9 de setembro de 2016

Chris Froome e a definição de um super contra-relógio

Foi a segunda vitória de etapa para Froome nesta Vuelta (Fotografia: Team Sky)
Exibições como a de Chris Froome estão apenas ao alcance de um escasso número de ciclistas. O que o britânico fez é a definição de um super contra-relógio que vai além das características que se tem para esta especialidade, o treino específico ou a condição física. Um contra-relógio como aquele também tem muito de força mental e a de Froome foi uma resposta que assustou Nairo Quintana, convencido que não perderia mais de um minuto nos 37 quilómetros entre Xàbia e Calp. A diferença foi 2:16, numa vitória avassaladora de etapa para Froome (44 segundos para o segundo classificado Jonathan Castroviejo). O que significa que este sábado, Quintana tem de defender 1:21, muito longe do conforto dos 3:37 antes do contra-relógio.

A vantagem tem tudo para ser mais do que suficiente para o colombiano segurar a camisola vermelha. Porém, para a derradeira etapa de decisão, coloca-se a questão: quem recuperará melhor do esforço do contra-relógio? Chris Froome foi completamente a fundo, mas também Quintana não se poupou a esforços. Não o podia fazer, principalmente, quando aos 12 quilómetros já estava a perder 46 segundos, ou seja, perto da margem que tinha colocado para a distância total. No final, Quintana passou a mensagem que se sentia bem, mas foi difícil esconder algum mal-estar pelo resultado inesperado. Do lado da Sky, regressa a confiança, Froome recolocou-se na corrida pela vitória na Vuelta. Desde que perdeu tempo na etapa do ataque de Alberto Contador e Nairo Quintana, o britânico tem mantido o discurso que não era momento para loucuras, mas para manter o plano. Qual será o plano para sábado? Inevitavelmente passará por atacar. Ficaremos à espera da altura e da reacção de Quintana, que quererá colocar-se a Froome até ao Alto de Aitana.

No entanto, a etapa deverá ter mais animação do que apenas um confronto Quintana/Froome. Johan Esteban Chaves saiu do pódio e agora tem 1:11 para recuperar para Alberto Contador. O ciclista da Orica-BikeExchange quer repetir a presença entre os três primeiros numa grande volta, depois do segundo lugar no Giro. O colega Simon Yates também perdeu uma posição e já deu para perceber que os dois entendem-se às mil maravilhas e podem muito bem tirar proveito dessa relação.

Será difícil a Chaves - que foi dobrado por Froome no contra-relógio - recuperar a posição no pódio. A sua performance no esforço individual foi fraca (fez mais 3:13 que o vencedor) e mesmo que se sinta bem na montanha, também Alberto Contador tem melhorado de dia para dia. Ainda assim, o espanhol não ficou completamente satisfeito com o resultado desta sexta-feira. Fica a sensação que o pódio é um prémio menor para alguém que queria ganhar a sua quarta Volta a Espanha e que deixou indicações que ainda vai tentar algo... à Contador!

Uma luta pelo pódio que poderá ter interferência na disputa pela vitória da Vuelta, caso volte a verificar-se alguma aliança, do género Quintana/Contador. O colombiano parte claramente como favorito, tendo em conta como se comportou numa Volta a Espanha de extrema dureza. Porém, o contra-relógio permitiu devolver a emoção até à derradeira etapa antes da de consagração. E a Vuelta ensinou-nos nos últimos anos a esperar o inesperado. Que comece a última dose de espectáculo!

Samuel Sánchez caiu e top dez ainda está por definir

O top dez sofreu algumas alterações e não está fechado. Haverá certamente lutas por posições, mas nessas disputas não deverá Samuel Sánchez. O ciclista da BMC tem estado a fazer uma boa competição e aos 38 anos preparava-se para fechar nos dez primeiros. Porém, uma queda no contra-relógio estragou-lhe a Vuelta, de tal forma que não se sabe se partirá para a etapa de sábado. A violência da queda foi tal que a bicicleta ficou destruída e o ciclista foi transportado para o hospital após terminar muito lentamente a etapa, a 6:29 de Froome.

O espanhol caiu para o 12º lugar, a 12:27 minutos de Quintana. Entre o sétimo e décimo classificado a diferença é de 1:13, com David Formolo (Cannondale-Drapac) a fechar esta parte da tabela, mas George Bennet (Lotto-Jumbo) tem ainda uma hipótese visto estar a 50 segundos do italiano.

Por decidir está também a classificação da montanha. O francês Kenny Elissonde (FDJ) e o espanhol Omar Fraile (Dimension Data) estão separados apenas por apenas três pontos.

Etapa 20: Benidorm-Alto de Aitana / Escuadrón Ejército del Aire (184 quilómetros)


Esta última etapa é o epílogo perfeito. Quatro segundas categorias e atenção às descidas, até que tudo termina numa categoria especial, como só poderia ser nesta competição tão montanhosa. A pendente média é de 5,9% e serão 21 quilómetros até à meta (ver em baixo).




Resumen - Etapa 19 (Xàbia / Calp) - La Vuelta a... por la_vuelta

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