8 de janeiro de 2020

Bjarne Riis está de volta ao World Tour

(© Velo Steve/Flickr/Wikimedia Commons)
Desde que em 2015 a relação com Oleg Tinkov azedou de vez e o Bjarne Riis deixou a então Tinkoff-Saxo, que o dinamarquês andava longe do World Tour, mas não longe do ciclismo. O seu possível regresso já havia sido notícia noutras ocasiões, o mais recente quando começaram os problemas com a Katusha-Alpecin. Porém, é através da sul-africana NTT que o antigo ciclista vai voltar ao mais alto nível da modalidade, novamente como director.

O nome Bjarne Riis é daqueles que causa sempre alguns calafrios, pois é mais um dos exemplos dos esquemas de doping que mancharam toda uma era da modalidade. Em 2008 admitiu que entre 1993 e 1998 recorreu a substâncias como EPO, hormonas de crescimento e cortisona para melhorar as suas performances, incluindo na Volta a França de 1996, que venceu. Terminou a carreira em 2000, mas como director tornou a CSC numa das melhores equipas do pelotão. Venceu o Tour com Carlos Sastre em 2008 e contou com ciclistas como Laurent Jalabert, os irmãos Schleck, Fabian Cancellara, Stuart O'Grady e Jens Voigt, por exemplo. Foi a sua admissão de recurso ao doping que levou à perda de patrocinador, mas a equipa continuou como Saxo Bank, com Tinkoff a chegar em 2012.

Quando deixou a equipa, Riis não ficou afastado do ciclismo. É um dos donos do grupo Virtu Cycling, em parceria com os empresários Lars Seier Christensen e Jan Bech Andersen. O grupo tem, entre outros serviços, uma agência de viagens, equipamentos e material para bicicletas. Nos últimos anos patrocinou uma equipa de ciclismo feminina, que terminou em 2019. Riis, o director da formação, procurava mais patrocinadores, que ao não surgirem levou à decisão de colocar um ponto final no projecto.

Agora a Virtu Cycling "investiu num terço das acções da empresa operacional por trás da NTT Pro Cycling", como é explicado no comunicado divulgado esta quarta-feira. Esta operação significa a entrada de Bjarne Riis na equipa. "Juntos [Riis e Douglas Ryder, director geral da NTT] acredito que podemos levar a equipa ao próximo nível e torná-la numa que todos - ciclistas e staff - querem fazer parte", salientou o dinamarquês de 55 anos.

NTT Pro Cycling é o novo nome da Dimension Data (anterior MTN-Qhubeka), equipa sul-africana criada em 2007, que foi subindo de escalão até se estrear no World Tour em 2016. Apesar de um primeiro ano fantástico, muito por culpa das quatro vitórias de Mark Cavendish no Tour, mais a de Steve Cummings, desde então que a equipa tem ficado entre as últimas do ranking. Em 2019 conquistou apenas sete vitórias e só uma numa corrida World Tour (primeira etapa do Critérium du Dauphiné, por Edvald Boasson Hagen).

Douglas Ryder salientou a experiência que Riis traz à equipa, acreditando que a NTT poderá "alcançar grandes resultados" e tornar-se numa das melhores do mundo nos próximos anos. No entanto, não é esquecido o lado solidário deste projecto, que é para manter. Através da Qhubeka têm sido distribuídas milhares de bicicletas a crianças em África, numa forma de não só promover o ciclismo, mas principalmente em dar uma forma de transporte. Em 2019 foi atingida a marca das 100 mil bicicletas oferecidas.


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