(Fotografia: Anders/Flickr) |
Há 22 anos, Miguel Indurain entrou num restrito grupo de elite que o ciclismo tem nas corridas de três semanas. O espanhol confirmava o seu estatuto como um dos melhores de sempre ao conquistar o seu quinto Tour. Bernard Hinault, Eddy Merckx e Jacques Anquetil eram os membros do exclusivo grupo, com a diferença de todos eles somarem também outros lugares no pódio na Volta a França, enquanto Indurain quando subiu ao palanque, fê-lo sempre como campeão. Em 2018, Chris Froome pode entrar nesta elite. É o seu objectivo actual de carreira. Muito se fala que deveria tentar ganhar o Giro para ficar com as três grandes voltas e talvez o venha a fazer, mas nunca antes de garantir o seu quinto Tour e talvez mesmo um sexto e tornar-se assim no recordista. Indurain não tem dúvidas: "Acredito que irá igualar-me, mas para o conseguir dependerá muito dos rivais que irá ter ao seu nível."
Aquele que continua a ser a grande referência do ciclismo espanhol, mesmo já tendo passado 20 anos desde que deixou o ciclismo, acrescentou: "Contador retirou-se, mas Nairo Quintana continua ali com Romain Bardet e chegam Tom Dumoulin e Mikel Landa, ainda que sobre este último se está para ver se irá ao Tour ou se apostará na Volta a Itália. O problema de Froome é que a partir do próximo ano terá de lutar contra numa nova geração." Ainda assim, Indurain vê no britânico um forte candidato a mais um triunfo no Tour e não apenas porque está numa equipa fortíssima.
"Se tu não andas, por muito equipa que tenhas, não fazes nada a subir. Quando te apertam na montanha tens de ser tu a responder", salientou em declarações ao jornal espanhol Sport. "Uma boa equipa ajuda a que faças as subidas de forma mais cómoda e vai marcando o ritmo, mas és tu que tens de dar aos pedais", disse Indurain. O antigo ciclista venceu o Giro e o Tour no mesmo ano, em 1992 e 1993, e valoriza o feito de Froome de ter conseguido conquistar o Tour e Vuelta na mesma temporada, com apenas 49 dias a separar as corridas: "Tem muito mérito." Indurain frisou como o britânico há muito que perseguia o triunfo na Volta a Espanha e como soube preparar bem o ataque à corrida depois do Tour.
A título de curiosidade, Miguel Indurain venceu dez etapas durante esses cinco anos em que venceu a corrida. Já Chris Froome vai em sete, mas uma foi em 2012, ano em que foi o braço direito de Bradley Wiggins. Na edição de 2017 não alcançou qualquer triunfo em tiradas.
A título de curiosidade, Miguel Indurain venceu dez etapas durante esses cinco anos em que venceu a corrida. Já Chris Froome vai em sete, mas uma foi em 2012, ano em que foi o braço direito de Bradley Wiggins. Na edição de 2017 não alcançou qualquer triunfo em tiradas.
A entrevista debruçou-se ainda sobre dois ciclistas espanhóis. Primeiro Alberto Contador, que Indurain considera ter tomado a decisão correcta em retirar-se, apesar de ter terminado em alta na Vuelta. "Este tipo de decisões não se baseiam apenas no aspecto físico, mas também no psicológico e na vontade que o ciclista tenha em continuar a sacrificar-se durante todo o ano para se mostrar competitivo no Tour ou numa Vuelta. É muito duro sair para treinar todos os dias a este nível, evitar lesões e doenças. Tens de estar convencido do que estás a fazer", referiu. Afirmou ainda que se poderia querer ver Contador na estrada por mais tempo, mas também se iria exigir que continuasse a ganhar.
Com a saída de Alberto Contador, os espanhóis viram-se para Mikel Landa no que diz respeito às grandes voltas. O ciclista da Sky apareceu finalmente em grande ao serviço da equipa no Tour, depois de há dois anos ter sido uma das figuras do Giro, então na Astana. No entanto, nestas duas vezes teve sempre de respeitar uma hierarquia: Aru em Itália e Froome em França. Como líder, aconteceu sempre algo que limitou a sua ambição em vencer a Volta a Itália. Landa optou por ir para a Movistar, contudo, falta saber como irá funcionar a equipa com Nairo Quintana ainda por lá e a querer em 2018 apostar no Tour, sem passar pelo Giro primeiro. Landa até poderia ser aposta para o Giro, mas já foi dizendo que acredita que pode ganhar a Volta a França. Alejandro Valverde até já disse que não se quer meter no meio de Quintana e do futuro companheiro.
Para Indurain a grande dúvida reside em perceber "como lhe assenta a responsabilidade" de um líder. O ex-ciclista elogiou a temporada que Mikel Landa fez, considerando que, por isso, a Movistar "depositou a sua confiança nele".
Como nota, de referir que Lance Armstrong conquistou sete Voltas a França, já depois do feito de Indurain, mas oficialmente esses resultados não contam para as estatísticas, daí se considerar que Froome poderá ser o próximo a entrar no grupo dos vencedores de cinco Tours depois do ciclista espanhol.
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