21 de junho de 2017

Mikel Landa, o pretendido. Espanhol até já estará a recusar propostas

Parece ser cada vez mais provável que Mikel Landa não vestirá a camisola da Sky
em 2018. Na imagem, a vitória do espanhol na classificação da montanha no Giro
(Fotografia: Giro d'Italia)
A passagem pela Sky não está a ser tão produtiva como Mikel Landa e os responsáveis da equipa britânica esperavam. No entanto, o espanhol continua a ser um dos ciclistas de grande potencial e parece que quase não há formação do World Tour que não o queira. Apesar da permanência da Sky não estar completamente excluída, a verdade é que Landa já percebeu que dificilmente será um líder indiscutível num conjunto com tantos corredores de qualidade a exigirem e a merecerem oportunidade de lutar por vitórias em grandes voltas, além de Chris Froome. A liderança partilhada com Geraint Thomas no Giro foi uma desilusão para o espanhol, numa corrida que acabou por correr mal à equipa, com Landa a salvar a honra de todos com uma vitória de etapa e com a conquista da classificação da montanha. Desde que se soube da tal liderança a dois para a Volta a Itália, que se especula sobre a saída de Landa da Sky. Pretendentes não faltam, mas agora surge a Movistar como destino provável do ciclista de 27 anos.

A primeira equipa a ser apontada como destino de Mikel Landa foi a Astana. Seria um regresso surpreendente, já que o espanhol deixou a formação cazaque para procurar espaço noutra equipa e não ficar como gregário de Fabio Aru. Porém, a Astana estaria disposta a dar-lhe a liderança na Volta a Itália e eventualmente na Vuelta, dependendo de Aru. A permanência na Sky também foi muito falada depois de Landa ter feito um bom Giro, tendo em conta que a queda provocada por uma moto da polícia tirou os dois líderes da Sky da discussão na geral. Ainda assim, a saída parece ser a escolha de Landa.

Esta terça-feira, notícias no El País e na Gazzetta dello Sport indicam que Landa poderá ficar "em casa". O jornal espanhol revela umas declarações do director desportivo da Movistar que dão conta do desejo de contar com o corredor que fez pódio no Giro há dois anos. "Claro que gostaria que o Landa vestisse as nossas cores. Assinaria com ele neste momento. Mas é complicado, Além do mais, nenhuma equipa tem o direito de negociar com um ciclista até Agosto e, por isso, não vou dizer mais nada", referiu Eusebio Unzué.

A oficialização de contratos só pode ser feita a partir de 1 de Agosto, mas tal não significa que as negociações não decorram antes, quando um ciclista está em final de contrato. É raro acontecer quando os atletas têm vínculos de mais de um ano.

Este interesse da Movistar não é novo, pois já em 2013, quando a Euskaltel-Euskadi terminou, Unzué quis Landa na equipa, mas este optou pela Astana. O El País falou ainda com o representante do ciclista, Jesus Ezkurdía, que assegurou que Mikel Landa não está só à procura de dinheiro, mas que dá grande importância à garantia de ter um papel de líder. O mesmo jornal refere ainda que o ciclista recusou propostas da UAE Team Emirates e da BMC. A primeira equipa, que conta com Rui Costa, recebeu uma injecção financeira importante com a chegada do patrocínio da companhia aérea e é normal que procure reforçar-se com um grande nome para as três semanas. O ciclista português entrou numa fase da carreira em que aposta mais em vitórias de etapas, sobrando Louis Meintjes.

Quanto à BMC, a equipa norte-americana vai dando indicações que perdeu a confiança em Tejay van Garderen, que no Giro terá desperdiçado a última oportunidade para se mostrar como líder numa grande volta. Rohan Dennis está num plano de evolução a quatro anos e não vá o australiano querer mesmo cumpri-lo e não tentar aparecer antes, é normal que a BMC procure outro líder para as três semanas além de Richie Porte, que tem 32 anos.

Há ainda que recordar que também a Bahrain-Merida tem Mikel Landa no topo da lista para reforçar a equipa para 2018. Dinheiro não falta na equipa, que bem precisa de mais um líder já que tem apenas Vincenzo Nibali.. O italiano falhou o objectivo no Giro e não é exactamente a maior das garantias de mais vitórias em grandes voltas, apesar de já ter vencido as três. Porém, a formação do Médio Oriente terá de se reforçar com nomes fortes para apoiar Landa caso queira convencê-lo, algo que será muito improvável estando a Movistar na "luta" pelo ciclista.

A Gazzetta dello Sport é mais peremptória na sua notícia. O jornal italiano dá mesmo como feita a transferência para a Movistar pelo menos por um ano, faltando só a confirmação oficial, que só pode acontecer a 1 de Agosto, como já foi referido. A caminho da Movistar estará também a caminho um dos novos talentos espanhóis: Jaime Rosón. Aos 24 anos, o ciclista apareceu em grande ao serviço da Caja Rural em 2017, principalmente na Volta à Croácia, que perdeu por oito segundos para Nibali.

Mas quanto a Landa, a confirmar-se a mudança para a Movistar, o espanhol não terá em causa a liderança no Giro, tendo depois de esperar por Quintana para saber qual o seu papel na Vuelta. O colombiano dificilmente voltará tão cedo a tentar a dobradinha Giro/Tour. Claro que há ainda Alejandro Valverde que aos 37 anos continua a ganhar a um ritmo incrível. Será ele o líder na Volta a Espanha em 2017, em condições normais, e Valverde terá sempre um papel de destaque na Movistar até que decida terminar a carreira. Tem contrato até 2019, pelo que ainda haverá muito Valverde para ver nos próximos anos. Landa iria completar um trio de líderes de luxo e que permitirá à Movistar de lutar nas três grandes voltas com ciclistas diferentes. Landa poderá ser também o sucessor de Valverde, para as três semanas, quando o veterano corredor decidir abandonar.

Mikel Landa deverá ser um dos homens chamados pela Sky para o Tour. O próprio já admitiu essa possibilidade, referindo que a equipa ainda durante o Giro lhe disse que seria necessário mais um trepador para estar ao lado de Chris Froome, que irá atrás da quarta vitória na corrida. Na Movistar provavelmente não se livrará de ter de ajudar em algumas ocasiões Nairo Quintana. Contudo, tendo em conta que a vida na Sky não está a ser o conto de fadas que esperava, a mudança para a Movistar poderá ser benéfica até para recuperar alguma da confiança perdida pelo conjunto de azares que o tem perseguido na sua passagem de dois anos pela formação britânica.

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