira na final da disputa por equipas, em mais duas das várias corridas de uma tarde intensa de ciclismo.
A festa em Tavira foi mais além da elite, pois também se pôde ver alguns dos jovens cadetes e juniores que tanto sonham em estar um dia no nível dos seus ídolos, alguns ali tão perto por um dia. Também se viu em acção a equipa feminina do Sporting-Tavira, formação representada na máxima força no sector masculino, como só poderia ser, já que "jogava" em casa.
Três das equipas de elite nacionais não se fizeram representar, mas o muito público que marcou presença na histórica pista do Ginásio Clube de Tavira não deu certamente o seu tempo por perdido. Festa é festa e o ciclismo nacional despediu-se com algum espectáculo de 2017, com Amaro Antunes a ajudar, naquela que foi a última competição que fez com a camisola da W52-FC Porto.
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