11 de setembro de 2016

Como a vitória de Quintana na Volta a Espanha coloca alguma pressão sobre Chris Froome

Pela primeira vez, Quintana atira Froome para o segundo lugar numa grande volta
 (Fotografia: Twitter Team Sky)
A obsessão de Nairo Quintana é a Volta a França. O próprio o admite, o próprio confessou que 2016 foi pensado exclusivamente na prova francesa. Porém, foi em Espanha que o melhor Quintana apareceu, depois de um Tour em que ficou uma imagem de um ciclista completamente dominado por Froome e a Sky, demasiado calculista e com tanto receio em perder o rival britânico de vista que acabou por nunca estar ao nível desejado. Na Vuelta foi um Quintana com uma atitude oposta e isso valeu-lhe a vitória, pois o ataque na 15ª etapa (que terminou em Aramón Formigal) foi a chave da conquista. Já Froome deixou escapar novamente a vitória na Volta a Espanha e falhou ficar na história como o primeiro a ganhar Tour e Vuelta, desde que a prova espanhola se realiza nesta altura do ano. Mas mais importante, Quintana confirma que é o grande rival do britânico para 2017 e está "apenas" a uma vitória no Tour para fazer o pleno nas grandes voltas, enquanto Froome pode continuar a cimentar o seu domínio no Tour, mas tal parece não chegar para se atingir a grandeza que se espera do britânico.

A razão é simples: para um ciclista com a qualidade de Froome exige-se mais e o próprio tem consciência disso. Tem duas possibilidades: ou bate recordes na Volta a França, ou então terá de perseguir com a mesma dedicação um Giro e uma Vuelta para que o seu nome figure na restrita lista dos grandes nomes que conquistaram as três grandes voltas. Não restará grandes dúvidas que Chris Froome irá tentar mais triunfos no Tour, mas enquanto aos 26 anos Quintana poderá entrar para a história, o britânico aos 31 sabe que terá de fazer opções. Se o colombiano conseguir ganhar a Volta a França em 2017 (e tendo em conta a lição que aprendeu este ano, é de acreditar que será um ciclista bem diferente na edição do próximo ano), fará o pleno cedo na sua carreira, que parece destinada a mais conquistas. Tornar-se-á também o terceiro ciclista em actividade a conseguir o feito depois de Alberto Contador (tem sete grandes voltas: três Vueltas, dois Tours e outros tantos Giros) e Vincenzo Nibali (quatro vitórias: dois Giros, um Tour e uma Vuelta).

Chris Froome já escreveu a sua história. Será sempre recordado pelas vitórias incontestáveis no Tour, preparadas ao mais pequeno pormenor por uma super Sky. Porém, depois de três pódios na Vuelta, já se pede que conquiste algo mais além do domínio absoluto do Tour. Um monumento, como Giro di Lombardia, também não lhe ficaria nada mal... O próprio já chegou a abrir portas a uma participação na Volta a Itália, mas será que a Sky está preparada para colocar em causa a Volta a França em troca por uma hipotética vitória no Giro? Ou então, Froome também deixou a entender este domingo que poderá voltar a tentar a dupla Tour/Vuelta.

Porém, com a 100ª edição do Giro a ser preparada, com promessa de ser um percurso que proporcione grandes momentos de ciclismo, a organização até quer contar com os melhores ciclistas. Quintana irá novamente atacar o "sueño amarillo" do Tour e regressará à Vuelta, mas irá Froome resistir à tentação de tentar vencer a Volta a Itália num aniversário tão especial, depois de ter vencido a 100ª edição do Tour? Certamente que seria um momento único para a história do ciclismo, apenas ao alcance do britânico.

»»Froome, Contador e Quintana no Giro? O ambicioso objectivo para a 100ª edição««

Sem comentários:

Enviar um comentário