9 de junho de 2017

Como o YouTube pode ajudar a melhorar a técnica de um sprinter

(Fotografia: Stiehl Photography/Bora-Hansgrohe)
Longe vão os tempos em que ciclistas e equipas tinham de se preocupar em gravar nas cassetes de vídeos as etapas das provas que eram transmitidas na RTP. Mais tarde o satélite deu acesso ao Eurosport, antes do cabo tomar conta do mercado. As gravações eram uma ajuda, mas os ciclistas faziam-se valer muito da experiência de outros para aprender. As novas tecnologias marcam uma nova era e o ciclismo não é excepção. Cassetes de vídeo? Hoje são uma relíquia para quem cresceu principalmente nos anos 80. Agora a internet é um mundo e o YouTube uma janela para... tudo e mais alguma coisa. Saber que um ciclista pegou no seu computador e passou horas a ver vídeos no YouTube para melhorar a sua técnica de sprint é agora algo curioso. Daqui a dez anos (ou menos) é provável que seja algo absolutamente natural e que nem se fale disso.

Mas vamos aproveitar que actualmente se vê a confissão como algo engraçado. "Via os sprints da Volta a França. Via e voltava a ver para ver onde os ciclistas se colocavam, como se moviam no pelotão, como se comportavam e a sua linguagem corporal." A confissão foi feita por Sam Bennett, o sprinter irlandês da Bora-Hansgrohe e que aos 26 anos tenta impor-se entre os melhores do mundo. O seu ídolo era Robbie McEwen, o australiano que foi uma das figuras do sprint mundial no início do século. "Via e revia todos os sprints dele. Porque ele? Porque ele conseguia sprintar sem comboio e eu gosto disso. Gosto da confiança dele."

A forma de sprintar de Robbie McEwen ainda hoje é recordada precisamente por esse factor. O australiano tinha uma capacidade espectacular de procurar as melhores rodas para se colocar na posição certa para lutar pelas vitórias, não precisando de grande ajuda da equipa. McEwen somou 73 triunfos na carreira, nos quais se destacam as 12 etapas no Tour e outras tantas no Giro.

Bennett admitiu, durante a Volta a Itália, que continua a ver as imagens de Robbie McEwen, ainda que não passe tantas horas como quando era mais jovem. "Não ando a ler livros e a estudar. Vejo os vídeos no YouTube", salientou. Para já, McEwen inspirou Bennett para 13 vitórias, uma das quais no World Tour, alcançada este ano no Paris-Nice. No Giro bem tentou, conseguindo três terceiros lugares e um segundo. Fernando Gaviria não lhe deu hipóteses de fazer melhor, tendo Caleb Ewan sido superior numa das tiradas.

Se realmente resulta estudar vídeos no YouTube e alguns podem não ter a melhor qualidade, pois na época de McEwen, por exemplo, os vídeos não eram muito pensados para a internet, só podemos imaginar como será daqui a uns anos, com os jovens talentos do presente a terem acesso a inúmeros vídeos em alta definição de Marcel Kittel, Mark Cavendish, André Greipel, Fernando Gaviria... Mas lá está, esta deverá ser das poucas vezes (talvez a única) que vamos achar curioso um corredor tentar aprender um pouco mais a ver ciclistas no YouTube!

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