30 de setembro de 2019

Euskadi-Murias anuncia fim da equipa

(Fotografia: © Euskadi-Murias)
Fim da linha para a Euskadi-Murias. A equipa corria risco de fechar com a saída do principal patrocinador, mas durante a Vuelta o seu responsável assegurou que decorriam negociações que poderiam salvar a equipa. Porém, o pior dos cenários aconteceu mesmo e uma das principais estruturas de ciclismo em Espanha e que reacendeu a vontade do País Basco ter novamente uma equipa no World Tour, não irá para a estrada em 2020.

Foram cinco anos de projecto, os últimos dois como Profissional Continental. A subida de escalão permitiu que recebesse o convite para estar na Volta a Espanha e nas duas edições em que esteve presente, venceu sempre uma etapa: em 2018 por intermédio Óscar Rodríguez e em 2019 por Mikel Iturria. As prestações na Vuelta deste ano, deixaram Jon Odriozola confiante que potenciais patrocinadores vissem a projecção que poderiam ter. O responsável acreditava que depois da grande volta iria anunciar a continuidade da equipa, mas afinal tal não acontecerá.

"Desde o primeiro momento este projecto pretendeu desenvolver um ciclismo de formação, com um modelo de excelência desportiva e organizativa", lê-se no comunicado da equipa, que reforça como a equipa sempre quis dar oportunidades aos jovens bascos de participar nas melhores corridas mundiais. Realçou ainda como o sucesso nos resultados fez com que a equipa fosse crescendo, recorrendo aos próprios meios que detinha, algo que agora já não é possível.

"Hoje podemos confirmar oficialmente que a equipa Euskadi-Murias não continuará na próxima temporada. O resumo destes anos é de enorme satisfação." Além das duas etapas na Vuelta, a Euskadi-Murias viu Edu Prades conquistar a Volta à Turquia, uma prova do escalão World Tour. A formação basca também deixou a sua marca em algumas corridas portuguesas, sendo presença regular por cá. Na Volta a Portugal venceu duas etapas nesta última edição, depois de no ano passado também ter celebrado um triunfo. Troféu Joaquim Agostinho e Volta ao Alentejo foram outras corridas onde teve sucesso.

Desde que o projecto da Fundação Euskadi começou a crescer - tem Mikel Landa como "padrinho" e recuperou as famosas camisolas laranjas da Euskaltel-Euskadi - que se fala da possibilidade de fusão entre as duas estruturas bascas, de forma a criar novamente uma forte equipa naquela região e que pudesse chegar ao World Tour. Porém, foi uma ideia que terá sido recusada pelos responsáveis das duas formações.

Mas o fim da Euskadi-Murias deixa 20 ciclistas no desemprego, mas alguns deverão ter interessados. Óscar Rodríguez (24 anos) é dos principais talentos, ainda que tenha desiludido na última Vuelta. Fernando Barceló, de apenas 23 anos, realizou uma Volta a Espanha muito interessante, com Héctor Sáez (25) - vencedor de uma etapa na Volta a Portugal - a ser outro jovem com algum potencial ainda para desenvolver.

O ciclismo espanhol vive uma fase em que as equipas estão a conseguir crescer, mas não significa que haja espaço para todas. A Fundação Euskadi poderá estar a caminho do escalão Profissional Continental, tal como a Kometa de Alberto Contador. Mas a Euskadi-Murias sai de cena.

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Portugal cumpre objectivos nuns Mundiais nada fáceis de enfrentar

(Fotografia: © Federação Portuguesa de Ciclismo)
Com o final dos Campeonatos Mundiais em Yorkshire é tempo de fazer balanços e não há dúvidas que países como Estados Unidos, Itália e Holanda saíram bastantes felizes, ainda que as últimas duas selecções tenham visto escapar o título na elite masculina. A Dinamarca também não tem razões de queixas com Mikkel Bjerg a fazer história nos sub-23 (terceiro título consecutivo no contra-relógio) e Mads Pedersen a surpreender tudo e todos na elite. A Bélgica é das equipas que sai mais cabisbaixa, enquanto a selecção de Portugal apontava mais com João Almeida, mas as condições eram difíceis para fazer melhor. Já Rui Costa cumpriu, garantindo o seu quarto top dez em Mundiais.

A comitiva nacional variou entre querer dar experiência aos mais novos - como os juniores Daniela Campos, João Carvalho e André Domingues e também a Maria Martins que, sendo sub-23, correu pela primeira vez na elite por não haver este escalão no sector feminino - e apostar no talento de João Almeida e experiência de Rui Costa, sem esquecer Nelson Oliveira.

Os eleitos para os sub-23 tinham potencial para fazer um bom resultado. João Almeida é um dos jovens que se vai estrear no próximo ano no World Tour, na Deceuninck-QuickStep, André Carvalho está numa das melhores equipas de formação, a americana Hagens Berman Axeon, enquanto Miguel Salgueiro (Sicasal-Constantinos) é um dos principais talentos a emergir em Portugal. Já Emanuel Duarte venceu a classificação da juventude da Volta a Portugal e a geral da Volta a Portugal do Futuro, numa época marcante na LA Alumínios-LA Sport como Continental sub-25.

O mau tempo dificultou a missão dos dois primeiros no contra-relógio, com João Almeida a inclusivamente cair. Na prova em linha, as dificuldades de um percurso que chegou a ser encurtado para que os ciclistas não terminassem já com pouca luz natural, devido ao mau tempo e ao horário da corrida (foi no mesmo dia das juniores femininas), acabaram por deixar Portugal longe de um bom resultado, com nenhum dos ciclistas a conseguir ficar na frente da prova quando começaram a verificar-se cortes. André Carvalho foi o melhor, na 30ª posição, com Emanuel Duarte a abandonar.

Na elite, Nelson Oliveira ficou a 14 segundos da medalha de bronze no contra-relógio, continuando a ficar constantemente entre os melhores do mundo nesta especialidade. Foi oitavo, mas o terceiro posto ficou ali tão perto! O ciclista da Movistar teve depois a missão de ajudar Rui Costa na prova em linha e fez o seu trabalho, tal como José Gonçalves e Rui Oliveira. Em condições meteorológicas miseráveis, que levaram a UCI a cortar duas subidas na fase inicial da corrida, não foi fácil conseguir depois chegar ao fim.

Os três acabariam por abandonar, com Ruben Guerreiro a resistir um pouco mais, ele que poderia funcionar como joker. Porém, também não terminaria, deixando a corrida já depois de garantir que Rui Costa ficava no grupo certo. A partir daí o campeão do mundo de 2013 ficou sozinho. Não foi com Mathieu van der Poel, na movimentação que levou os últimos ciclistas à frente da corrida, pelo que o português ficou a enfrentar a difícil missão de resistir à chuva e frio, sem que ninguém trabalhasse para fechar a diferença. O 10º lugar foi um objectivo cumprido, com Rui Costa a mostrar como tem tendência a aparecer bem nos Mundiais.

"Foi preciso estar muito forte psicologicamente para encarar um Mundial como este, porque foi um dia de muita chuva e frio. Durante uma prova tão longa como esta [261,8 quilómetros], muitas coisas nos passam pela cabeça. As sensações eram boas no início, mas a meio não estava tão bem. Foi preciso ultrapassar esses momentos difíceis, esse sofrimento, para chegar melhor aos últimos quilómetros. A corrida fez-se muito dura com o frio e com a chuva", explicou Rui Costa, citado pela Federação Portuguesa de Ciclismo. O ciclista considera que o percurso original teria feito uma maior selecção de ciclistas mais cedo, contudo ficou satisfeito com mais um top dez, terminando a 1:10 minutos de Mads Pedersen.

O seleccionador José Poeira não pôde contar com Domingos Gonçalves, que não viajou para Inglaterra, alegando motivos pessoais. Um ciclista a menos numa corrida tão difícil, é algo a lamentar, mas Rui Costa finalizou da melhor forma. "Apesar dos colegas terem ajudado o Rui Costa em determinada fase da corrida, ele ficou sozinho durante muito tempo. Nessa circunstância, não podia ter feito mais do que fez. Esteve muito bem", salientou José Poeira.

Os Mundiais não serão de grandes recordações não só para algumas equipas, mas também para a própria organização. A intempérie que marcou quase toda a semana de provas, colocou à prova o poder de decisão dos comissários e nem sempre as opções foram consensuais. O contra-relógio de sub-23 ficou marcado por quedas aparatosas devido às condições da estrada, que teve partes que mais pareciam piscinas. No entanto, a prova não foi adiada, como aconteceu depois com a das senhoras. A UCI decidiu encurtar as corridas dos sub-23 e da elite, por diferentes razões. Esta opção agradou a uns e não a outros, dependendo das características dos ciclistas e do que preferiam ver num percurso.

Depois houve a desqualificação de Nils Eekhoff, que numa fase inicial caiu e recuperou posição no pelotão pedalando atrás do carro da equipa. Os comissários só analisaram a situação no final, com recurso ao vídeo-árbitro, depois do holandês ter ganho a corrida de sub-23. Além de se questionar a dualidade de critérios, comparativamente com o que aconteceu na Volta a Espanha com Primoz Roglic e Miguel Ángel López, também se perguntou porque não foi tomada uma decisão mais cedo, evitando a enorme desilusão que o jovem ciclista foi obrigado a enfrentar ao não ser declarado o vencedor.

A nível de público, Yorkshire foi o esperado, mesmo com o mau tempo, principalmente no fim-de-semana. Afinal, é um público mais do que habituado a esta meteorologia. Porém, a chuva, vento e frio, que limitaram as transmissões televisivas e criaram constrangimentos aos ciclistas, acabando por tirar algum brilho aos Mundiais, mas houve espectáculo, surpresas, drama, um filme completo de bom ciclismo, para contrabalançar um pouco do que de mau se viu.

Para o ano, os Mundiais irão disputar-se no Cantão de Vaud e no de Valais, na Suíça.


29 de setembro de 2019

Bahrain-Merida rescindiu com Rohan Dennis em Setembro

(Fotografia: © Bahrain-Merida)
Rohan Dennis é um ciclista sem equipa. A Bahrain-Merida terminou contrato com o australiano a 13 de Setembro, mas o anúncio oficial só foi feito este domingo de forma a deixar Dennis preparar os Mundiais com a maior tranquilidade possível. A CCC será das formações mais interessadas na contratação do bicampeão do mundo de contra-relógio, mas na imprensa internacional o nome da Trek-Segafredo e da Ineos também já surgiram como possibilidade. Contudo, neste momento não há qualquer certeza quanto ao seu futuro.

Certo é que a relação entre Dennis e Bahrain-Merida estava mesmo arruinada, depois do ciclista ter abandonado sem explicações a Volta a França, na véspera do contra-relógio. Naquela 12ª etapa, a 18 de Julho, os responsáveis chegaram a ficar sem saber por alguns momentos o que tinha acontecido a Dennis. A situação nunca foi esclarecida, nem pela equipa, nem pelo australiano. O descontentamento pela bicicleta foi uma das razões referidas nos meios de comunicação social, mas sem confirmação.

"A equipa terminou o seu contrato com o Senhor Dennis a 13 de Setembro de 2019. Este término não foi anteriormente tornado público para permitir que o Senhor Dennis pudesse preparar sem perturbações os Campeonatos Mundiais", lê-se no curto comunicado da Bahrain-Merida, que acrescentou que o ciclista denunciou a rescisão de contrato à UCI, pelo que a equipa não fará mais comentários sobre o assunto. O vínculo de Dennis era até ao final de 2020.

O que fica explicado com este anúncio é a razão que levou a equipa a não comentar a vitória do ciclistas no contra-relógio de Yorkshire e fica também esclarecida a decisão de Rohan Dennis em utilizar bicicletas da marca da BMC e não da Merida, a marca que se pensava ser ainda a sua equipa. No contra-relógio a bicicleta era toda preta, sem o nome da marca, mas o próprio não desmentiu que iria utilizar a bicicleta com a qual já tinha tido sucesso anteriormente e que era a sua quando estava na BMC. Não quebrou qualquer regra, pois é permitido que ao representar a selecção, o ciclista possa escolher o material que prefere. Porém, o normal é que sejam utilizadas as bicicletas da equipa por quem compete durante toda a época. Este domingo, Dennis voltou a ser visto com uma BMC na prova em linha e de imediato surgiram muitos comentários nas redes sociais.

A Bahrain-Merida divulgou ao final da tarde o comunicado, que colocou ponto final nas dúvidas e agora a história é outra. Dennis conquistou o segundo título mundial consecutivo de contra-relógio, mas é um ciclista sem equipa e sem convencer. Não se afirma como líder para as grandes voltas, mas também não estará interessado num papel de gregário. A CCC, estrutura que ficou com a licença World Tour da BMC, já terá feito uma proposta, mas os valores monetários apresentados não terão convencido, para já, Dennis.

O australiano tinha escolhido a Bahrain-Merida para prosseguir a carreira, mas o melhor que fez foi o segundo lugar na geral na Volta à Suíça, onde ganhou o seu único contra-relógio do ano, até aos Mundiais. Até elevou as expectativas para o Tour, mas agora, aos 29 anos, vê-se numa situação de ter de procurar equipa, sem que o título mundial conquistado quarta-feira seja garantia de ter muito poder de negociação, dada a forma como saiu da Bahrain-Merida.


Um campeão mundial improvável que comprovou 2019 como o ano da nova geração

(Imagem: print screen)
Eram muitos os favoritos, mas só um apareceu. Mathieu van der Poel fez o ataque que se esperava, mas aconteceu algo inesperado: quebrou por completo (acabou a mais de 10 minutos). Com outros dos grandes nomes ou a abandonarem ou a não seguirem a roda do holandês para chegar à frente da corrida - neste último caso foi o exemplo de Peter Sagan e Greg van Avermaet -, ficou em aberto uma surpresa. E assim foi. Mads Pedersen confirmou como 2019 é mesmo o ano em que os mais novos afirmam que estão mais do que preparados para ser as principais figuras. O dinamarquês já não era um total desconhecido, mas agora garantiu que todos o conhecem e reconhecem definitivamente o seu valor.

Chuva, vento, frio... Yorkshire recebeu os Mundiais com uma meteorologia muito agreste. A prova de elite deste domingo foi encurtada de 280 para 261,8 quilómetros. Foram eliminadas duas subidas numa fase inicial e para compensar um pouco, houve mais duas voltas ao circuito final. As dificuldades foram menores, a nível de subidas, mas o tempo prejudicou muito os ciclistas que tentavam sempre estarem bem colocados, em estradas estreitas e extremamente escorregadias.

As ausências daquelas duas subidas também retiraram a possibilidade de ser feita uma selecção de candidatos mais cedo. Sem surpresa foram muitos os incidentes e entre quedas, quebras físicas ou até a admissão que não dava para suportar o frio. Entre os desistentes estiveram o campeão em título até este domingo, Alejandro Valverde, Philippe Gilbert, Remco Evenepoel, Pascal Ackermann, Sam Bennett, Richard Carapaz, Bob Jungels, Dan Martin... Foram 149 abandonos, incluindo os portugueses José Gonçalves, Nelson Oliveira, Rui Oliveira e Ruben Guerreiro. Fizeram o seu trabalho para colocar Rui Costa, que finalizou com o ambicionado top dez (10º a 1:10 minutos de Pedersen). Para dar outra perspectiva, terminaram 46 ciclistas e é preciso recuar a 1999 para se descobrir um número tão baixo: 49. Foi em Verona, com Óscar Freire a ser o campeão naquele ano.

Mas fiquemos por 2019 e há que falar de Mads Pedersen. Em 2018, surpreendeu a própria equipa, a Trek-Segafredo, ao realizar uma temporada fortíssima de clássicas do pavé, principalmente com o segundo lugar na Volta a Flandres. A Trek-Segafredo sabia que ciclista tinha contratado, mas a sua juventude fazia com que a expectativa fosse que precisaria de mais algum tempo para se adaptar e traduzir em resultados o seu potencial. 2019 não decorreu tão bem. Pedersen não confirmou a expectativa que havia aumentada, mas é caso para dizer que deixou o melhor para o fim.

Há uma semana ganhou o Grand Prix d'Isbergues, em França, mas não foi uma corrida que o colocasse no radar para os Mundiais. Nem ele próprio pensava sair de Inglaterra de arco-íris vestido. "É inacreditável. Não esperava isto quando comecei esta manhã. Foi um dia inacreditável", desabafou Pedersen. O dinamarquês não escondeu como sofreu durante as mais de seis horas de prova, mas só esperava que ao ver a meta, todo o sofrimento desaparecesse e pudesse fazer um bom sprint.

Matteo Trentin era o favorito do trio, que contava com o suíço Stefan Kung (terceiro). Gianni Moscon trabalhou mais para poupar o compatriota italiano. Trentin tentou atacar cedo, mas rapidamente ficou sentado naqueles metros finais que coroaram um campeão improvável, mas que ajuda a "refrescar" o ciclismo, que ganha assim uma nova figura, de apenas 23 anos.

A Trek-Segafredo também ganha um novo relevo, poucos dias depois de ter garantido os dois dos campeões mundiais de juniores de Yorkshire, o americano Quinn Simmons (prova em linha) e o italiano Antonio Tiberi (contra-relógio), tem agora um de elite. Mads Pedersen receberá agora outra atenção, da equipa e dos outros ciclistas, sendo um corredor que a Trek-Segafredo mais do que nunca vai esperar que possa tornar-se num homem de clássicas de respeito, na intensa procura pelo sucessor de Fabian Cancellara. A questão será agora perceber como irá reagir Pedersen a inevitável pressão de ser o campeão do mundo, ainda que seja também um ano para desfrutar.

Classificações via First Cycling.





28 de setembro de 2019

Pensou que era uma ideia estúpida. Mas não, foi uma exibição épica!

(Imagem: print screen)
Foi um autêntico show em tons laranja! As holandesas continuam a ser donas e senhoras dos Mundiais na prova em linha de elite. E foi mais uma exibição de nível e daquelas de ficar na história. Dos 149,4 quilómetros entre Bradford e Harrogate, Annemiek van Vleuten fez 100 em solitário. "Durante todo o dia pensei que era super estúpido [o que estava a fazer]!" Não nada foi estúpido e até foi algo épico. Aos 36 anos, Van Vleuten completou assim um currículo que dois títulos mundiais de contra-relógio, dois Giro Rosa e a Volta a Flandres, entre outras grandes vitórias.

São três triunfos consecutivos da Holanda, com Van Vleuten a suceder a Anna van der Breggen e Chantal Blaak. Van der Breggen foi segunda desta feita (tal como no contra-relógio), numa exibição perfeita de toda da selecção laranja, que cedo começou a partir o pelotão, com a tricampeã mundial Marianne Vos a trabalhar muito bem e a ser sexta no final. Na subida a Lofthouse, ao quilómetro 47,8, Van Vleuten atacou. Pode ter pensado que era uma ideia estúpida, muitos terão pensado que era de loucos e se calhar algumas rivais pensaram que eventualmente conseguiriam apanhar a holandesa. Mas há dias assim. Há dias em que uma boa dose de loucura, muita coragem e ainda mais vontade faz toda a diferença.

Van Vleuten terminou com mais de dois minutos de vantagem. A fechar o pódio ficou uma Amanda Spratt que juntou a medalha de bronze à de prata de 2018. Continua a faltar o ouro para esta excelente ciclista australiana, colega de Van Vleuten na Mitchelton-Scott.

Para Van Vleuten é a melhor compensação possível depois de ter sido batida categoricamente no contra-relógio por Chloe Dygert, ficando a 1:52 minutos da americana. Não surpreende, portanto, que o momento em que ficou mais nervosa este sábado foi quando soube do ataque de Dygert, a cerca de 30 quilómetros da meta. "Sei que ela é especial depois do contra-relógio de terça-feira", realçou Van Vleuten. Porém, Dygert perdeu algum fulgor na última volta do circuito e ficou à porta das medalhas, a 3:24 minutos da nova campeã.

Este poderio holandês apaga um pouco a desilusão de ter visto o jovem Nils Eekhoff ser desqualificado na corrida de sub-23. No entanto, a exibição da selecção laranja provocou também desilusão em muitas ciclistas no pelotão feminino. É que o ritmo foi de tal forma intenso e desde muito cedo, que logo na primeira dificuldade, aos 15 quilómetros, houve quem ficasse para trás e de pouco valeu o esforço para tentar regressar ao grupo principal. Inevitavelmente, perdendo tempo tão cedo, o abandono seria inevitável mais cedo ou mais tarde, ainda mais com uma fase final em circuito. Maria Martins foi uma das vítimas deste poderio laranja, naquela que foi a sua estreia em provas de elite em Mundiais.

Elite masculina portuguesa com ambição este domingo

Entre Leeds e Harrogate serão 280 quilómetros para conhecer o novo campeão mundial, ou se Alejandro Valverde faz o bis. Yorkshire tem sido palco de percursos complicados nesta semana de Mundiais, com estradas estreitas e mau tempo, que se deverá sentir este domingo. Portugal partirá com mais do que uma opção para tentar no mínimo o top dez. Mas quando se conta com um campeão do mundo na equipa, há sempre o desejo de mais, se assim a corrida o proporcionar. Rui Costa estará acompanhado por Ruben Guerreiro, Nelson Oliveira, José Gonçalves e Rui Oliveira. Domingos Gonçalves foi baixa de última hora, alegando motivos pessoais para não ter viajado para Inglaterra.

A corrida começa às 8:40 e terá transmissão no Eurosport 1, esperando-se muito espectáculo dado o leque de ciclistas candidatos: Peter Sagan, Mathieu van der Poel, Philippe Gilbert, Remco Evenepoel, Greg van Avermaet (os oito belga formam uma equipa de luxo), Julian Alaphilippe, Tadej Pogacar, Primoz Roglic (se estiver muito melhor do que no contra-relógio) e porque não olhar para um Pascal Ackermann e Sam Bennett... Alexander Kristoff disse que o percurso afinal não era assim tão duro, pelo que os candidatos são muitos, com as mais diversas características e todos eles apontaram a estar bem em Yorkshire.

Classificações via First Cycling.

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27 de setembro de 2019

Eekhoff inconformado com desqualificação. Título mundial foi para Itália

(Imagem: print screen)
Nils Eekhoff nem queria acreditar no que lhe estava a acontecer. Samuele Battistella demorou um pouco a perceber o que lhe estava a acontecer. O primeiro ganhou um difícil sprint para ser campeão do mundo de sub-23. Mas foi o segundo que acabou a vestir a camisola do arco-íris. Uma desqualificação que está a custar e muito a Eekhoff aceitar, deu o título ao italiano, numa decisão pouco ou nada pacífica dado o passado recente. Numa fase ainda inicial da corrida, Eekhoff caiu e para recuperar o seu lugar no grupo principal, ficou algum tempo atrás do carro da equipa. Com recurso ao video-árbitro, os comissários da UCI não perdoaram.

De repente a Volta a Espanha regressa à mente. O dia em que Primoz Roglic e Miguel Ángel López ficaram para trás após queda e os comissários autorizaram que ficassem atrás dos carros, enquanto na frente a Movistar atacava. Também fica por perceber porque a decisão não foi tomada durante a corrida, evitando toda esta situação. Eekhoff viu os regulamentos serem respeitados à risca e o holandês não se conforma. "Nem sei bem o que sentir neste momento... estou furioso", desabafou. E explicou o que aconteceu: "Caí e desloquei o ombro, meti no sítio, mas também tive um problema mecânico, por isso demorei mais. Voltei e o carro levou-me até à caravana e a partir daí fui sozinho até ao pelotão."

A queda acontece a cerca de 125 quilómetros da meta. "Na minha opinião, eu lutei. Deveria ser possível após uma queda poder ser levado até à caravana. Não sabia que estava a correr um risco", disse. Até à desqualificação passou cerca de uma hora, mas, entretanto, Eekhoff já tinha sido chamado pelo júri da corrida. Ao ser confirmado que não seria o campeão mundial, o holandês admitiu que só queria ir para casa. No hotel foi confortado pelos pais, mas não será fácil para o jovem ciclista lidar com a desilusão, apesar da SEG Cycling, que o representa, estar a analisar se poderá recorrer da decisão da UCI.

Já Samuele Battistella nem percebia o que se estava a passar quando lhe disseram que era ele o campeão mundial de sub-23, em Yorkshire. Só com a camisola do arco-íris vestida e com a medalha de ouro ao peito, finalmente acreditou e percebeu que era mesmo o seu grande momento. "Sinto-me o vencedor. Ele foi desqualificado e há uma razão porque ele não é o vencedor. Lamento por ele, mas eu sou o vencedor. Isto é o ciclismo", afirmou o italiano. O suíço Stefan Bissegger ficou com a medalha de prata, enquanto o fenómeno britânico Thomas Pidcock ganhou assim o bronze.


A corrida foi feita a grande ritmo, com os 171,6 quilómetros a serem feito a uma média horária de 44,025. Chuva, frio, vento, foi um daqueles dias que era certo que vai proporcionar uma prova acidentada e muito complicada, se não mesmo impossível, de controlar. E assim foi. O quarteto português que o diga. Nenhum conseguiu ficar no pequeno grupo que viria a discutir a vitória. Na subida de Greenhow foi feita a selecção, na qual já não estava Emanuel Duarte. Miguel Salgueiro acabou por ceder, enquanto André Carvalho e João Almeida, que não estava muito bem colocados, acabaram por ficar no corte. O primeiro ainda se viu envolvido num incidente que não ajudou nada.

Ainda assim, Carvalho foi o melhor português, na 30ª posição, a 3:02 minutos do vencedor. "Eu sabia que devia colocar-me melhor na fase decisiva e tentei fazê-lo, mas tive um toque com um corredor dos Estados Unidos. Não caí, mas perdi alguns metros para a frente e fiquei com o guiador virado para baixo, tendo de fazer mais de 50 quilómetros numa posição incómoda", explicou, citado pela Federação Portuguesa de Ciclismo. Miguel Salgueiro foi 57º e João Almeida 76º, a 12:42 minutos. Emanuel Duarte abandonou.

Da parte da manhã, competiu Daniela Campos, que se estreou na prova de juniores com um 83º lugar, a 13:21 minutos da campeã que confirmou as expectativas, a americana Megan Jastrab. "A corrida foi caótica. A dada altura, para tentar evitar uma queda, fiz um movimento da perna que me deixou com o pé preso entre o quadro e a roda de trás. A bicicleta começou a travar e as corredoras que vinham atrás chocaram comigo e caí pela segunda vez", contou a ciclista. Nesta queda, Daniela Campos teve de trocar de bicicleta e perdeu muito tempo, mas não quis abandonar, mostrando mais uma vez o seu forte carácter.

Este sábado corre Maria Martins, que pela primeira vez estará entre a elite mundial, visto não haver escalão de sub-23 nas corridas femininas. Será o dorsal 143, com a prova a começar às 11:40 (Eurosport 1), sendo 149,4 quilómetros muito exigentes.

Classificações da corrida de sub-23, via First Cycling.




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A razão porque demorou tanto tempo a chegar ajuda ao júnior colombiano

(Imagem: print screen)
Não era assim que Germán Gómez queria destacar-se nos Mundiais, na prova de juniores, mas o jovem colombiano tornou-se num dos ciclistas mais falados em Yorkshire depois de ter ficado em lágrimas ao não conseguir que lhe dessem uma roda rapidamente. Passaram carros atrás de carros e Gómez, com bicicleta na mão e a roda noutra, não via nem o veículo da sua equipa, nem ninguém que mostrasse algum fair play, quando faltavam cerca de 77 quilómetros para o final. O seleccionador da Colômbia veio agora explicar como ficou estragada a corrida de um ciclista que estava no grupo da frente quando um azar acabou com as suas esperanças de um bom resultado.

"O nosso carro era o número 21 da caravana", referiu Carlos Mario Jaramillo, citado pela site Ciclismo Internacional. O técnico salientou como a corrida estava a sofrer vários cortes devido aos mais diversos incidentes, muitos deles quedas. Com as estradas a serem muito estreitas em certas zonas, tornou-se complicado os carros passarem rapidamente. Ainda mais, o carro era partilhado por quatro selecções, pois os colombianos optaram por ter apenas dois representantes, apesar de puderem levar quatro.

"Quem tinha de estar [presente] naquele momento era o apoio neutro", criticou Jaramillo. Mas ninguém apareceu e também ninguém de outras equipas ajudou, uma atitude que já valeu várias críticas de ciclistas e adeptos nas redes sociais. Quem socorreu Gómez foi o pai de um outro corredor em prova, o uruguaio Thomas Silva, que finalmente deu a roda ao colombiano.

O desespero da longa espera levou Gómez a tentar correr com o material na mão, lembrando Chris Froome no Mont Ventoux há uns anos. "Não chegámos a tempo", desabafou o seleccionador, que estava a cinco minutos do seu ciclista. "Não podemos fazer mais nada do que tranquilizar o rapaz."

As imagens focaram-se depois na discussão da corrida, ganha pelo americano Quinn Simmons, mas há que salientar que Germán Gómez não baixou os braços e depois de finalmente receber a roda, foi até ao fim da prova, terminando na 60ª posição, a 16:49 minutos do vencedor, no mesmo grupo do português João Carvalho.


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26 de setembro de 2019

Domingos Gonçalves de fora dos Mundiais

(Fotografia: © Team Caja Rural-Seguros RGA)
A selecção portuguesa vai competir com menos um ciclista devido a uma baixa de última hora. Domingos Gonçalves não viajou para Yorkshire com os restantes companheiros da equipa de elite, que já se juntaram a Nelson Oliveira em Inglaterra. O ciclista alegou "motivos pessoais" para esta ausência da corrida que se realiza no domingo.

Não foram adiantadas mais explicações, apenas que o ciclista informou na terça-feira que não correria. Contudo, o seleccionador nacional, José Poeira, afirmou, citado pela Federação Portuguesa de Ciclismo: "É evidente que antes do atleta está a pessoa, mas os compromissos com a Selecção também são importantes. A seguir ao Mundial avaliaremos a situação, de modo a perceber se deverá ter alguma repercussão futura."

A equipa está em Yorshire com a ambição de alcançar um top dez e sempre apontando a algo mais, com Rui Costa a liderar, mas a não ser a única opção. José Gonçalves e Ruben Guerreiro são ciclistas que podem adaptar-se bem ao percurso complicado, técnico e que poderá ter a chuva a dificultar ainda mais. Rui Oliveira fará a sua estreia em Mundiais no escalão de elite, enquanto Nelson Oliveira mostrou boa forma na Vuelta - tal como Ruben Guerreiro - e foi oitavo no contra-relógio, ficando apenas a 14 segundos da medalha de bronze.

Para Domingos Gonçalves acaba por ser um final de temporada muito aquém do desejado, depois de um 2019 muito diferente do ano passado. Foram muitas as vitórias na Rádio Popular-Boavista, que ajudaram a Caja Rural a ficar convencida em contratá-lo por uma segunda vez o gémeo de Barcelos. A queda e grave lesão no ombro na Volta à Catalunha limitaram Domingos Gonçalves numa fase importante da época, mas, ainda assim, regressou às corridas a prometer resultados positivos. Nos Nacionais, em Junho, foi segundo no contra-relógio e 18º na prova de estrada, não conseguindo renovar os títulos que detinha. No entanto, as suas prestações deixavam em aberto uma presença na Vuelta.

Conseguiu a chamada, tendo antes vindo à Volta a Portugal, acabando por abandonar na sexta etapa, sem conseguir repetir a vitória de etapa da edição anterior. Na Volta a Espanha esteve muito discreto ao contrário de alguns dos seus companheiros e não partiria para a 14ª etapa.

O contrato com a Caja Rural era de apenas de um ano, pelo que é um dos portugueses que está numa equipa estrangeira cujo futuro ainda continua por definir. E nestes Mundiais, Ruben Guerreiro, Rui Costa e José Gonçalves também ainda não anunciaram por que equipa irão competir em 2020. A Lotto Soudal e a EF Education First serão opções para Ruben Guerreiro, enquanto Rui Costa poderá renovar por mais um ano com a UAE Team Emirates. José Gonçalves, tal como Guerreiro, está em final de contrato numa Katusha-Alpecin, estrutura que também não sabe que futuro irá ter em 2020, podendo a sua licença World Tour ser comprada pela Israel Cycling Academy, do escalão Profissional Continental.


Juniores campeões mundiais em Yorkshire já estão a caminho de uma equipa World Tour

(Imagem: © Trek-Segafredo)
O plano para Quinn Simmons se tornar campeão do mundo foi perfeito. O plano para a carreira também está a ir numa direcção muito positiva. Ainda o americano celebrava a conquista de um título (e ganhou-o de forma fantástica) e já estava a ser anunciadoda equipa do World Tour que não deixou escapar um dos bons jovens talentos a surgir nos Estados Unidos. A Trek-Segafredo agarrou Simmons, mas também contratou o campeão do mundo de contra-relógio, Antonio Tiberi, outro corredor que teve uma performance para recordar.

"Estávamos de olho no Simmons e no Tiberi muito antes dos Mundiais. Em Yorkshire só testemunhámos a confirmação do talento de ambos", afirmou Luca Guercilena. O director geral da Trek-Segafredo admitiu que a vitória de Simmons na Gent-Wevelgem, para o seu escalão, e os triunfos nos Nacionais chamaram e muito a atenção. "Ele mostrou novamente um potencial enorme ao ganhar os Mundiais. Dada a sua idade, queremos que ele ganhe maturidade calmamente, sem apressar as coisas e colocar demasiada pressão nos seus ombros. Mas sentimos que ele poderá lidar com as corridas de um dia ao mais alto nível", explicou.

Quanto a Tiberi, Guercilena olha para o italiano de 18 anos como um ciclista para lutar por classificações gerais. No entanto, Tiberi vai competir uma temporada com os sub-23 antes de dar o salto para o World Tour.

Mas esta quinta-feira foi o dia em que Simmons coroou uma temporada fantástica com um título Mundial. A equipa esteve perfeita, como o próprio admitiu, em assumir uma corrida complicada, pelo percurso técnico de 148,1 quilómetros e com a chuva a dificultar ainda mais. A estrada molhada provocou muito incidentes. Simmons não se deixou perturbar. A 33 quilómetros da meta arrancou e nunca mais foi visto pelos rivais.

Pelo segundo ano consecutivo, um júnior tem uma demonstração individual de se ovacionar bem de pé. Sem entrar em grandes comparações com Remco Evenepoel, a verdade é que Simmons tem um percurso idêntico, ao do belga em 2018. O americano pode não ter ganho praticamente todas as corridas que fez como Evenepoel, mas 23 vitórias em 2019 é de respeito (número inclui classificações gerais e por pontos). Em várias das corridas/etapas que não ganhou, não ficou longe de o fazer.

"Tivemos um grande ano e acho que [o título mundial] foi definitivamente um grande feito, especialmente para a equipa", afirmou Simmons que conhece bem a história, pois sabe que no país a sua vitória será especial, já que desde 1979 que um americano não era campeão mundial de juniores. O último havia sido Greg Lemond, que se tornaria numa das maiores referências da modalidade. E os Estados Unidos bem que está à procura de uma grande figura que lhe permita cortar de vez com os maus exemplos do passado recente.

Aos 18 anos, Simmons troca a Lux-Strading p/b Specialized pela Trek-Segafredo, que também está há procura de um ciclista que se torne uma referência e que possa colocar a equipa como uma das mais fortes nas clássicas. Ou seja, alguém que ocupe o lugar de Fabian Cancellara.

Simmons conquistou o segundo ouro para os Estados Unidos em Yorkshire, depois da vitória de Chloe Dygert no contra-relógio feminino. Mas o pódio em juniores contou ainda com Magnus Sheffield na terceira posição, uma medalha merecida para quem tanto trabalhou para o companheiro. O italiano Alessio Martinelli foi segundo.

A participação portuguesa na prova de juniores esteve a cargo de João Carvalho e André Domingues. Ambos tiveram dificuldade em aguentar o fortíssimo ritmo imposto principalmente pelos americanos. Carvalho terminou na 55ª posição, a mais de 16 minutos do vencedor, enquanto Domingues abandonou.

Esta sexta-feira há dose dupla. Pela manhã competem as juniores femininas, 86 quilómetros, entre Doncaster e Harrogate (8:40), com a portuguesa Daniela Campos presente (dorsal 85). Os sub-23 masculinos arrancam às 14:00 e terão pela frente 173 quilómetros. A parte final foi encurtada, pois em vez de três voltas ao circuito de Harrogate, os ciclistas farão apenas duas, de forma a evitar que a corrida terminasse já quase sem luz natural, devido ao mau tempo que se tem feito sentir em Yorkshire. Portugal parte com ambição e com uma equipa forte: João Almeida (dorsal 73), André Carvalho (74), Emanuel Duarte (75) e Miguel Salgueiro (76).

Classificação da prova em linha de juniores, via FirstCycling.




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25 de setembro de 2019

Rohan Dennis recorreu a bicicleta da BMC para ser campeão pela segunda vez

(Fotografia: © Twitter UCI)
Rohan Dennis reapareceu e foi o contra-relogista de classe superior que se conhece. Desde que estranhamente abandonou a Volta a França, no dia antes do contra-relógio para o qual era o favorito a ganhar, que o campeão do mundo se resguardou em casa, junto da sua família, enquanto treinou para o que acabou por ser o principal objectivo de uma fraca temporada. Deu uma única entrevista neste período de tempo, na qual não explicou o que o levou a deixar o Tour, limitando-se a dizer que tudo que se tinha dito e escrito havia sido exagerado. Dennis regressou e voltou a deixar a concorrência longe nos Mundiais e, no entanto, a difícil relação com a sua equipa continua a ser tema depois de não ter utilizado uma bicicleta Merida, mas sim da marca que lhe deu alguns dos seus maiores triunfos: BMC. Dennis é agora um bicampeão do mundo de contra-relógio, mas a incerteza quanto ao seu futuro é grande.

Por altura em que se publica este texto, ainda não há qualquer reacção da Bahrain-Merida quanto à conquista do seu ciclista. A Deceuninck-QuickStep e a Ineos, por exemplo, rapidamente colocaram nas redes sociais menções às conquistas de Remco Evenepoel e Filippo Ganna, medalha de prata e bronze, respectivamente.

Dennis desapareceu na 12º etapa do Tour - por momentos nem a equipa sabia o que tinha acontecido - e uma das razões adiantas nos meios de comunicação social para o abandono foi um possível descontentamento com o material que a Merida lhe estava a disponibilizar para o contra-relógio. O australiano nunca confirmou essa versão e numa entrevista ao The Advertiser, garantiu que nunca disse mal de nenhum patrocinador. Não corria desde 18 de Julho e reapareceu esta quarta-feira com uma BMC e não uma bicicleta da Merida. A bicicleta destes Mundiais foi pintada toda de preto, sem menção à marca.

O próprio ciclista admitiu a troca, referindo que foram os responsáveis da selecção australiana que determinaram que seria o melhor para ele, que aquela bicicleta seria a mais indicada para a sua posição corporal. Questionado se teria problemas com a Bahrain-Merida, limitou-se a dizer que teriam de perguntar à equipa, mas realçou como a escolha na selecção supera a da equipa que representa durante o ano. Os regulamentos permitem que ao representar o seu país nos Mundiais, os ciclistas possam escolher o seu equipamento, o que não significa que não vá ter problemas com quem lhe paga o salário.

As marcas apostam forte em ter ciclistas de renome a utilizarem as suas bicicletas. Para a Merida foi a oportunidade de ter novamente um campeão do mundo, depois de Rui Costa ter-se mudado para a então Lampre. No entanto, ao ver Dennis ser novamente campeão sem que se tenha visto a marca Merida em destaque durante a transmissão televisiva é um rude golpe mediático.

Rohan Dennis tem mais um ano de contrato com a Bahrain-Merida, equipa que escolheu depois do final da BMC. Esteve longe de ser um ano fantástico para o australiano, mas que até apareceu bem na Volta à Suíça, sendo segundo atrás de Egan Bernal (Ineos). Uma classificação algo surpreendente, mas que abriu expectativas para o Tour. Contudo, foi o Dennis do costume, com as temporadas a passar e o tal voltista em que prometeu tornar-se não se ver.

A Bahrain-Merida já contratou Mikel Landa e Wout Poels e poderá muito bem apostar mais num Dylan Teuns que se destacou tanto no Tour como na Vuelta. O problema de Dennis é que pode ser bicampeão do mundo de contra-relógio, mas o papel que poderá desempenhar numa equipa não é nesta fase da sua carreira claro. Não é um líder que dê garantias e não se tem apresentado disponível para ser gregário. Aos 29 anos, o australiano prepara-se para enfrentar um 2020 muito importante para definir o que resta da sua carreira.

Remco Evenepoel espectacular

O belga não quis competir em sub-23 - escalão a que ascendeu este ano - por respeito aos adversários. Dada a experiência que pôde viver na Deceuninck-QuickStep em 2019, Remco Evenepoel considerou mais justo saltar o escalão e ir directamente dos juniores para a elite nos Mundiais. Há um ano ganhou os títulos no contra-relógio e na prova de estrada e esta quarta-feira só um Rohan Dennis fortíssimo não permitiu um autêntico conto de fadas. Ainda assim, aos 19 anos, Evenepoel foi segundo, a 1:09 minutos, deixando atrás de si alguns dos principais nomes da especialidade, como Nelson Oliveira.

(Fotografia: © Federação Portuguesa de Ciclismo)
O português chegou a estar numa posição de conquistar finalmente uma medalha em Mundiais, mas uma ligeira quebra na fase final fê-lo perder o pódio por menos de 15 segundos. Com os ciclistas separados por pequenas diferenças, Nelson caiu de um potencial terceiro posto para oitavo, mas foi mais um excelente resultado e o quarto top dez em Mundiais de elite.

Nelson Oliveira vai continuar a perseguir a medalha que lhe tem escapado, enquanto de Remco Evenepoel se espera que mais cedo ou mais tarde vista a camisola de campeão do mundo de elite no contra-relógio e muito provavelmente numa prova de estrada, que vai participar no domingo.

De referir que Primoz Roglic teve um dia para esquecer. O esloveno esteve longe do ciclista que foi medalha de prata nos Mundiais de Bergen, há dois anos, com a Vuelta a ter o seu peso numa prestação que o fez ser ultrapassado por Rohan Dennis, que partiu três minutos depois! Tony Martin fechou mais um top dez, mas parece cada vez mais difícil que venha a conseguir o ambicionado quinto título. O recordista da hora Victor Campenaerts caiu, teve de trocar de bicicleta... outro corredor que teve um dia para esquecer. Já Alex Dowsett vai recordá-lo, pois a correr em casa foi quinto, na sua melhor classificação de sempre em Mundiais.

(O texto continua por baixo da classificação, via FirstCycling.)


Virar de página em Yorkshire
(Fotografia: © Federação Portuguesa de Ciclismo)
A partir desta quinta-feira arrancam as provas em linha, com a prova de juniores masculinos (12:10, com transmissão no Eurosport 1). Os portugueses André Domingues (dorsal 114) e João Carvalho (113) vão marcar presença na corrida de 148,1 quilómetros, com partida em Richmond e chegada em Harrogate, onde o pelotão irá cumprir três voltas ao circuito urbano. Antes os corredores vão ultrapassar duas subidas que deverão encurtar o grupo principal. Em Kidstones, ao quilómetro 44,7 há uma escalada de 3900 metros, com inclinação média de 4,3% e máxima de 11,3%. Em Summerscales (87,4), a subida terá 6,4 quilómetros, com pendente média de 3,9%.

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24 de setembro de 2019

Como se deixa as rivais longe, muito longe? Compete-se sem ciclocomputador

(Imagem: print screen)
Annemiek van Vleuten é bicampeã do mundo de contra-relógio (2016 e 2017). Anna van der Breggen é a campeã mundial de estrada em título e nos últimos dois anos só foi batida no contra-relógio pela compatriota. Ambas são duas das principais referências do ciclismo feminino, com currículos de respeito. Porém, em Yorkshire só não se pode dizer que foram banalizadas, pois perante a superioridade da nova campeã, ficar a menos de dois minutos quando mais ninguém o conseguiu fazer, quase se pode dizer que foi um mal menor. Quase, porque o que Chloe Dygert fez foi de pura classe, pura potência e pura crença nas suas capacidades. A americana destruiu a concorrência e o segredo pode muito bem ter sido ter competido sem utilizar o seu ciclocomputador.

Dygert não quis pensar na informação desta pequena tecnologia, que muitos ciclistas não conseguem viver sem. Para a americana, o melhor foi competido segundo as suas sensações. "Acho que a minha maior vantagem foi ter corrido sem o potenciómetro. No início deste ano fiz uma corrida numa altura em que estava a recuperar as minhas forças. Lembro-me de olhar para o potenciómetro e pensar que estava a ir muito forte e que precisava de reduzir a intensidade. Por isso, não tive hoje o ciclocomputador, para não olhar para aqueles números e dizer a mim própria 'hey, tem calma', foi mais em ir a todo o gás desde o início", explicou a ciclista de 22 anos.

Admitiu que talvez tivesse pedalado forte de mais no início, mas conseguiu aguentar o alucinante ritmo, concluindo os 30,3 quilómetros com uma média de 43,10 quilómetros/hora, o que se traduziu em 42:11 minutos. Van der Breggen somou novo segundo lugar, ficando a uns inesperados 1:32 minutos de diferença e Van Vleuten a 1:52. A meteorologia foi muito complicada nesta terça-feira e o contra-relógio feminino chegou a ser adiado devido à chuva. Porém, as três primeiras classificadas enfrentaram condições idênticas, pelo que a diferença foi mesmo na exibição de Dygert que deixou todas as rivais longe. Muito longe. A quarta classificada, a também americana, Amber Neben (44 anos e continua entre as melhores) ficou a 2:28. A alemã Lisa Klein a 2:40 e a suíça Marlen Reusser a 3:02.

Dygert é ainda sub-23, escalão que não existe na vertente feminina nos Mundiais. Nem sequer aposta muito na estrada e esteve vários meses afastada depois de uma queda na Volta à Califórnia no ano passado. Depois da exibição no contra-relógio, impôs-se a pergunta se não pretende vir correr para a Europa. "Teremos de ver o que eu vou querer fazer depois de Tóquio", respondeu, admitindo que adoraria competir na Europa, mas para já quer continuar concentrada na pista, a pensar nos Jogos Olímpicos e na estrada será no contra-relógio que mais se concentrará.

Em 2015 foi campeã do mundo de juniores em contra-relógio e na prova em linha e já é uma das fortes candidatas a fazer a dobradinha em Yorkshire, agora como elite. Depois da performance desta terça-feira, vai ter muitas rivais atentas e principalmente uma Holanda desejosa de mostrar a sua teórica superioridade.

(O texto continua por baixo das classificações, via FirstCycling.)



Mikkel Bjerg para a história

A exibição de Dygert surgiu depois de mais uma performance para a história dos Mundiais. Os sub-23 masculinos tiveram de competir em condições dantescas, com a intensa chuva a formar "piscinas" que provocaram muitos problemas aos corredores e momentos insólitos como este em baixo.


Alheio a tudo pareceu estar o dinamarquês que promete ser o próximo grande contra-relogista. Para já tornou-se no primeiro a alcançar três títulos mundiais consecutivos em sub-23, sendo que nunca sequer alguém tinha conquistado dois. O dinamarquês da Hagens Berman Axeon - que está a caminho da UAE Team Emirates - completou os 30,3 quilómetros em 40:20 minutos, deixando a dupla americana Ian Garrison e Brandon McNulty a 27 e 28 segundos, respectivamente. McNulty vai ser companheiro de Bjerg na equipa do World Tour.

(Fotografia; © Federação Portuguesa de Ciclismo)
Quanto à presença portuguesa, João Almeida caiu na fase inicial do contra-relógio e apesar de fazer uma primeira parte muito forte, ficando entre os melhores, acabou por quebrar e ficou na 28ª posição, a 2:50 minutos. "Tinha acabado de avisar o João para ter cuidado com a acumulação de água na estrada, de modo a que escolhesse os locais menos alagados. Mas, logo a seguir a uma curva à direita, foi confrontado com uma altura de água de vários centímetros e era impossível evitar a queda", explicou o seleccionador José Poeira, citado pela Federação Portuguesa de Ciclismo.

João Almeida referiu: "O ciclocomputador deixou de funcionar. Fiquei sem qualquer dado, velocidade, pulso, potência, distância… Acabei por ter de fazer grande parte da prova condicionado, mas as sensações eram boas." O ciclista não deverá ter lesões graves, o que será uma boa notícia, visto que aposta forte na prova em linha. André Carvalho sentiu dificuldades perante o mau tempo, terminando na 42ª posição, a 3:41 minutos.

Esta quarta-feira partirá uma das maiores esperanças de medalha para Portugal. Nelson Oliveira enfrentará 54 quilómetros muitos duros entre Northallerton e Harrogate, partindo às 14:36.30 horas. O primeiro ciclista a sair será Ramunas Navardauskas às 13:18.30, com o campeão em título, Rohan Dennis, a arrancar às 14:42.30. 90 segundos antes sairá Victor Campenaerts e depois do vencedor da Vuelta Primoz Roglic, outro dos principais favoritos. A prova será transmitida no Eurosport 1.

Classificações do contra-relógio de sub-23, via FirstCycling.


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23 de setembro de 2019

Juniores voltam a ser os autores das histórias incríveis dos Mundiais

(Imagem: print screen)
Ainda estava a descer a rampa e a bicicleta já tinha um problema mecânico. Foi preciso uma nova e não foi das trocas mais eficientes que já se viu. O contra-relógio mal tinha começado e Antonio Tiberi já tinha perdido cerca de 30 segundos, sem sequer fazer a primeira curva. Se se tivesse afundado na classificação, teria sido compreensível, afinal é um daqueles azares que arruína uma prova. Mas, com apenas 18 anos, Tiberi mostrou uma atitude que deixou muitos a olhar para ele, a admirá-lo e a respeitá-lo. Não só não se deixou abater pelo azar, como assumiu que se não tinha nada a perder, então poderia ter tudo a ganhar. Foi um contra-relógio fantástico e nem os favoritos que não tiveram qualquer tipo de problema bateram um Tiberi que volta a ser um júnior a marcar uns Mundiais.

Há um ano foi na prova em linha deste escalão que Remco Evenepoel foi o autor de uma recuperação que marcará a história dos campeões do mundo. Tiberi terá agora o seu lugar entre as histórias de feitos incríveis. E foi mesmo. É que além da questão mecânica, o italiano ainda teve um carro de uma outra selecção a não ser uma grande ajuda numa zona do percurso estreita. Teve de se desviar do veículo e não foi aí que perdeu muito mais tempo, mas já parecia ser azar a mais. Mas quando se tem qualidade e principalmente uma atitude e uma mentalidade forte, este tipo de exibições que se tornam em histórias em contar vezes sem conta, acontecem. Tiberi acabou o dia como campeão do mundo. Foi recuperando algum tempo na primeira volta do percurso e voou na segunda.

Na primeira estava a 25 segundos do então líder Marco Brenner, na segunda terminou com 12 segundos de vantagem, completando o percurso técnico de Yorshire, de 27,6 quilómetros, em 38:28 minutos. Tiberi foi perfeito onde todos os outros não conseguiram ser. Os que ambicionavam as medalhas foram incapazes de fazer segundas voltas tão fortes como as primeiras e mesmo sendo mais rápidos que Tiberi a meio de percurso, não conseguiram segurar as vantagens. O seu compatriota Andrea Piccolo era o grande favorito e foi apenas sexto, o americano Quinn Simmons ainda ameaçou, mas também acabou fora das medalhas e Enzo Leijnse foi segundo, um lugar melhor do que tinha feito nos Europeus ganhos por... Andrea Piccolo.

Se ver Tiberi ser o mais rápido quando cortou a meta já era impressionante, ainda faltavam muitos e bons ciclistas para competir. Vê-lo como campeão do mundo foi, por isso, fenomenal e merecido. Estava em boa forma, era óbvio, mas foi a sua força mental foi decisiva. Foi ela que muito ajudou a ultrapassar um momento que em vez de transformar Tiberi em apenas mais um a participar no contra-relógio, poderá ser um momento que contribuirá para definir a sua carreira. Para já, certamente que chamou a atenção de quem está sempre à procura de jovens de talento para as grandes equipas.

(O texto continua por baixo das classificações, via FirstCycling)



E no dia das histórias fantásticas...

(Fotografia: print screen)
O melhor deste segundo dia de Mundiais é que Tiberi nem foi o único com uma história de vitória para recordar. A russa Aigul Gareeva estava a realizar um contra-relógio que tinha tudo para lhe dar o título mundial. Ao contrário de Tiberi, a sua prova pareceu ficar estragada numa curva já perto do final. Gareeva enganou-se e seguiu em frente no percurso, em vez de virar. Rapidamente percebeu o erro - estava um comissário a indicar o caminho que era para motos e carros, mas a ciclista terá confundido a indicação -, contudo, perdeu segundos que eram valiosos.

Ainda conseguiu o tempo mais rápido, mas faltava cortar a meta outra das favoritas, Elynor Backstedt. Porém, a britânica, que também não teve o melhor dos contra-relógios, quase caindo, acabou por fazer uma fase final do percurso de 13,7 quilómetros sempre a perder tempo. Em poucos minutos, Gareeva passou de um olhar distante de quem tinha desperdiçado uma oportunidade de ser campeã do mundo, ao choro de quem não conseguiu esconder a enorme emoção de uma conquista improvável depois do erro.

A russa fez 22:16 minutos, com Backstedt a ficar a 11 segundos e a holandesa Shirin Van Anrooij foi segunda, com mais quatro segundos. A Holanda colocou ciclistas no pódio nas três provas realizadas nos Mundiais de Yorkhire até agora, depois de no domingo ter sido campeã de contra-relógio de estafeta mistas.

Nos juniores masculinos não houve participação portuguesa, mas Daniela Campos marcou presença na prova feminina, terminando no 33º posto, a 1:59 minutos, numa performance positiva de uma atleta que está no seu primeiro ano de júnior. "A Daniela esteve muito bem na mudança de andamentos em função das subidas e escolheu bem as trajectórias, dando indicações muito positivas para o futuro, tendo em conta que ainda está no primeiro ano de juniores”, explica José Marques, o director desportivo que acompanhou a atleta.

"Senti-me um bocadinho presa na primeira fase do contra-relógio, mas fui-me soltando ao longo da prova. No geral, as sensações foram boas para um percurso tão duro como este. Dei tudo o que tinha e considero e estou motivada para a prova de fundo", afirmou Daniela Campos, citada pela Federação Portuguesa de Ciclismo.

(O texto continua por baixo das classificações, via FirstCycling)




Próximos portugueses em acção

André Carvalho e João Almeida vão participar no contra-relógio de sub-23. Ambos têm a prova de fundo como principal objectivo, mas será uma boa oportunidade para mostrarem-se e João Almeida irá receber alguma atenção visto ser uma das contratações da Deceuninck-QuickStep para 2020. É também o campeão nacional da especialidade, tendo feito a dobradinha em Melgaço, em Junho. Carvalho parte às 10:19 e João Almeida às 11:15.30. Terão pela frente 30,3 quilómetros.

Da parte da tarde realiza-se o contra-relógio de elite feminino, sem ciclistas portuguesas. Ambas as provas serão transmitidas pelo Eurosport 1.

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