31 de dezembro de 2019

Momentos de 2019 em Portugal

2020 está já aí, mas antes de se olhar para o novo ano, aqui ficam cinco marcos da época  por cá, com um inevitável destaque para a Volta a Portugal, mas sem esquecer como uma das novas estrelas do ciclismo mundial começou a mostrar-se nas estradas algarvias.

Emoção final na Volta a Portugal
(© Podium/Paulo Maria)
É inevitável começar pelo emocionante última dia de Volta a Portugal. Dois ciclistas partiram em igualdade pontual, com Joni Brandão de amarelo. Tinha a experiência do seu lado, sendo um ciclista que já havia subido ao pódio. O rival era o jovem João Rodrigues, que em dois anos teve uma rápida ascensão na hierarquia da W52-FC Porto, tendo trabalhado muito o contra-relógio. Naquele 11 de Agosto, num Porto vestido de azul e branco, Rodrigues fez valer essa aposta no esforço individual e bateu o rival da Efapel, deixando-o a 27 segundos. A emoção desportiva só beneficiou daquele ambiente sensacional na Avenida dos Aliados, num dos finais mais bonitos de anos mais recentes na Volta a Portugal. Foi uma corrida que por si só até merece outros destaques, como as vitórias de Rodrigues e de António Carvalho na Serra da Estrela (foi o regresso da Torre como local de meta) e Senhora da Graça, respectivamente, sem esquecer o triunfo no nevoeiro da Serra do Larouco de Luís Gomes, da Rádio Popular-Boavista.

Emanuel Duarte venceu juventude na Volta e conquista a do Futuro
(© Podium/Paulo Maria)
Mas destaca-se outro momento na Volta a Portugal, alargado depois à do Futuro. A vitória de Emanuel Duarte foi importante para mostrar a relevância da aposta de três equipas em serem Continentais sub-25 (denominação que não existirá em 2020, mantendo-se o escalão). Não foram anos fáceis para LA Alumínios-LA Sport, Miranda-Mortágua ou UD Oliveirense-InOutBuild, mas todas tiveram os seus momentos e a vitória de Ramalho na classificação da juventude da Volta a Portugal foi o ponto alto. O ciclista da LA Alumínios-LA Sport sofreu para segurar a camisola branca e fê-lo por apenas dois segundos frente ao basco Urko Berrade (Fundação Euskadi), mas tornou-se no primeiro português a conseguir esta camisola desde David Rodrigues em 2014. Foi naturalmente um momento ofuscado pela vitória de João Rodrigues na geral, mas a conquista de Emanuel Duarte merece reconhecimento, sem esquecer que foi depois à Volta à Portugal do Futuro vencer a amarela.

Henrique Casimiro conquista Troféu Joaquim Agostinho
(© João Fonseca Photographer)
Uma vitória que também envolveu muita emoção, mas numa perspectiva diferente: "É uma vitória que dedico à família. Há seis anos, quando fiz terceiro, a minha esposa, que estava grávida, perdeu a nossa filha. Ficou prometido que venceria o Troféu Joaquim Agostinho para lhe dedicar. Mais do que um objectivo desportivo, este era um compromisso pessoal." Henrique Casimiro cumpriu a promessa e foi um homem muito emocionado no final de uma das mais importantes corridas do calendário nacional. Em 2018, quatro segundos separaram-no do primeiro lugar, em 2019 eram oito os que o mantinham novamente em segundo antes da última etapa. No Montejunto não ganhou, mas alcançou a diferença necessária para tirar a amarela a Gustavo Veloso, que até caiu para quinto. Um grande dia para um ciclista que tem sido tão importante na Efapel, muito regular e de confiança quando está na ajuda aos líderes. Prepara-se para um novo desafio na Kelly-InOutBuild-UDO.

Pogacar ascende ao estrelato no Algarve
(© João Calado/Volta ao Algarve)
O actor principal foi um esloveno, mas o palco foi a Volta ao Algarve, a corrida de categoria mais elevada na UCI em Portugal. Por isso, aqui se coloca como um dos momentos a vitória de Tadej Pogacar (UAE Team Emirates) primeiro no Alto da Fóia, numa exibição que - perante o que se viu mais tarde na época - foi apenas uma demonstração da enorme qualidade deste ciclista. Em segundo, o destaque vai para a conquista da Algarvia, numa luta no Malhão em que não baixou os braços e assim venceu, no seu ano de estreia no World Tour, a primeira corrida de uma carreira que tanto promete.

Mais um jovem a mostrar-se
(© João Fonseca Photographer)
A Vito-Feirense-PNB tem feito questão de ter no seu plantel ciclistas que, terminada a fase de juniores, possam evoluir como sub-23 numa estrutura profissional. A pressão é, naturalmente reduzida, mas a ambição destes jovens é sempre enorme. Pedro Andrade tornou-se num dos rostos da nova geração por dois motivos. Primeiro surpreendeu ao conquistar a sua primeira vitória, com apenas 19 anos, na quarta etapa do Grande Prémio Abimota (23 de Junho), num triunfo em que não se pode esquecer a ajuda de outro ciclista jovem da equipa, João Barbosa. Segundo, Pedro Andrade tornou-se no próximo português a entrar numa das melhores equipas de formação mundial, a Hagens Berman Axeon, que irá representar em 2020. Seguirá os passos de Ruben Guerreiro, os gémeos Oliveira, João Almeida e André Carvalho. Este último será companheiro de equipa de Andrade, filho de Joaquim Andrade, director da Vito-Feirense-PNB e antigo ciclista, e neto de um corredor que venceu a Volta a Portugal, também de nome Joaquim Andrade.

120 anos da Federação Portuguesa de Ciclismo
Há que não deixar passar esta marca. É a federação mais antiga de Portugal, numa modalidade que continua a ser das mais admiradas no país, tanto entre os que seguem as corridas, como aqueles que não dispensam a bicicleta na sua vida. O trabalho do organismo abrange hoje todos, os profissionais, os amadores, aposta nas crianças num programa de apoio que chega às escolas. Mas o Ciclismo para Todos é mesmo para todas as idades. É impossível não destacar o trabalho nas selecções que tantas medalhas tem rendido, na estrada, na pista (que está perto de um apuramento inédito para os Jogos Olímpicos) e no BTT. Hoje temos dois campeões do mundo de elite, Tiago Ferreira (BTT - XCM) e Rui Costa (estrada).




30 de dezembro de 2019

Mais um ano de vitórias, uma nova figura central, mas um 2020 a começar com uma preocupação

(© João Fonseca Photographer)
A nível interno foi um ano habitual para a W52-FC Porto. Ou seja, soma vitórias durante todo o ano, com diferentes ciclistas e termina a ganhar a Volta a Portugal. A novidade chamou-se João Rodrigues, que aproveitou a oportunidade para se tornar numa das figuras do ciclismo nacional. Há um ano foi o gregário de luxo de Raúl Alarcón, em 2019 foi ele o dono da camisola amarela na Volta. Porém, sendo Profissional Continental, olhava-se para a W52-FC Porto com outra responsabilidade a nível internacional. Somou alguns top dez, mas não será aposta para continuar.

Apesar da subida de escalão, o director desportivo Nuno Ribeiro deixou sempre bem claro que os objectivos internos mantinham-se inalterados. E mais uma vez esta W52-FC Porto demonstrou todo o seu poderio, reforçado por ser Profissional Continental. Plantel maior e reforçado com referências das equipas rivais, como Daniel Mestre e Edgar Pinto (Efapel e Vito-Feirense, respectivamente), recuperando Joaquim Silva e Rafael Reis (estavam na Caja Rural) e começando o trabalho com dois jovens da Miranda-Mortágua, Jorge Magalhães e Francisco Campos.

É este lado de desenvolver jovens da W52-FC Porto que se tem de falar dado o sucesso de João Rodrigues. Está desde 2016 na equipa, tem apenas 25 anos e foi sendo preparado precisamente para o momento que viveu em Agosto, numa Avenida dos Aliados com um ambiente sensacional para consagrar o vencedor da Volta a Portugal. O plano inicial era ser aposta no início da temporada, para ser testado no papel de líder. Ganhou a Volta ao Alentejo, tendo no contra-relógio alcançado a sua primeira vitória como profissional.

A Volta era para Raúl Alarcón, que ia procurar a terceira conquista. Caiu no Grande Prémio Abimota, partiu a clavícula e ficou de fora. Gustavo Veloso foi chamado para substituir e há muito que não se via o espanhol àquele nível. Mas era a Volta de Rodrigues, que não se assustou com um Joni Brandão (Efapel) forte. O colectivo da W52-FC Porto voltou a fazer a diferença e no final, quando tudo dependia só dele, Rodrigues fez valer toda a sua preparação nos últimos dois anos para se tornar num bom contra-relogista. António Carvalho, Ricardo Mestre, Daniel Mestre (vencedor da classificação dos pontos), Edgar Pinto e um Samuel Caldeira que foi uma autêntica locomotiva a puxar o pelotão em muitas etapas, controlaram a corrida. A equipa venceu ainda cinco etapas, incluindo na Serra da Estrela e na Senhora da Graça!

Mas há que dar valor a toda a temporada. 18 vitórias (etapas, clássicas e classificações gerais), ao que se junta mais 15 classificações como montanha, pontos e por equipas. Ganharam os mais experientes - Ricardo Mestre conquistou o Grande Prémio Jornal de Notícias, por exemplo -, ganharam os mais novos, com Francisco Campos a fechar o ano a vencer a Rota da Filigrana, a nova corrida do calendário nacional, depois de já ter ser o mais forte no Grande Prémio Anicolor.

Lá fora, Edgar Pinto foi a principal escolha. Já tem experiência após dois anos na Skydive Dubai e em 2018, já no Feirense, venceu a Volta à Comunidade de Madrid. Este ano venceu uma etapa nas Astúrias e foi quinto na Volta à Turquia, uma corrida World Tour. Já na recta final da temporada, Joaquim Silva foi à China ser sétimo, depois de ter sido 10º no Luxemburgo.

No entanto, esta aposta na subida de escalão não compensou o esforço financeiro dos patrocinadores. Em algumas corridas lá fora, principalmente por Espanha, a W52-FC Porto esteve um pouco aquém do valor que tinha. A equipa estará de regresso ao nível Continental em 2020. Esta situação levou ciclistas como Joaquim Silva (Miranda-Mortágua), Rafael Reis (Feirense) e António Carvalho (Efapel) a mudarem de ares, à procura de mais liberdade para alcançar os seus resultados, já que não haverá tantas corridas para dividir lideranças. César Fonte também está de saída para a Efapel.

Nada que preocupe em demasia Nuno Ribeiro, que recuperou Amaro Antunes, de regresso após dois anos na CCC. Vai partilhar estatuto de líder com João Rodrigues, depois de ter feito uma dupla imbatível com Alarcón. Um desafio interessante. De um lado um Rodrigues vencedor da Volta e que quer mais de forma a ambicionar chegar a uma equipa World Tour, do outro um Amaro à procura de repetir o fabuloso ano de 2017.

Mas a maior preocupação não será conjugar estes dois ciclistas, mas sim lidar com uma indefinição chamada Alarcón. O espanhol está suspenso provisoriamente por suspeita de "uso de métodos proibidos e/ou substâncias proibidas", segundo a UCI. Não só a W52-FC Porto não sabe se poderá contar com Alarcón em 2020, como se o pior acontecer e o ciclista for sancionado, uma das dúvidas é se as irregularidades abrangem as duas Voltas a Portugal que venceu.

Será impossível afastar o fantasma que esta situação trará à equipa até que o caso seja concluído. Entretanto, além de Amaro Antunes, foi anunciado como reforço José Mendes. O campeão nacional vai deixar o Sporting-Tavira para vestir de azul e branco, mas terá um papel mais de apoio aos líderes, diferente do que aconteceu na formação algarvia. O espanhol Raúl Rico, que em Junho assinou pela Vito-Feirense-PNB, também é dado como ciclista da formação do Sobrado em 2020.

A equipa continuará forte naquele que será o ano de despedida de Gustavo Veloso, mas a Efapel está a tentar aproximar-se do nível da rival. O projecto de ser Profissional Continental foi curto, mas não restam dúvidas que para 2020, mesmo com as saídas e a dúvida sobre Alarcón, a W52-FC Porto será novamente a equipa que todos quererão bater e não será fácil.

Veja neste link todas as vitórias da W52-FC Porto e das restantes equipas portuguesas de elite.

Equipa para 2020: João Rodrigues, Rui Vinhas, Edgar Pinto, Samuel Caldeira, Daniel Mestre, Ricardo Mestre, Francisco Campos, Jorge Magalhães, Raúl Alarcón, Gustavo Veloso, Tiago Ferreira, Amaro Antunes (CCC), José Mendes (Sporting-Tavira), Raúl Rico (Vito-Feirense-PNB).


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29 de dezembro de 2019

Ano terminou com títulos nacionais e Taça de Portugal

Rui "passou" o título de omnium ao irmão Ivo
(© João Calado/Federação Portuguesa de Ciclismo)
Com as diferentes vertentes, o ciclismo nunca pára. Este fim-de-semana houve um regresso à pista e no sempre espectacular ciclocrosse, fecharam-se as contas da Taça de Portugal. Um dos destaques vai inevitavelmente para Ivo Oliveira, não apenas por ter conquistado o título nacional de omnium, mas também por ser uma excelente indicação que está a caminho da melhor forma, depois de ter falhado grande parte da temporada devido a uma queda muito grave. Foram seis meses de ausência, tendo regressado à competição em Outubro.

Começando então pela pista. Os títulos nacionais de omnium estiveram em disputa no sábado, no Velódromo de Sangalhos. Rui Oliveira esteve perto de revalidar a distinção, mas o irmão estragou-lhe os planos na última corrida, a por pontos. Rui venceu em scracth, com Ivo a ser terceiro e Rui repetiu a vitória na corrida tempo. Na prova de eliminação Ivo iniciou a recuperação e foi o vencedor. Na decisão, por pontos, Ivo tinha menos quatro que o irmão. Somou 31, contra os 19 de Rui e ficou com a camisola de campeão nacional de uma especialidade que Portugal tem estado a tentar qualificar-se para os Jogos Olímpicos de Tóquio.

As contas finais foram de 145 pontos para Ivo, 137 para Rui, ambos da UAE Team Emirates, e César Martingil (Sporting-Tavira) fechou o pódio com 123.


(© João Calado/Federação Portuguesa de Ciclismo)
Já no omnium feminino assistiu-se a mais uma confirmação de como Maria Martins é a grande referência do ciclismo de pista em Portugal. Também ela luta por estar em Tóquio2020 nesta especialidade, mas entretanto juntou mais um título nacional, fechando assim uma temporada incrível. Conquistou medalhas na pista, vitórias na estrada, não surpreendendo que se prepare para mudar de equipa. Esteve dois anos na espanhola Sopela Women's Team e agora vai representar a britânica Drops.

Maria Martins venceu as quatro provas do omnium, terminando com 285 pontos. Ao seu lado no pódio estiveram duas ciclistas da CE Gonçalves/Azeitonense, Liliana Jesus (138 pontos) e Patrícia Rosa (129).

A 18 de Janeiro arranca o ano na pista com o Troféu Internacional Bento Pessoa, a primeira competição da Taça de Portugal.



(© Federação Portuguesa de Ciclismo)
E foi precisamente a Taça de Portugal que ficou entregue no ciclocrosse. O capítulo final realizou-se no Parque Urbano de Paços de Ferreira. Não faltou emoção, com Márcio Barbosa (Aviludo-Louletano) a vencer a quinta corrida deste calendário, contudo, o quarto lugar de Mário Costa (AXPO/FirstBike Team/Vila do Conde) foi suficiente para ficar com a Taça. O especialista do XCO fechou assim 2020 com uma conquista no ciclocrosse, somando 225 pontos, contra os 195 de Barbosa e os 170 de Roberto Ferreira (BTT Seia).

Do lado feminino, Ana Santos foi exímia. Fez o pleno em Paços de Ferreira e a sua superioridade voltou a ser bem clara ao deixar a companheira de equipa Joana Monteiro (AXPO/FirstBike Team/Vila do Conde), a mais de minuto e meio de distância.


(© Federação Portuguesa de Ciclismo)
As contas finais dizem tudo sobre a Taça de Portugal de 2019. Ana Santos totalizou 300 pontos, com Daniel Pereira (Saertex Portugal/Edaetech) - terceira na corrida deste domingo - a ser segunda com 175, seguindo-se Joana Monteiro com 150.

Nos restantes escalões, Pedro Lopes (UD Oliveirense/InOutBuild) venceu em sub-23, Rafaela Ramalho (Maiatos) foi a melhor nesta categoria entre as raparigas. Em juniores, João Cruz (AXPO/FirstBike Team/ Vila do Conde) foi o vencedor, enquanto Tomás Mota (ACD Milharado/DriveonHolidays/Mafra) e Mariana Libano (Maiatos) conquistaram a Taça em cadetes.

Entre os veteranos, Michel Machado (Vasconha BTT Vouzela) foi o mais forte nos masters 30, nos masters 40 ganharam Rogério Matos (Rompe Trilhos/Ajpcar) e Estela Lago (Bike O Facho) e nos masters 50 e 60 venceram António Sousa e Joaquim Pinto (Silva&Vinha/ADRAP/Sentir Penafiel), respectivamente.

A 12 de Janeiro, Vila Real irá receber o Campeonato Nacional de ciclocrosse.


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28 de dezembro de 2019

Como Jorgenson chegou ao World Tour. Inclui muitos e-mails

(Fotografia: © Team AG2R La Mondiale)
Quando muito se quer algo, há que ir à luta e Matteo Jorgenson quis ter a certeza que estava a fazer tudo o que lhe era possível para chegar ao World Tour. Por vezes, os resultados e as qualidades como ciclista podem não ser suficientes para chamar a atenção das grandes equipas, tendo em conta a enorme concorrência de jovens que partilham do mesmo sonho deste americano. Uns recorrem às redes sociais, mas este corredor optou por algo diferente. Na estrada, Jorgenson foi somando boas exibições, enquanto se aplicava nos treinos. Porém, no final de cada dia, sentava-se ao computador e escrevia às equipas de vários escalões a apresentar-se. A persistência deu os seus frutos. Jorgenson estagiou na AG2R na fase final da época de 2019 e prepara-se para vestir o equipamento da Movistar.

"Todos os dias tentava escrever três e-mails após os meus treinos porque estava a tentar muito em promover-me", contou numa entrevista ao VeloNews. Mas Jorgenson não se limitava a fazer fazer copy/paste do texto e enviá-los para as diferentes formações. "O que procura esta equipa num ciclista? Qual é o seu calendário? Demorava uma hora com cada e-mail", referiu. Ou seja, o ciclista tentava mostrar a mais valia que poderia ser se uma equipa fosse mais dedicada às clássicas, por exemplo, ou então apresentava os seus pontos fortes se fosse uma mais virada para as provas por etapas.

Jorgenson tinha então apenas 18 anos (estava-se em 2017), tinha evoluído na Hot Tubes Cycling, mas era nas várias chamadas à selecção dos Estados Unidos e nas viagens que tal lhe permita fazer à Europa, que procurava estabelecer mais contactos. "Tentava construir qualquer tipo de relação que pudesse levar-me à equipa. Falar com essas equipas e dizer-lhes para olharem para mim, fazer com que conhecessem o meu nome, foi incrivelmente positivo", realçou.

No imediato, o resultado da sua incessante procura até deu frutos no seu país. Recebeu um contrato de um ano da Jelly Belly p/b Maxxis, entretanto extinta. Continuou a ser chamado pela selecção, agora como sub-23, e manteve a postura de não desaproveitar qualquer oportunidade de se mostrar na Europa e de estabelecer contactos. A sua persistência seria ainda mais recompensada no ano seguinte. Em 2019 foi contratado pela francesa Chambéry Cyclisme Formation, o que lhe permitiu uma adaptação ainda maior à realidade ciclística que mais procurava integrar. Foi quarto na Ronde de l'Isard, com várias exibições de nota, que comprovaram as suas características de trepador. No Tour de l'Avenir voltou a mostrar-se e esteve perto de ganhar três etapas. Venceu a classificação dos pontos, tendo mostrado outra característica: bom a sprintar em grupos pequenos.

A AG2R chamou-o para estagiar na recta final da temporada. O sonho estava cada vez mais perto e concretizou-se quando a Movistar lhe apresentou uma proposta de contrato para 2020 e 2021. Uma pequena surpresa, pois se há equipa que pouco olha para o mercado americano é a Movistar. É preciso recuar a 1995 para encontrar o último a representar a formação espanhola e mesmo assim Andy Hampsten competiu muito pouco naquela temporada.

Agora com 20 anos, Jorgenson vê-se na posição de dar conselhos a quem, como ele, tanto ambiciona chegar ao mais alto nível. "Quando me pedem um conselho, digo aos miúdos para começar a fazer aqueles contactos na Primavera do segundo, ou mesmo do primeiro ano, como júnior. Tens de o fazer cedo, mesmo que não tenhas resultados. Houve muitos directores que me disseram que 'gostava de te dar um lugar, se tivesse um lugar para dar'", recordou o jovem americano.

Jorgenson será um dos 14 reforços de uma Movistar em fase de profunda mudança. Não é habitual que se façam tantas mexidas de uma vez nesta equipa e haverá várias entradas de ciclistas que não são espanhóis. Os italianos Dario Cataldo e Davide Villella deixaram a Astana, o norueguês Mathias Norsgaard (Riwal Readynez), o alemão Juri Hollman, o britânico Gabriel Cullaigh (Team Wiggins Le Col), o suíço Johan Jacobs (Lottou Soudal sub-23) e os colombianos Einer Augusto Rubio (Vejus Aran) e Juan Diego Alba (Coldeportes Zenu) fazem parte da lista de contratações.

E claro que não poderiam faltar ciclistas da casa. Sebastián Mora chegará da Caja Rural e Sergio Samitier da Euskadi-Murias. Aos 21 anos, Iñigo Elosegui (Lizarte) é um corredor que está a gerar muito interesse em Espanha, mas a estrela da equipa será Enric Mas, que deixou a Deuceninck-QuickStep à procura de uma estrutura que lhe dê ciclistas que trabalhem para o ajudar a ganhar uma grande volta, sempre com os olhos postos na Volta a França.


27 de dezembro de 2019

Está feita a escolha da grande volta para Bernal em 2020

(Fotografia: Facebook Team Ineos)
Egan Bernal não deixou arrastar a especulação e já anunciou publicamente qual a grande volta em que irá apostar na próxima temporada. Não fez segredo o desejo de ir ao Giro, mas a vontade da Ineos sobrepôs-se e o colombiano irá mesmo apostar na Volta a França. A decisão ficou tomada após o estágio de final de ano e início de temporada, antes do Natal, com a equipa britânica a deixar claro que quer o vencedor de 2019 a 100% para a edição do Tour de 2020, mesmo que haja o plano de tentar levar Chris Froome à quinta conquista.

"Não irei ao Giro. A nossa aposta será pelo Tour a 100%, onde tentarei estar bem", afirmou Bernal, citado pela versão colombiana do El País. O ciclista foi a estrela no Grande Prémio de Cali e com uma simples frase terminou com as dúvidas, que nem eram muitas. Não foi uma surpresa que tenha de adiar a ida à Volta a Itália. Bernal não é de grandes secretismo e mesmo dando a devida importância ao Tour, foi dizendo que quer conquistar outras vitórias e não concentrar-se apenas na grande volta francesa. Porém, mesmo tendo conquistado um estatuto muito importante com apenas 22 anos, ainda está algo preso às directrizes dos responsáveis da Ineos.

Se Chris Froome oferecesse neste momento garantias, a história poderia ser bem diferente. No entanto, ver Froome regressar ao seu melhor e ser um sério candidato a ganhar o Tour é uma garantia que não existe. Há que esperar ainda algumas semanas, para não dizer meses, para se perceber como irá o britânico recuperar da grave queda no Critérium du Dauphiné, em Junho.

A Ineos não abandona o seu capitão, mas também não deixa cair a sua ambição de ser dona e senhora da mais mediática e histórica das grandes voltas. Por mais que possa alargar os seus objectivos às outras duas provas de três semanas, é o Tour que mais quer continuar a conquistar. Já são sete vitórias em oito anos para uma equipa com uma década de existência.

Dave Brailsford e os seus directores desportivos querem fazer ainda mais parte da história da Volta a França e ganhar pela quinta vez com Chris Froome é o próximo capítulo procurado, depois de Bradley Wiggins ter sido o primeiro britânico a vencer o Tour. Cinco é o número mágico alcançado por Bernard Hinault, Eddy Merckx, Jacques Anquetil e Miguel Indurain. O sonho até já foi mais longe e pretendia-se levar Froome a ser o recordista solitário, mas por agora, a Ineos ficará satisfeita em ter o seu ciclista no restrito grupo com cinco vitórias.

Contudo, os responsáveis têm de ser realistas e pragmáticos e é aí que entra Bernal. Acima de tudo a Ineos quer manter o domínio em França e não quer ter um colombiano cansado do Giro, por mais talentoso e fora-de-série que seja Bernal. A equipa viu o que aconteceu a Froome quando este apostou no Giro (que ganhou), sofrendo depois em França, em 2018. Se o britânico não estiver em condições para disputar o Tour, é Bernal quem entrará em cena.

O colombiano terá de lidar com a posição desconfortável de não saber como será com o companheiro. Mas é difícil vê-lo como plano B.  Ao mínimo sinal de fraqueza de Froome - partindo do princípio que estará em condições de ir à Volta a França - Bernal tomará as rédeas.

A Ineos sabe que o cerco dos rivais está a apertar-se, principalmente por parte da Jumbo-Visma. Não há margem para qualquer tipo de cedência e a equipa britânica responderá assim com os seus melhores ciclistas, ao anunciado tridente Primoz Roglic, Steven Kruijswijk e Tom Dumoulin.

A Volta a Itália ficará mesmo para Richard Carapaz, vencedor de 2019 ao serviço da Movistar, e que agora será líder indiscutível da Ineos. Geraint Thomas também deverá ir a Itália, mas o galês pediu para ir ao Tour. Se assim for, terá mesmo de regressar ao papel de gregário. Em Itália, poderá ter mais liberdade, ainda que seja Carapaz a principal aposta.

Quanto à restante época de Bernal, o calendário será idêntico ao de 2019. Começará em casa, na Volta à Colômbia, de 11 a 16 de Fevereiro. Seguir-se-á o Paris-Nice (que venceu este ano) e Volta à Catalunha em Março, Volta ao País Basco no mês seguinte e a Volta à Suíça (que também venceu) antes de atacar o Tour. Acresce a presença nos Jogos Olímpicos de Tóquio, seis dias depois do final da Volta a França.


26 de dezembro de 2019

João Matias destacou-se numa época difícil do Feirense, mas com jovens ciclistas a mostrarem-se

(Fotografia: © João Fonseca Photographer)
A saída de Edgar Pinto para a W52-FC Porto deixou a Vito-Feireinse-PNB sem um líder para as gerais. A equipa optou por mudar um pouco os seus objectivos, apostando ainda mais em João Matias, mas não deixando de olhar para a montanha com dois espanhóis com provas dadas em Portugal, Óscar Pelegrí e Jesus del Pino. Já a aposta em dar oportunidades a ciclistas muito jovens, como foi o caso de João Barbosa e Pedro Andrade, manteve-se, mas não deixou de ser uma temporada difícil. Ainda assim, terminou com quatro vitórias e algumas boas exibições, com Matias mostrar-se, sem surpresa, à altura da responsabilidade que teve. As dificuldades estão longe de estar terminadas e em 2020 a solução encontrada perante a redução de apoio financeiro foi olhar ainda mais para ciclistas jovens, mas com uma contratação de luxo.

O director desportivo, Joaquim Andrade, assumiu desde logo que sem Edgar Pinto a equipa seria diferente, contudo, não significaria que a ambição seria mais pequena. Apenas direccionada para outro tipo de lutas. João Matias já era um dos líderes, mas ganhou maior protagonismo. Foi incansável na procura por dar bons resultados à Vito-Feirense-PNB e a recompensa de todo o esforço chegou num dos palcos principais para as equipas portuguesas: o Grande Prémio Jornal de Notícias. Impôs-se na sua especialidade, ao sprint, na primeira etapa, num início de um mês de Junho que marcou a temporada da equipa.

No Grande Prémio Abimota, Óscar Pelegrí - que em 2018 venceu a corrida ao serviço da Rádio Popular-Boavista - ganhou uma etapa, assim como o jovem Pedro Andrade, filho do director desportivo. A equipa venceria colectivamente. Dois bons ensaios gerais para uma equipa que ia perseguir etapas, ou pelo menos uma, na Volta a Portugal. João Matias assumiu mais uma vez a responsabilidade. Tentou ao sprint, tentou através de uma fuga, mas ainda não foi desta que alcançou um triunfo que muito deseja na carreira. Matias fechou a temporada com a vitória no Circuito da Moita.

Jesus del Pino (ex-Efapel) também foi figura na Volta, não só por também ele procurar um triunfo, mas pelo estado em que terminou a penúltima etapa na Senhora da Graça. Uma queda deixou o espanhol muito mal tratado. Equipamento rasgado, com feridas bem visíveis, foi uma das imagens da corrida. Não só terminou aquela etapa, como partiu no dia seguinte para o contra-relógio final.

Dentro das limitações, a Vito-Feirense-PNB fez uma temporada com aspectos positivos, comprovados pelo facto dos seus ciclistas serem cobiçados pelas outras equipas nacionais. Incluindo os mais jovens. E para dar mais um exemplo de como esta aposta de Joaquim Andrade e restantes responsáveis em dar espaço a ciclistas que estão, muitos deles, a dar o salto de juniores para a equipa principal, há que regressar ao mês de Junho, mesmo no final, quando Bernardo Saavedra subiu ao pódio na corrida em linha de sub-23, ao ser terceiro. Uma medalha de bronze que mereceu ser celebrada quase como se fosse de ouro, tendo em conta que a prova foi ganha por João Almeida (Hagens Berman Axeon, a caminho da Deceuninck-QuickStep) e com Fábio Costa (UD Oliveirense-InOutBuild) a ser segundo, ele que foi dos melhores sub-23 em 2019.

Atrás de Saavedra ficou outro ciclista da Hagens Berman Axeon, André Carvalho, e esta equipa americana acaba por dar mais relevância ao trabalho feito nas camadas jovens que Joaquim Andrade tanto aposta. Uma das vitórias da Vito-Feirense-PNB acaba por ser ver Pedro Andrade assinar pela Hagens Berman Axeon para 2020. Já o aguerrido trepador João Barbosa vai ganhando o seu espaço no pelotão nacional e prepara-se para continuar a evolução na Miranda-Mortágua.

Apesar de ter apenas 21 anos, Saavedra terá mais responsabilidade em 2020, sendo apenas um dos três ciclistas que vai continuar. Óscar Pelegrí será um dos líderes de uma equipa que continuará a ter o Feirense como patrocinador, mas que viu o orçamento reduzir sem a manutenção de apoio idêntico das restantes empresas. António Ferreira é a terceira renovação, ao que se junta Afonso Eulálio, que estagiou na equipa na parte final da época. Quatro juniores vão começar a fase de sub-23 no Feirense, enquanto Rafael Ferreira terá uma oportunidade no profissionalismo aos 20 anos. Gonçalo Amado também está de regresso, sendo um ciclista de 25 anos e que em 2013 e 2014 esteve na então Rádio Popular, com uma passagem pelo ACDC Trofa em 2018.

Mesmo sendo uma equipa de orçamento reduzido - não segurando Matias e Del Pino, por exemplo, que vão para a Aviludo-Louletano -, a oportunidade de ser líder em quase todas as corridas seduziu um Rafael Reis à procura de um novo desafio, optando por sair da W52-FC Porto (neste link pode ler a entrevista do ciclista ao Volta ao Ciclismo). Aos 27 anos já tem muita experiência, incluindo dois anos na Caja Rural e uma Vuelta feita. Sabe o que é ganhar nas melhores corridas nacionais, já vestiu camisola amarela na Volta a Portugal e quer recuperar essa ambição no Feirense, que bem agradecerá ver o melhor de Rafael Reis.

Na véspera de Natal foi anunciada mais uma contratação, o décimo ciclista que faltava para a equipa poder competir no escalão Continental. De Espanha chegará Jesus Arozamena, da Super Froiz, vencedor da Taça de Espanha de sub-23 em 2018, com alguns top dez em provas espanholas no ano passado e que esteve no Grande Prémio Abimota a mostrar as suas capacidades como trepador.

Equipa para 2020: Óscar Pelegrí, Bernardo Saavedra, António Ferreira, Rafael Reis (W52-FC Porto), Gonçalo Amado, Afonso Eulálio (júnior do Feirense que estagiou na equipa principal na recta final da éoca de 2019), Luís Cabral (Sport Ciclismo S. João de Ver), Fábio Oliveira (Sport Ciclismo S. João de Ver), Rafael Ferreira, Jesus Arozamena (Super Froiz).

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25 de dezembro de 2019

Dez momentos de 2019

É tempo de olhar para trás, antes de nos concentramos definitivamente em 2020. Ou seja, é tempo de recordar alguns dos momentos marcantes da última temporada. Começando lá por fora, foi um 2019 dominado pela afirmação de uma nova geração, que está a tomar de assalto o pelotão internacional e, por isso, não surpreende que parte das escolhas para os 10 momentos do ano pertençam a exibições de ciclistas que são as novas figuras da modalidade. Mas também há espaço para um veterano e, infelizmente, nem todos os momentos foram de felicidade.

O objectivo inicial era escolher cinco momentos, acabou-se com dez e mesmo assim ficaram alguns de fora. Mas aqui ficam as escolhas do Volta ao Ciclismo. A ordem é cronológica.

Philippe Gilbert venceu Roubaix e só falta Sanremo (14 de Abril)
(Fotografia: Facebook Paris-Roubaix)
Em 2017, Gilbert reacendeu o antigo sonho de conquistar os cinco monumentos ao vencer de forma brilhante, numa fuga solitária, a Volta a Flandres. Este ano, Nils Politt (Katusha-Alpecin) tentou dar luta, mas estava destinado que o fantástico ciclista belga vencesse o Paris-Roubaix e ficasse apenas com a Milano-Sanremo por conquistar para fazer o pleno. Um emotivo Gilbert celebrou muito a vitória de Roubaix, dando mais um triunfo a uma Deceuninck-QuickStep que é uma equipa especialistas em ganhar clássicas. Trocar a BMC por esta formação em 2017 foi uma escolha muito acertada de Gilbert. Porém, aos 37 anos e perante uma oferta de três anos de contrato da Lotto Soudal contra um da actual equipa, Gilbert optou por regressar a uma casa onde alcançou as primeiras grandes vitórias na carreira. Até parece certo que tente fechar o ciclo de monumentos onde o começou.

Van der Poel e uma Amstel Gold Race para a eternidade (21 de Abril)
Vão ser imagens que hão-de ser vistas e revistas durante muito tempo. Hão-de fazer parte dos grandes momentos do ciclismo e com razão. O que Mathieu van der Poel fez na Amstel Gold Race só está ao alcance dos melhores dos melhores. Quando chegou à primeira corrida das Ardenas, já trazia vitórias espectaculares alcançadas em poucas semanas e estava a marcar a época das clássicas. Mas queria mais. Parecia que estava tudo preparado para Julian Alaphilippe (Deceuninck-QuickStep) - um dos homens que mais estava a ganhar - e Jakob Fuglsang (Astana) discutirem o triunfo. Tinham 40 segundos de vantagem e três quilómetros para a meta. Van der Poel fez o impensável. Arrancou com tamanha convicção, não se interessando quem se colava na sua roda, apenas olhando para quem tinha de apanhar na frente. Alaphilippe e Fuglsang podem ter exagerado no controlo um ao outro, mas o mérito esteve muito na força e crença de um Van der Poel que deixou todos de mãos na cabeça perante tal demonstração de ciclismo de ataque. Espectacular! Veja ou reveja este grande momento de 2019 no vídeo em baixo.


Queda de Chris Froome (12 de Junho)
O britânico jogava toda uma época na Volta a França e em conquistar a quinta vitória. Porém, no reconhecimento do contra-relógio do Critérium du Dauphiné, Froome sofreu uma aparatosa queda. Sofreu uma fractura no fémur, cotovelo e em algumas costelas, no esterno, osso situado na parte anterior e média do tórax, e na vértebra C7. Foi grave e as consequências assustaram. A época terminou ali e, passado meio ano, a dúvida mantém-se na própria Ineos: irá Froome conseguir recuperar o nível competitivo necessário para ganhar o Tour? O ciclista conseguiu regressar aos treinos mais cedo do que o esperado e já foi ao Japão mostrar-se, em ritmo de exibição, em cerca de três quilómetros, no habitual Critérium de Saitama de final de temporada. Mas a forma de Froome será uma das incógnitas para 2020.

Vitória de Bernal na Volta a França (28 de Julho)
(Fotografia: © ASO/Alex Broadway)
Após um ano de estreia no World Tour de elevadíssimo nível, deveria ser raro quem não pensasse que, mais cedo ou mais tarde, Egan Bernal ia vencer a Volta a França. Foi mais cedo. A queda de Chris Froome abriu caminho à liderança do colombiano, mesmo com Geraint Thomas, o vencedor de 2018, a seu lado. A aposta da Ineos era em Bernal. O plano inicial era o colombiano atacar o Giro, mas uma queda afastou da corrida italiana. No Tour ficou a pequena frustração de ver a mãe natureza obrigar ao final antecipado da etapa que Bernal estava a demonstrar toda a sua qualidade (a 19ª). Foi o dia das impressionantes imagens do deslizamento de terra. Mas Bernal fez o suficiente para comprovar que era o mais forte e subiu merecidamente ao pódio nos Campos Elísios com a camisola amarela. Fica na história como o primeiro colombiano a fazê-lo.

Evenepoel mostrou um pouco do que se vai ver muito mais (3 de Agosto)
Talvez alguma ânsia ou mesmo alguma pressão para estar à altura do mediatismo que rodeou a sua passagem de júnior directamente para o World Tour e para a Deceuninck-QuickStep, tenha prejudicado um pouco as primeiras exibições de Evenepoel no arranque da temporada. Tom Boonen bem avisou que o jovem ciclista ia precisar de perceber que não ia ganhar tanto como aconteceu no escalão de juniores. O abandono por opção do ciclista na Volta aos Emirados Árabes Unidos não foi muito bem visto pelos responsáveis. Mais tarde, Patrick Lefevere chegou a dizer que Evenepoel estava gordo... Mas o jovem ciclista lá conseguiu fazer a transição, que se sabia ser difícil fazer em poucos dias. Demorou umas semanas, mas as exibições tornaram-se mais consistentes, venceu pela primeira vez na Volta à Bélgica, em Junho, e depois na Clássica de San Sebastián foi o Evenepoel dos ataques de longo, como tantas vezes fez em júnior. Faltavam 20 quilómetros quando se isolou e ninguém mais o apanhou. Só tem 19 anos, mas é mais um ciclista de quem se espera o que mostrou em Espanha e muito mais.

Marcel Kittel retira-se aos 31 anos (23 de Agosto)
Já se sabia que não era um ciclista feliz na Katusha-Alpecin. A chegada do antigo corredor Erik Zabel para trabalhar com alemão pareceu, numa primeira fase, algo de positivo no ânimo do sprinter alemão, mas não. Fez uma pausa em Maio e em Agosto anunciou que colocava o ponto final na carreira. Entretanto tinha sido pai e afirmou que não queria ver o filho crescer por Skype. A carreira acabou por ser curta, mas foi o tempo mais do que suficiente para ser recordado como um dos melhores sprinters. E foi mesmo!

Tadej Pogacar estrela na Vuelta (24 de Agosto a 19 de Setembro)
(Fotografia: © La Vuelta)
Até foi um compatriota que venceu, justamente, a corrida. Mas Primoz Roglic teve mesmo de partilhar a ribalta na Vuelta com mais um dos jovens com um potencial ainda por definir até onde pode ir. Tadej Pogacar começou por vencer categoricamente a Volta ao Algarve. Como esperado, foi apenas o início da sua afirmação, no primeiro ano no World Tour. A UAE Team Emirates sabe que tem uma aposta que pode ser mais do que ganha. Não era suposto fazer nenhuma grande volta esta temporada, mas depois de vencer a Volta à Califórnia e de mais umas exibições de enorme nível, a equipa levou-o a Espanha. Foi um senhor ciclista aos 21 anos. Três vitórias de etapas, terceiro na geral, vencedor da juventude, os números dizem quase tudo. Aquele penúltimo dia, na chegada à Plataforma de Gredos, Pogacar deixou a concorrência a mais de minuto e meio, sendo um dos grandes momentos de 2019.

Dilúvio em Yorkshire (22 a 29 de Setembro)
Eram uns Mundiais aguardados com alguma expectativa. Bons percursos, garantia de bom ambiente devido ao entusiástico público e muito provavelmente alguma chuva para tornar as corridas mais desafiantes. E lá isso foram. Foi uma semana quase toda de autêntico dilúvio. Quase que era difícil acreditar que se estava a assistir ciclistas caírem no que mais pareciam ser piscinas na estrada. Algumas provas, incluindo a de elite masculina, tiveram de ser encurtadas, com a chuva a marcar por completo os Mundiais de Yorkshire. Carregue no play no vídeo em baixo e veja (ou recorde) uma das imagens fortes de 2019.



Fuga de 100 quilómetros (28 de Setembro)
"Todo o dia pensei que era super estúpido." Annemiek van Vleuten teve muito tempo para pensar no que estava a fazer, pois resolveu atacar a 100 quilómetros da meta, nos Mundiais. O ciclismo feminino vai tentando ganhar o seu espaço no mediatismo e Van Vleuten bem merece tê-lo, num dos poucos dias em que não houve dilúvio a marcar as corridas de Yorkshire. Não terá sido a única a pensar como um ataque daqueles está condenado ao insucesso, mas esta é uma ciclista que, apesar dos 36 anos, continua a estar no topo. Foi uma aventura solitária que começou com menos de 50 quilómetros feitos na corrida. Dificilmente alguém acreditou ser possível chegar ao fim como vencedora, talvez mesmo as adversárias. Mas foi possível e no fim, não foi nada estúpido a forma como Van Vleuten conquistou o título mundial, deixando as adversárias a mais de dois minutos de distância.

Época de Julian Alaphilippe
(Fotografia: © ASO/Alex Broadway)
Para o fim fica o ciclista que não é justo escolher só um momento ou só uma corrida. Foi uma temporada simplesmente fenomenal de Julian Alaphilippe (Deceuninck-QuickStep). É um homem para todo o tipo de terreno. Ganhou o seu primeiro monumento e logo o dos sprinters (Milano-Sanremo), algo que ele nem é! Mas é quase tudo o resto. Homem de ataque, novo senhor da Flèche Wallonne (segunda vitória consecutiva), ataca a subir, ataca em plano, ataca quando sente que chegou o momento para tentar vencer. Só a Amstel lhe terá provocado alguma frustração, já mais do que esquecida depois de 14 dias de amarelo na Volta a França e duas vitórias de etapa. Ao todo foram 12 triunfos em 2019. Faltou fôlego nos Mundiais, o que nem surpreendeu dada a primeira fase de temporada a todo o gás. Alaphilippe é um fora de série e em França cresce a expectativa de quando (e se) este ciclista irá pensar em tornar-se num voltista para tentar ficar com aquela camisola amarela até aos Campos Elísios. Talvez um dia, mas não para já. Ainda só tem 27 anos.

»»A imparável Deceuninck-QuickStep««

»»Uma Bora-Hansgrohe cada vez mais para todo o terreno««

24 de dezembro de 2019

Como preparar o Natal? Thomas fez 300 quilómetros num treino e já foi batido

Não. Não se vai dar conselhos para esta quadra natalícia que, já sabe, acaba muitas vezes por se tornar irresistível abusar um pouco nos doces. Mas se há boa maneira para "deitar fora" as calorias em excesso é umas boas pedaladas. Se calhar para o comum dos mortais não é nada boa ideia tentar imitar o que estes ciclistas fizeram recentemente, mas é uma forma de poder comer mais uns sonhos ou rabanadas sem grande preocupação!

Há uns dias, Geraint Thomas mostrou que fez 309 quilómetros num só treino, juntamente com uns companheiros da Ineos, durante o estágio em Espanha. E em bicicleta de contra-relógio. Foram cerca de oito horas e meia a pedalar, a uma média de 36 quilómetros hora. E parece que o galês respondeu a um desafio para fazer a distância em menos de nove horas. Missão cumprida. Sem surpresa foi um autêntico reboliço nas redes sociais, pois foi um treino que meteu respeito pela distância. Egan Bernal, por exemplo, gosta mais de mostrar como se acumula muitos metros de altitude...

Mas fiquemos pelos treinos mais perto do Natal que os ciclistas tornaram públicos. Depois de muitos terem feito as contas de quanto tempo demoram a fazer a distância que Thomas fez num "mero" treino, eis que um corredor, menos conhecido, mas ainda assim do World Tour, resolveu mostrar como 300 quilómetros é (e passando à expressão e em tom de brincadeira) "para meninos". 500,51 quilómetros!!! É caso para colocar mais do que um ponto de exclamação.

Willie Smit, sul-africano de 30 anos é o autor da proeza, feita no dia 22. Demorou cerca de 17 horas e teve ainda um acumulado de 4694 metros. Já se sabia que Smit é daqueles que tem muita capacidade de sofrimento, pois fez a última semana da Vuelta com 16 pontos no joelho, após uma queda que o deixou muito mal tratado. Mas 500 quilómetros num dia... É de respeito. Não conseguiu um contrato com a Israel Star-up Nation, que comprou a licença da Katusha-Alpecin, onde estava Smit. Porém, a Burgos-BH, que contratou o ciclista, sabe que Smit está a fazer tudo e até ir um pouco mais além para começar bem a época.

A todos um feliz Natal e boas pedaladas para aqueles que escolham "queimar" os excessos com uns bons passeios de bicicleta. Mas não é preciso tanto! 

23 de dezembro de 2019

O momento de Frederico Figueiredo na nova fase do Tavira

(Fotografia: © João Fonseca Photographer)
Nova fase na vida de uma das equipas de ciclismo mais antigas. Ao fim de quatro anos o Sporting deixa novamente a modalidade, ficando o Clube de Ciclismo de Tavira sem um forte suporte financeiro. Porém, já com 40 anos de muita história, o projecto algarvio é mesmo para continuar, mantendo grande parte dos ciclistas que competiram em 2019, mas com o inevitável destaque a ir para Frederico Figueiredo. Chegou o momento de um dos melhores  corredores do pelotão nacional ter o merecido estatuto de líder. É o senhor regularidade, pois terminar no top dez é algo absolutamente normal para Figueiredo, contudo, falta uma vitória e ter uma equipa a trabalhar para si para o ajudar a alcançar, algo que vai acontecer em 2020.

Desde que chegou à formação algarvia em 2017 que Frederico Figueiredo tem sido um dos elementos essenciais da estrutura. Contudo, Tiago Machado, Joni Brandão, Alejandro Marque e inicialmente até Rinaldo Nocentini, foram sendo as apostas, principalmente no que a uma Volta a Portugal, Troféu Joaquim Agostinho ou Grande Prémio Jornal de Notícias, diz respeito. Figueiredo é um gregário de luxo, sempre preparado para assumir mais responsabilidade, como já aconteceu, e sempre mostrando que poderia ser mais do que um plano B nas corridas mais importantes do calendário. Com Figueiredo, o Tavira sempre soube que teria garantia de bons resultados, mesmo que o ciclista estivesse a trabalhar para colegas.

Em 2019, Tiago Machado foi a principal figura, mas Figueiredo continuou a ser o senhor regularidade e na Volta, na montanha, foi o ciclista mais em forma do Sporting-Tavira. Preparava-se para fechar mais um top dez, mas uma queda na penúltima etapa, acabou com a sua corrida. Mesmo com uma fractura no pulso, Figueiredo subiu a Senhora da Graça, mas no dia seguinte foi impossível fazer o contra-relógio final entre Gaia e Porto.

No entanto, mais uma vez ficou-se a desejar mais e melhor para este ciclista. 2020 deverá então trazer finalmente a Figueiredo um estatuto mais forte na equipa, mesmo com Alejandro Marque também a continuar no Tavira. A saída do Sporting é um rombo no orçamento, mas depois de alguma indefinição, parte dos ciclistas de referência da estrutura vão permanecer. É o caso de David Livramento, um autêntico homem da casa e que esteve simplesmente fenomenal na última Volta a Portugal. Na ajuda, em fuga, na ajuda em fuga, Livramento foi um dos ciclistas que muito trabalhou para tentar salvar a Volta a Portugal do Tavira Curiosamente, nem estava convocado, substituindo Rinaldo Nocentini, que ficou doente.

Com Tiago Machado a não ser o líder para disputar a geral como o Sporting-Tavira desejava, mais uma vez o saldo não foi positivo, tal como grande parte da temporada. Apenas duas vitórias. César Martingil venceu a Clássica da Primavera e José Mendes sagrou-se campeão nacional, mas depois esteve apagado na Volta a Portugal e esteve discreto durante quase toda a época. É o primeiro a admitir que teve uma temporada abaixo do esperado. Nocentini, que acabaria por ficar de fora da Volta perto do início da prova, foi um erro de casting para 2019, competindo muito pouco e já não tendo muito mais para dar como ciclista. Aos 42 anos colocou um ponto final na longa carreira.

Aleksandr Grigorev, Valter Pereira e Alvaro Trueba são ciclistas de trabalho que renovaram, ainda que o russo também possa ser aposta em algumas corridas. César Martingil será novamente o sprinter de serviço, enquanto haverá mais um jovem a juntar-se ao trio de sub-23 (Ricardo Martins, Diogo Ribeiro e Rúben Simão) que este ano começou a evoluir na equipa. Marcelo Salvador chega da Sicasal-Constantinos, sendo para já o único reforço conhecido para a próxima época, mas não está afastada a possibilidade de ser contratado pelo menos mais um ciclista. Duas das principais figuras de 2019 estão de saída: Machado vai para a Efapel e José Mendes assinou pela W52-FC Porto.

O director desportivo Vidal Fitas sabe o que é ter de lutar para manter a equipa na estrada e muitas vezes nas adversidades surgem grandes figuras. Frederico Figueiredo, 28 anos, o senhor regularidade e também o senhor de confiança tem o perfil certo para assumir a responsabilidade de liderar o novo Tavira.

Equipa para 2020: Frederico Figueiredo, David Livramento, Alejandro Marque, Aleskandr Grigorev, Valter Pereira, Alvaro Trueba, César Martingil, Ricardo Martins, Diogo Ribeiro e Rúben Simão, Marcelo Salvador (Sicasal-Constantinos).

»»Sobreviver em 2019, crescer em 2020««

»»Rádio Popular-Boavista com razões para celebrar e a contratar para a montanha««

22 de dezembro de 2019

Rui Costa confirmado na Algarvia e há mais novidades

(Fotografia: © PhotoFizza/UAE Team Emirates)
Com o primeiro estágio para preparar 2020 concluído ou a concluir antes do Natal, os ciclistas começam a anunciar os seus calendários. Pelo menos a primeira fase da época. E não demorou a chegar boas notícias à Volta ao Algarve. Rui Costa estará mesmo de regresso seis anos depois, mas outros dois nomes de peso também vão estar presentes na corrida do sul do país. Philippe Gilbert estará acompanhado por um belga que vai trocar a habitual presença na Ruta del Sol, em Espanha, por Portugal: Tim Wellens.

Rui Costa já tinha avançado a forte possibilidade de regressar à Algarvia numa entrevista ao Volta ao Ciclismo. A confirmação chegou após o estágio da UAE Team Emirates. A última presença foi quando envergava a camisola de campeão do mundo. Em 2014 esteve na luta pela vitória, sendo segundo em três etapas, terminando a geral na terceira posição, a 32 segundos de Michal Kwiatkowski, com Alberto Contador a também subir ao pódio. Rui Costa conquistou a classificação dos pontos. Desde então que o português de 33 anos tem andando mais longe do seu país nas primeiras corridas da época. Médio Oriente, Argentina e Austrália foram as escolhas recentes.

E em 2020 até vai começar longe, na Volta à Arábia Saudita (de 4 a 8 de Fevereiro), mas ficará depois pela Europa. O ciclista anunciou nas redes sociais que após a Algarvia (de 19 a 23 de Fevereiro), tem previstas as presenças na Volta à Catalunha (23 a 29 de Março), Volta ao País Basco (6 a 11 de Abril), Liège-Bastogne-Liège (26 de Abril) e Volta à Romandia (de 28 de Abril a 3 de Maio). Por esclarecer ficam as grandes voltas. Rui Costa tem como um dos principais objectivos de 2020 os Jogos Olímpicos de Tóquio. Como o ciclista explicou na entrevista ao Volta ao Ciclismo, iria ser analisada a opção correcta para chegar na melhor forma à corrida japonesa. E como apenas seis dias separam o final do Tour da prova dos Jogos, não ir a França, ou não terminar o Tour seriam hipóteses a ponderar.

A UAE Team Emirates anunciou os seus líderes para as grandes voltas. A colocação de Rui Costa ainda não foi conhecida. A saber, para o Giro foram escolhidos Davide Formolo, Alexander Kristoff e Diego Ulissi; para o Tour, Tadej Pogacar, Fabio Aru e Fernando Gaviria; para a Vuelta, David de la Cruz, Davide Formolo e Jasper Philipsen.

Pogacar foi o vencedor da Algarvia em 2019, mas é possível que não regresse para tentar uma segunda vitória. Com a Volta aos Emirados Árabes Unidos a começar no último dia da Algarvia, o esloveno deverá estar presente nesta corrida. A equipa corre em casa e a ascensão meteórica do ciclista esta última época faz dele uma das estrelas da UAE Team Emirates.

Rui Costa poderá assim estar na Volta ao Algarve como líder e esta presença garante dois campeões do mundo para a 46ª edição. Philippe Gilbert (conquistou o título no ano antes do português, em 2012) regressa à Algarvia, agora como ciclista da Lotto Soudal. É também um regresso, neste caso à equipa, pois o belga deixou a Deceuninck-QuickStep para ingressar numa estrutura na qual entre 2009 e 2011 viveu alguns dos melhores momentos da sua carreira. Aos 37 anos assinou por três e vai no Algarve começar a preparar o ataque à Milano-Sanremo, o único monumento que lhe falta no currículo.

Com Gilbert virá Tim Wellens. O belga tem sido uma crónica presença na Ruta del Sol, corrida espanhola que se realiza nas mesmas datas que a Algarvia. Tem tido sucesso, ganhando etapas e inclusivamente a geral, em 2018. No entanto, parece querer mudar de ares e confirmou a vinda a Portugal. É um ciclista que gosta de andar bem quase o ano todo, pelo que é desde já mais um candidato à vitória na geral.

Além de Rui Costa, Gilbert e Wellens, também Vincenzo Nibali e Bauke Mollema (ambos da Trek-Segafredo) está confirmados na Volta ao Algarve. A expectativa continua sobre Greg van Avermaet. Um dos responsáveis da equipa da CCC avançou com a hipótese do campeão olímpico de 2016 optar pelo sul de Portugal, mas ainda não foi confirmado oficialmente, tal como Michal Kwiatkowski. O polaco adiantou há cerca de um mês que o seu arranque de temporada deveria ser idêntico ao que tem acontecido, o que incluiria o Algarve. Porém, nem a Ineos ainda confirmou a presença na corrida portuguesa.

A Astana estará presente e Miguel Ángel López é hipótese, assim como Lennard Kämna da Bora-Hansgrohe e Nills Politt, da Israel Start-Up Nation, segundo o ProCyclingStats. A Lotto Soudal também poderá trazer outro dos reforços bem conhecido por cá: John Degenkolb, que já venceu na Volta ao Algarve. Os gémeos Oliveira (ou pelo menos um deles) também são hipótese para estar ao lado do compatriota. Contudo, nenhum destes nomes está confirmado oficialmente. Há que esperar, mas nas próximas semanas o pelotão da Algarvia irá começar a ganhar cada vez mais forma.

»»"Tubarão de Messina" a caminho do Algarve««

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