26 de junho de 2017

Volta a Portugal: a opinião dos directores desportivos e não só

Conhecido o percurso da Volta a Portugal entrou-se em contagem decrescente para o início da corrida, a 4 de Agosto em Lisboa. A preparação dos ciclistas começou há muito, mas agora será mais específica, a pensar nos pormenores que podem ser decisivos nos 11 dias de competição. O que pensam os directores desportivos das equipas portuguesas da 79ª edição? O Volta ao Ciclismo falou com os seis e ainda com Sérgio Paulinho, ciclista presente na apresentação desta segunda-feira, e também com Joaquim Gomes, o director da Volta a Portugal.

Aqui ficam as declarações em discurso directo:

Américo Silva (Efapel): "É um percurso que não difere muito do da Volta do ano passado. Eventualmente é um pouco mais fácil. A etapa da Serra da Estrela, que é a que faz as grandes diferenças entre os principais favoritos, como era de prever no ano passado não o fez e este ano ao subir só uma vez, a situação irá repetir-se. Mas logicamente subir só uma vez a Serra da Estrela é só por si já um factor de uma Volta a Portugal menos dura, tendo em conta que só temos duas etapas míticas: a Serra da Estrela e a Senhora da Graça. Gosto do percurso para o Sérgio Paulino. A época está a correr-nos bem, muito embora sem demasiada visibilidade, mas penso que estamos num bom caminho para estarmos a disputar a Volta a Portugal com o Sérgio. Até mesmo por isso [apenas uma passagem na Torre] é uma Volta que se adapta às características dele. Estou muito confiante."

José Augusto Silva (LA Alumínios-Metalusa-BlackJack): "O percurso tem algumas partes que serão mais complicadas para as equipas, mas não tem a chegada mítica ao alto da Serra da Estrela. Depois, a mudança de dia da Senhora da Graça... Acho que a nível de adeptos de ciclismo é um pouco prejudicial. Apesar de ser um mês em que está muita gente de férias, há outros que estão a trabalhar e acho que poderia ter muito mais gente se fosse no fim-de-semana como era até aqui. Fora disso, não é por isso que vai faltar luta e considero que vai haver o suspense normal até ao final da Volta por causa do contra-relógio final. Em princípio até é mais acessível aos que não são contra-relogistas por não ser tão longo, mas acho que vai haver suspense até final. Se calhar a chegada ao alto da Torre seria preferível [para o Edgar Pinto]. Mas haverá outras situações que nos serão favoráveis. Temos de nos adaptar ao percurso."

Jorge Piedade (Louletano-Hospital de Loulé): "O percurso não foge muito aos dos outros anos. Poderá ter uma etapa ou outra mais dura, como a etapa de Fafe, que vai passar o Viso. De resto, penso que as decisões da Volta serão tomadas nos palcos onde todos os anos se fazem: na passagem pela Torre e chegada à Guarda, contra-relógio e na Senhora da Graça. A etapa de Santo Tirso também poderá fazer algumas diferenças. Logicamente que serão os pontos chaves da Volta a Portugal. Penso que as diferenças que seriam ser feitas na Torre ou na chegada à Guarda serão idênticas. A fase da etapa depois da Torre é muito dura, com a chegada de terceira categoria no final e acaba por fazer diferenças como se a chegada fosse na Serra da Estrela. O ano passado provou-se isso."

José Santos (Rádio Popular-Boavista): "Penso que é um percurso que não foge muito ao que é tradição das provas da Podium [organizador da Volta a Portugal]: os contra-relógios, não tem a chegada na Torre... Tem a subida do Viso, uma nova, que pode tornar as coisas mais difíceis. É um percurso que não foge muito ao que tem sido tradição na Volta a Portugal nos últimos anos. Vamos tentar ganhar uma etapa e discutir a geral. Vamos ver com quem. A equipa é muito homogénea e tem três ou quatro ciclistas que podem estar bem: o João Benta, o Domingos Gonçalves, não sei como vai ser o comportamento do Egor Silin. Nunca estarei satisfeito [com o percurso] porque uma prova deste género com dois contra-relógios não se justifica."

Vidal Fitas (Sporting-Tavira): "Os pontos que fazem a diferença são basicamente os mesmos todos os anos: o contra-relógio - mais ou menos plano -, há-de ser a etapa da Serra da Estrela e Senhora da Graça e depois há sempre mais uma ou outra que aparece todos os anos. Este ano, talvez a subida à Nossa Senhora da Assunção, em Santo Tirso, mas não acredito que seja significativa para apurar o vencedor da Volta. Não tem muitas novidades ao que o percurso costuma ser. No ano passado a Volta teve um vencedor diferente dos prognósticos porque foi algo proporcionado pelo percurso e este ano poderá acontecer a mesma coisa. Foi uma situação excepcional, que poderá repetir-se. Não conseguimos adivinhar, mas a corrida deverá ser decidida nos pontos habituais. [Não acabar da Torre] no ano passado beneficiava o Alejandro [Marque] e ele ficou no segundo grupo dos seis minutos, o Rinaldo [Nocentini] apanhou 20... A etapa é relativamente igual e ela faz diferença dependendo como a subida é feita e a parte final também é selectiva. Irá depender de como as equipas irão abordar, se atacam ou não. O que é de realçar é essa etapa estar no penúltimo dia da Volta. Independentemente de não terminar lá em cima, já serão dez dias de corrida e torna-se uma etapa complicada. Marcará diferenças de certeza absoluta."

Nuno Ribeiro (W52-FC Porto): "É um bom percurso. Será duro. Poderia ter uma chegada à Torre. Temos uma equipa forte que vai estar na luta e estamos a trabalhar nesse sentido."

Sérgio Paulinho (Efapel): "Gostei do percurso. É idêntico ao que tem sido nos últimos anos, principalmente do ano passado. Vai ser uma Volta muito dura. A única etapa que poderá ser mais tranquila será a que tem chegada a Setúbal (a segunda). A partir daí serão etapas muito exigentes a nível de temperaturas, percurso... Vai ser uma Volta muito, muito exigente. Para mim acho que assenta bem. Não tendo a chegada à Torre acaba por me favorecer um pouco mais e o contra-relógio. Iremos tentar vencer a Volta. Estou a ganhar confiança e a preparação está a correr bastante bem."

Joaquim Gomes (director da Volta a Portugal): "Eu divido esta Volta em três partes. Uma primeira parte vai ter o prólogo em Lisboa, a etapa mais longa que vai recuperar o Alentejo e termina em Castelo Branco com mais de 200 quilómetros, a Beira Alta e Trás-os-Montes, percursos sempre muito agrestes onde vamos ter a chegada a Bragança, a Senhora da Graça surge logo nos primeiros dias e será o primeiro decisivo. Depois há uma sequência de etapas de transição, daquelas que há primeira impressão se pode pensar que não são muito importantes, mas têm um índice de dificuldade tão acima da média, que de um momento para o outro, perante um desfalecimento de um protagonista, podem virar a classificação. Refiro-me na chegada à Viana de Castelo, a Fafe e a etapa rainha da Volta, com chegada à Guarda e passagem na Serra da Estrela, na vertente Sabugueiro-Torre. O final dessa etapa é muito difícil. Se restar força a alguém, temos os 20 quilómetros de Viseu exigentes física e animicamente, porque os segundos serão fundamentais. Acho que juntá-mos os ingredientes que podem fazer desta Volta um grande sucesso. Todos os anos a Volta a Portugal é exigente e o principal apelo que se faz aos ciclistas é a capacidade de recuperação. Só um lote de 15/20 corredores dos 160 têm capacidade para lutar pela discussão da geral. Depois há os que têm capacidade para lutar nos sprints, ou entrar nas fugas. Ou seja, todos terão a sua oportunidade.

Veja aqui as etapas da 79ª edição da Volta a Portugal.

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