31 de outubro de 2020

O protesto, a estreia a vencer, o empate na frente e a expectativa para o Angliru

© Unipublic/Charly López/La Vuelta
Tudo na mesma entre Primoz Roglic e Richard Carapaz depois da primeira de duas etapas que podem ser decisivas. Continuam empatados depois de um dia que desiludiu na luta pela geral, não só porque talvez se esteja a pensar no Angliru, mas também por algum mal-estar que se instalou no pelotão devido a uma decisão dos comissários, que acabou por dar a liderança a Roglic após a vitória na tirada de sexta-feira.

Mas antes, a etapa. Talvez porque na memória ainda esteja aquele espectáculo no Alto de la Farrapona entre Alberto Contador e Chris Froome em 2014, a expectativa seria que voltasse a ser palco de emoção, desta feita entre Roglic (Jumbo-Visma) e Carapaz (Ineos Grenadiers) e mais alguém que ainda queira intrometer-se entre os dois. O desolador ambiente sem público foi como que um lembrete que nada é como antes neste 2020 atípico. A tensão entre pelotão e comissários antes início da etapa, com o protesto dos ciclistas, talvez tenha sido outro sinal que o dia não cumpriria as expectativas.

A etapa ainda prometeu quando a Movistar colocou Nelson Oliveira na frente - mais uma excelente etapa do português, um incansável trabalhador -, com Marc Soler a juntar-se mais tarde. Mas a equipa espanhola limitou-se a lutar por uma etapa - Enric Mas não se mexeu - que acabou por escapar para David Gaudu (Groupama-FDJ), que conquistou a sua primeira vitória numa grande volta. Uma estreia de um jovem de 24 anos, de quem muito se espera em França.

No grupo de favoritos, Daniel Martin (Israel Start-Up Nation) acelerou um pouco no final, mas o maior efeito foi ganhar uns segundos a Hugh Carthy (EF Pro Cycling), na luta pelo pódio.

Soube a pouco, sendo esta uma etapa com quatro primeiras categorias e uma terceira a abrir (Villaviciosa - Alto de la Farrapona Lagos de Somiedo, 170 quilómetros). Pouparam-se forças para o Angliru. A mítica subida faz novamente recordar Alberto Contador. Foi ali que conquistou a sua última vitória. Aquele último disparo do Pistolero em 2017, antes de se despedir do ciclismo profissional. Ali também ganhou em 2008.

Nenhum ciclista presente na Vuelta ganhou no Angliru (Kenny Elissonde já abandonou), mas muitos sabem como pode quebrar o melhor dos trepadores. São 12,5 quilómetros, com pendente média a 9,9% (ver imagem do lado direito). Porém, é influenciada por uma fase mais plana e até a descer na parte final. Este Angliru chega a passar os 20%!

Ainda haverá muito mais montanha nesta Vuelta. Contudo, com um contra-relógio na terça-feira que poderá beneficiar Primoz Roglic, depois deste sábado ninguém, nem o próprio esloveno, terem atacado, o Angliru é a subida onde muito se poderá jogar o futuro de uma Vuelta que acaba daqui a uma semana. Recorde-se que são apenas 18 etapas e não as 21 normais de uma prova de três semanas.

Um rápido ponto da situação para este domingo: Roglic e Carapaz empatados, Martin a 25 segundos, Carthy ficou agora a 58, Enric Mas (Movistar) a 1:54 e o companheiro Soler está agora a 2:44. Todos os restantes têm mais de três minutos para recuperar.

Classificações completas, via ProCyclingStats.

O protesto

A 11ª etapa começou com o pelotão a fazer um pequeno protesto, atrasando o arranque da etapa. A causa? A mudança de regras que levou Carapaz a perder a camisola vermelha na sexta-feira.

Chris Froome encabeçou o protesto em nome dos ciclistas e em defesa do seu companheiro da Ineos Grenadiers. Os corredores contestaram a decisão dos comissários em alterarem a regra dos três segundos para um. Ou seja, como era considerada uma etapa para sprinters, apesar da fase final ter uma curta subida a 5% para a meta, a regra que estava definida é que só haveria cortes se este fosse de três segundos ou mais do vencedor para os restantes atletas.

Não acabou ao sprint e foi Roglic o vencedor. O esloveno cortou a meta com uma pequena vantagem e os comissários optaram por aplicar a regra do corte por haver pelo menos um segundo entre primeiro e segundo. Isto significou que Carapaz perdeu três. Com os 10 de bonificação por vencer a tirada, Roglic ficou empatado na liderança, mas como tem melhores classificações nas etapas (ajuda as três vitórias), vestiu novamente a camisola vermelha.

Os ciclistas não gostaram da mudança de regras de última hora, com a decisão a ser justificada com os comissários a poderem "interpretar as situações como for necessário e aplicar qualquer excepção", segundo escreveu o jornal As, citando o director da prova, Javier Guillén.

O protesto apanhou a organização desprevenida e no final da etapa houve uma reunião de cerca de 20 minutos com representantes das equipas, em que foi explicado precisamente o que levou à decisão do dia anterior. Além de ser passado o desagrado pela atitude do pelotão, foi ainda dito que todos os finais de etapas seriam revistos quanto à regra dos três ou um segundo. Porém, só a etapa de Madrid, a última, é para sprinters, pelo que o problema não deverá voltar a surgir.

12ª etapa: La Pola Llaviana/Pola de Laviana - Alto de L'Angliru, 109,4 quilómetros

E esta é então a etapa deste domingo. Com cinco subidas, duas de primeira categoria, antes da especial (e o Angliru é mesmo especial) para terminar o dia e a segunda semana da Vuelta. Segunda-feira é dia de descanso.

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30 de outubro de 2020

Uma classe própria

© Photo Gomez Sport/La Vuelta
Nem sprinters, nem puncheurs, o vencedor da etapa foi um ciclista de uma classe muito própria. Que mais se pode dizer de Primoz Roglic? É uma autêntica máquina de procurar vitórias, nunca estando satisfeito. E não pára de dar razões para se falar dele e de o elogiar.

Já se viu esta versão avassaladora do esloveno, que depois viria a quebrar num Giro que lhe serviu de lição para meses mais tarde ganhar a Vuelta. Isto foi 2019, porque em 2020, há um Roglic a saber aliar melhor a táctica a uma sede insaciável de triunfos. Ajuda (e muito) ter uma equipa fortíssima. Mas no Tour no único dia em que esteve mal, perdeu a corrida. Na Vuelta... simplesmente parece estar a aproveitar todos os dias em que se sente forte. É para ganhar, mas sem grandes calculismos ou à espera de momentos perfeitos.

Para Roglic, basta uma chegada ter uma inclinação que já é perfeita para atacar e vencer. Adora segundos de bonificação. Podendo aliar um triunfo a ganhar ou, neste caso, recuperar tempo perdido com 10 segundos e um pouco mais na estrada (desta feita três segundos), isso sim, é perfeito para ele. E já é líder novamente!

Demorou quatro dias a recuperar do erro que o levou a perder a camisola liderança para Richard Carapaz (Ineos Grenadiers). Disse que teve problemas com o casaco, mas o que importa nesta altura, é que o ciclista da Jumbo-Visma já recuperou os 30 segundos que havia perdido. Agora está empatado com o equatoriano, mas reassume a dianteira da Vuelta, já somando três vitórias de etapas.

Triunfo após triunfo, arranque após arranque a poucos ou a vários metros da meta, é impossível não se sentir uma admiração pela forma de correr deste esloveno, que celebrou 31 anos na quinta-feira. Aquela derrota amarga do Tour, quase parece nem ter acontecido.

Pode já não ser da nova geração, alguns dos melhores voltistas que estão a surgir são quse dez anos mais novos que o esloveno. Mas é dos mais velhos que nesta fase de mudança de figuras no ciclismo consegue debater-se com os mais novos. Perdeu para Tadej Pogacar (22 anos) no Tour, é certo, mas a idade não foi o problema.

Roglic despontou tarde no ciclismo - é bem conhecida a sua história desportiva, que começou nos saltos de esqui -, mas é um ciclista que faltam adjectivos para descrever tudo o que faz, o quanto entusiasma, o quanto dá espectáculo.

Porém, como foi dito, sabe o que é ter começos explosivos e depois ceder. Sobe à liderança antes de um fim-de-semana que chamar de alta montanha, até parece pouco. É um fim-de-semana mesmo ao estilo da Volta a Espanha!

Talvez por isso, todas as movimentações finais da 10ª etapa desta sexta-feira (Castro Urdiales - Suances, 185 quilómetros) não deixaram de surpreender um pouco. Ontem houve descanso, hoje já praticamente todos os homens da geral mostraram ter intenções para atacar naquela curta subida final, perto da meta, com 5% de inclinação. A maioria dos sprinters nem se posicionou para tentar vencer. E os restantes, ficaram sentados a ver Roglic acelerar, como tantas vezes faz e como tantas vezes fica sem resposta à altura.

Agora terá de mostrar a mesma boa forma na alta montanha. Richard Carapaz não baixa os braços e a Movistar prometeu atacar, pela voz de Alejandro Valverde. O fim-de-semana na Vuelta promete.

Classificações completas, via ProCyclingStats.

11ª etapa: Villaviciosa - Alto de la Farrapona Lagos de Somiedo, 170 quilómetros

Subir, subir, subir. Não vai haver descanso. É daquelas etapas em que já se assistiu na Vuelta ataques de longe. É um tipo de percurso muito difícil de controlar, ainda mais quando não há equipas muito fortes. Dia difícil para a Jumbo-Visma, mas também para quem quiser ameaçar Roglic. Há que medir bem o esforço. É que domingo é dia de Angliru. Vão ser duas etapas a não perder.

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29 de outubro de 2020

Ackermann alerta que factor económico faz ciclistas correrem mais riscos

© Photo Gomez Sport/La Vuelta
Estava a Deceuninck-QuickStep a celebrar a sua 100ª vitória numa grande volta e Sam Bennett e 50ª na carreira, quando os comissários sancionaram o irlandês por sprint perigoso. Pascal Ackermann foi declarado o vencedor da nona etapa, em mais um incidente neste tipo de chegadas. O alemão não considera que as corridas estejam a ficar mais perigosas. Porém, diz que algum excesso de agressividade pode estar relacionado com toda a situação que actualmente se vive e que, economicamente, está a colocar ainda mais pressão em vários ciclistas, a precisarem de resultados.

O próprio Ackermann foi desclassificado em Scheldeprijs depois de uma mudança de trajectória que provocou uma queda grave no lançamento do sprint. Contudo, 2020 ficou muito marcado pelo incidente entre Dylan Groenewegen (Jumbo-Visma) e Fabio Jakobsen (Deceuninck-QuickStep) na Volta à Polónia, que deixou o último com sequelas que ainda se desconhece qual será o seu futuro na modalidade.

"As corridas estão a ficar mais difíceis e os finais também. Todos os ciclistas estão um pouco cansados no final [de época]. A situação do covid-19 não está a facilitar as coisas porque há muitos ciclistas sem contrato [para a próxima temporada] e isso fá-los correr mais riscos. Estão todos a lutar por emprego", referiu Ackermann após o sprint que terminou com Bennett a ver-lhe ser retirada a vitória na nona etapa (Castrillo del Val - Aguilar de Campoo (157,7 quilómetros).

O irlandês - que venceu a quarta tirada da Vuelta - encostou o ombro por duas vezes em Emils Liepins (Trek-Segafredo) e os comissários consideraram agressividade excessiva, ou seja, um sprint perigoso (ver vídeo em baixo). Além de ter sido relegado para a 110ª posição, foi multado em 500 francos suíços, cerca de 468 euros.

Sam Bennett salientou como tentaram encostá-lo às barreiras, juntamente com o seu lançador, mas não se livrou da sanção. Ackermann recordou precisamente o que lhe aconteceu em Scheldeprijs, considerando que os ciclistas têm de ser mais justos entre eles. "Consigo compreender que os ciclistas estejam a lutar um pouco mais, porque todos os resultados são tão importantes este ano", desabafou, citado pelo Cyclingnews.

O alemão conseguiu assim dar uma vitória à Bora-Hansgrohe ao sprint, sendo a sua sétima em 2020, um ano em que tem somado alguns segundos e terceiros lugares. Não está a ser o sprinter avassalador das duas últimas temporadas, pelo que o triunfo na Vuelta o deixa um pouco mais descansado, pois sobrou-lhe apenas a Volta a Espanha entre as provas de três semanas, depois de Peter Sagan ter ficado com o Tour e Giro, ainda que a Volta a Itália tenha este ano coincidido com a prova espanhola.

Classificações completas, via ProCyclingStats.

10ª etapa: Castro Urdiales - Suances, 185 quilómetros

A tirada desta quinta-feira foi uma quase sem história, tirando o sprint final. Sem montanhas, todos aproveitaram para recuperar forças, mesmo as equipas dos sprinters, que colaboraram entre si para controlar a fuga.

Esta sexta-feira, nas vésperas de um fim-de-semana muito, muito complicado - teremos Angliru no domingo - há uma terceira categoria de 4,3 quilómetros, com uma pendente média de 5%. Pode ser um ponto para animar a etapa, principalmente entre aqueles que pretendam deixar os sprinters para trás. Além disso, pouco antes da meta há uma curta subida a 5% que irá dificultar a missão dos sprinters mais puros.

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28 de outubro de 2020

Roglic irresistível (e Carapaz não lhe fica atrás)

© Photo Gomez Sport/La Vuelta
É difícil não sentir alguma admiração e principalmente um enorme respeito por Primoz Roglic. Ainda se está por descobrir o que pode deitar abaixo este ciclista. É que se perder a Volta a França no contra-relógio final - quando até é uma especialidade sua - não o fez, então não ia ser o casaco ou uma falta de pernas num dia que o iria fazer desistir de lutar pela Vuelta. Roglic sofre, pode passar alguns dias menos bons, mas não lhe digam que não pode fazer mais nada. Não que fosse preciso, mas o esloveno lá deixou mais uma prova da sua forma de estar no ciclismo com a exibição no Alto de Moncalvillo.

A batalha com Richard Carapaz está a tornar-se numa bem espectacular. Ataque, contra-ataque, um dia está um mais forte, noutro dia está outro... Quando perdeu a camisola vermelha, Roglic desculpou-se com problemas em vestir o casaco, sendo que houve depois falta de força para responder a Carapaz, depois de ter sido obrigado a recuperar o tempo perdido para chegar ao grupo de favoritos.

Sem desculpas, o Roglic de Moncalvillo foi aquele que se viu a ganhar a primeira etapa e aquele que já se viu tantas vezes nos últimos três/quatro anos. Quando mete as mãos em baixo no guiador já se sabe que é provável que se vá assistir a algo especial. E assim foi. Carapaz resistiu, mas acabou por ceder 17 segundos, contando com as bonificações. São 13 que os separam, com vantagem para o equatoriano. E se Daniel Martin (Israel Start-Up Nation) e Hugh Carthy (EF Pro Cycling) não deve ser retirados da equação, cada vez mais esta Vuelta está a escrever-se com a rivalidade Roglic/Carapaz.

A capacidade que este esloveno tem de ultrapassar desconfianças, como as que talvez não fosse um voltista, que talvez não fosse o líder para a Jumbo-Visma, que talvez não pudesse discutir uma grande volta... Roglic parece motivar-se ainda mais! Havia a incerteza como se apresentaria depois de perder o Tour de forma tão dramática. Está fortíssimo mentalmente e fisicamente também.

Aliás, o mesmo se pode dizer de Carapaz. Na Movistar andou na sombra dos líderes Alejandro Valverde, Nairo Quintana e ainda Mikel Landa. Sabia-se que tinha qualidade, mas não era apresentado como líder, não era visto como candidato, não era visto como um ciclista que chegaria ao topo da hierarquia rapidamente. Foi ao Giro de 2019... Mostrou que era um atleta que não ia ficar à espera, só porque havia um tridente de nomes fortes, mas poucos resultados.

Seguiu para a Ineos Grenadiers e esbarrou com as mudanças forçadas devido às alterações de calendário. Teve de ser gregário de Egan Bernal, ainda que tenha acabado a tentar salvar a equipa de uma Volta a França para esquecer. Não foi ao Giro - o seu plano inicial, quando ainda estávamos em tempos, digamos, normais - e chegou à Vuelta com Chris Froome ao seu lado. O britânico é a figura uma história que está a ter um capítulo bem triste de ver. Carapaz é o líder, merece esse estatuto, e que bem tem estado em Espanha, numa Vuelta de loucos, mas que não perturba em nada este ciclista.

Esloveno e equatoriano fizeram história ao tornarem-se os primeiros dos seus países a vencerem uma grande volta, precisamente em 2019 (Vuelta e Giro, respectivamente). Roglic (30 anos) e Carapaz (27) são dois lutadores, habituados a que nada seja fácil, habituados a desconfianças, mas também já bem habituados a ganhar, principalmente Roglic.

Alto de Moncalvillo foi difícil (dia com 164 quilómetros, que começaram em Logroño), Roglic assim o admitiu depois de se tornar no primeiro vencedor da subida da zona de La Rioja, no norte de Espanha - pendente média acima dos 9%, com rampas a 15% -, mas ainda virá pior, com os olhos postos no mítico Angliru, no domingo. E mal se pode esperar para ver este dois ciclistas estarem novamente frente-a-frente.

E o melhor de tudo? É que nesta Vuelta quem parece poder estar a ficar fora de cena, tem duas etapas no fim-de-semana para mostrar que também tem o poder de luta para se intrometer entre Roglic e Carapaz. Enric Mas e a Movistar bem precisam de puxar dos galões. Trabalharam muito esta quarta-feira - vénia a Nelson Oliveira -, mas o seu líder não cumpriu na subida final. Marc Soler e Alejandro Valverde também não estiveram melhor. Pelo contrário.

Classificações completas, via ProCyclingStats.

9ª etapa: B.M. Cid Campeador Castrillo del Val - Aguilar de Campoo, 157,7 quilómetros

Atenção! Vamos ter duas etapas quase sem montanha! Até parece estranho! A desta quinta-feira é completamente plana, sexta haverá apenas uma terceira categoria. É melhor não celebrar muito, porque este dois dias para os sprinters, serão importantes os candidatos à geral recuperarem forças. O que o pelotão terá de enfrentar no fim-de-semana é de testar o mais resistente dos ciclistas.

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27 de outubro de 2020

Como controlar na Volta a Espanha? A pergunta de difícil resposta

© Unipublic/Charly López/La Vuelta

Como controlar na Volta a Espanha? Ainda é algo que até equipas como a Ineos Grenadiers ou agora a Jumbo-Visma não descobriram. Conseguem estar na frente do pelotão e impor algum ritmo, mas não é fácil poder dizer que está tudo controlado. Há algo que há muito faz parte da génese da grande volta espanhola, principalmente desde que passou para a fase final do calendário: os ciclistas têm uma mentalidade muito mais atacante, muito mais auspiciosa e muito menos cautelosa, no que diz respeito em procurar os seus resultados.

Enquanto ainda se discutiam tácticas no Giro, na Vuelta era a loucura, num ano em que as corridas coincidiram durante seis dias. Ritmo elevados, ataques, não tem havido muita paz. O que é óptimo para o espectáculo, mas é uma dor de cabeça para a equipa que tem a camisola vermelha. É que até os principais rivais parecem arriscar mais quando se está em Espanha, comparativamente com Itália e França.

Grande parte desta mentalidade está relacionada precisamente por ser a última grande volta, onde muitos ciclistas tentam salvar algo da época, se eventualmente não correu bem. Ainda mais se algum falhou noutra prova de três semanas. E há o outro lado, de alguém que esteja muito motivado e há procura de um derradeiro sucesso, sem medo de arriscar, por não ter nada a perder.

Em 2020 entra na equação o ter sido um ano atípico, com menos corridas e há muito mais ciclistas e equipas a precisarem de sair desta época com uma vitória importante. Cofidis e Movistar são exemplo disso, enquanto a EF Pro Cycling está no lado de quem está num bom momento, com Michael Woods a ganhar a sétima etapa. Mas até há outro exemplo: a Jumbo-Visma. Ganhou dois monumentos e tem outras conquistas importantes, mas falhou o principal objectivo: o Tour.

Com um percurso muito montanhoso e etapas normalmente curtas - este último aspecto bem diferente do Giro -, além de um Outono bem chuvoso e de 18 tiradas em vez de 21, esta Vuelta torna-se imprevisível, ou quase. Afinal espera-se sempre que tudo possa acontecer!

Mais exemplos

Guillaume Martin (Cofidis) é um daqueles ciclistas a querer salvar algo de uma temporada marcada por um Tour que começou tão bem, mas que terminou em quebra. Na Vuelta está a ser o contrário: iniciou mal e está a melhorar, sendo já o líder da classificação da montanha.

Alejandro Valverde e toda a Movistar estão a ter um 2020 para esquecer. Já venceu uma etapa na Vuelta, mas olha para a geral com Enric Mas... Mas também com Soler e agora Valverde a quererem ganhar. O velho problema de demasiado ciclistas a pensarem em si próprios nesta formação... Depois da etapa desta terça-feira, os três estão no top dez.

Foi um dia em que a Ineos Grenadiers teve de se aplicar para não deixar que um grupo de quase 40 ciclistas ganhasse demasiada vantagem, para não colocar em risco a liderança de Richard Carapaz. A Jumbo-Visma mudou de táctica, pelo menos por um dia. Sepp Kuss e George Bennett foram para a frente e o segundo colocou-se como possível plano B a Primoz Roglic, ainda que 2:39 minutos seja uma diferença que não assuste em demasia Carapaz, mas abre as opções da Jumbo-Visma.

E temos ainda Rui Costa. O português da UAE Team Emirates anda muito activo nesta Vuelta. O campeão nacional ameaça alcançar uma vitória, mostrando que preparou muito bem a sua presença na grande volta espanhola.

Classificações completas, via ProCyclingStats.

8ª etapa: Logroño - Alto de Moncalvillo, 164 quilómetros

Numa Vuelta tão difícil de controlar, a boa forma dos candidatos é essencial. Richard Carapaz afirmou que não tem qualquer problema em já ter vestido a camisola vermelha, querendo mantê-la até final. São etapas como a desta quarta-feira que se joga muito na luta pela geral e todos os que estão a apresentar-se fortes - Daniel Martin (Israel Start-Up Nation), Hugh Carty (EF Pro Cycling), Enric Mas, Felix Grosschartner (Bora-Hansgrohe), Esteban Chaves (Mitchelton-Scott) -, além de Roglic e Carapaz têm mais uma oportunidade para se afirmarem notop dez. Este pareceu ficar um pouco definido logo nos primeiros dias. Porém, na sétima etapa (Vitoria-Gasteiz - Villanueva de Valdegovia, 159,7 quilómetros), percebeu-se que ainda há muito em jogo.

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25 de outubro de 2020

A afirmação no momento certo de Tao Geoghegan Hart

© Team Ineos
Dizer que a vitória de Tao Geoghegan Hart numa grande volta é uma surpresa, só se nos centramos apenas no que aconteceu neste Giro. Este é um daqueles ciclistas que cedo demonstrou ser mais um britânico de enorme potencial, mas "sofreu" por ter chegado à então Sky numa altura em que ficou inevitavelmente na sombra de Chris Froome e Geraint Thomas. E depois as atenções começaram a virar-se para Egan Bernal e outros ciclistas latinos. Mas em praticamente todas as corridas que fazia ficava claro que este ciclista não ia ficar à espera de lhe estenderem uma passadeira vermelha. Ia à luta para conquistar o seu lugar no topo.

Rapidamente se destacou como gregário. Como líder, ou pelo menos como um ciclista com mais liberdade, não conseguiu agarrar a oportunidade na última Vuelta. Mas neste Giro, talvez o facto de não ter tanta pressão e de ser uma Ineos Grenadiers livre de responsabilidade depois de perder Thomas logo ao terceiro dia, Geoghegan Hart aproveitou a porta que se escancarou e confirmou todo o seu potencial. Confirmou que a equipa tem a próxima geração de britânicos que já ganha grandes voltas.

Tem 25 anos, chegou à formação britânica em 2017, sendo que a passagem pela Axeon Hagens Berman foi importante no seu crescimento e na forma como rapidamente se integrou numa Sky que então estava no topo do ciclismo. A filosofia agora é outra, sem pensar em domínios e Geoghegan Hart encaixou perfeitamente nela nesta Volta a Itália. Não precisou de toda uma equipa, precisou de um apoio preciso, no momento certo.

Preparou-se para mais uma vez ser gregário. Sem Thomas ficou livre dessa responsabilidade. Ganhou uma etapa e ficou ali, no top dez, discreto, sempre bem posicionado no pelotão, à espera do momento para se colocar como candidato. Pensava-se que estava só, mas também parecia que poderia ser o suficiente para um bom resultado entre os dez melhores ou num top cinco.

A equipa mostrou que estava dedicada a conquistar etapas - sete no final (!) - e que lutar pela vitória final não seria intenção. Depois de um Tour completamente fracassado, esta Ineos Grenadiers sem Thomas não fez ninguém temê-la. Talvez a própria Sunweb tenha cometido esse erro, preocupando-se em demasia para João Almeida - o detentor da rosa durante 15 dias - e precipitando-se quando o britânico surgiu como rival.

© Giro d'Italia
Geoghegan Hart e a Ineos Grenadiers tiveram a inteligência táctica que faltou à Sunweb. A Wilco Kelderman e Jai Hindley ficarem cada um por si no Stelvio, no final, não resultou. A Ineos Grenadiers lançou Rohan Dennis. O coelho na cartola. Que bem esteve o australiano na ajuda a Geoghegan nas duas etapas de montanha decisivas.

No contra-relógio, o britânico confirmou que se defende bem. Hindley tem ainda que melhorar. Partiram com o mesmo tempo e na chegada a Milão - nunca dois ciclistas começaram a última tirada de uma grande volta empatados -, 39 segundos em 15,7 quilómetros, marcaram a diferença com que Geoghegan Hart confirmou a surpresa no Giro, mas não na carreira.

Trabalhador, ambicioso, mas também humilde, Geoghegan Hart foi mesmo o mais forte no Giro, sabendo que tem muito a agradecer a Rohan Dennis. Mas é por isso que o ciclismo é um desporto de equipa. Talvez a Ineos Grenadiers não mais volte a ser a toda poderosa Sky, que controlava tudo e todos. Mas nesta nova filosofia teve um ciclista que acreditou, quando poucos se calhar acreditavam.

É verdade que este Giro acabou por ser um pouco atípico... à imagem deste 2020! Mas também acabou por se tornar em mais um exemplo de como a nova geração é uma vencedora e não se resume a dois ou três ciclistas.

E a época da equipa britânica agora já não é tão má. O Tour mostrou que muito tem a mudar. O Giro revelou que provavelmente esteja a perceber qual o caminho a percorrer. O único senão, por assim dizer, é que ganham mais um ciclista a quem não podem simplesmente dizer que agora terá de ser novamente gregário...

Já o caminho de Tao Geoghegan Hart é, ainda assim, incerto. Precisamente pela concorrência interna. Está em final de contrato. Mostrou que é mais um britânico vencedor, juntando-se a Bradley Wiggins, Chris Froome, Geraint Thomas e Simon Yates na lista de vencedores nas grandes voltas. E todos campeões recentes.

A Ineos Grenadiers pode ter aberto o seu projecto a outras nacionalidades, mas não tem razões para abandonar a sua génese. A evolução de Hart em quatro temporadas é a prova disso mesmo. Foi uma afirmação no momento certo para ser tido em conta para mais lideranças e não ficar mais na sombra de ninguém.

De salientar ainda que esta vitória foi dedicada a Nicolas Portal, o director desportivo que morreu em Março, aos 40 anos. Teve uma profunda influência na carreira de Froome, mas também foi muito importante para Geoghegan Hart.

Último dia

A Sunweb pagou caro não se ter mantida unida em torno de Wilco Kelderman. Não havia garantias que ganhasse, mas agora ficará sempre aquele enorme "e se Hindley tivesse ficado com o líder no Stelvio". Segundo e terceiro lugar seria em qualquer ocasião um excelente resultado, ainda mais para uma formação em fase de mudança. Mas dadas as circunstâncias, a Sunweb sai do Giro como a principal derrotada.

Já João Almeida (Deceuninck-QuickStep) sai como um dos vencedores. Foi quarto no contra-relógio ganho por Filippo Ganna (pois claro) e subiu à quarta posição, desalojando Pello Bilbao (Bahrain-McLaren). Estreia fenomenal do ciclista português numa grande volta. Sim, temos voltista. Está respondida a questão que o próprio atleta queria saber nesta sua primeira prova de três semanas.

© Giro d'Italia
E Ruben Guerreiro... Custou, mas parece que o português da EF Pro Cycling encontrou estabilidade. Quando está bem fisicamente é capaz de muito bons resultados. É o rei da montanha do Giro. Se João Almeida alcançou a melhor classificação de sempre de um português em Itália, Ruben Guerreiro é o primeiro a ganhar uma camisola. A azul vem para Pegões. E ainda ganhou uma etapa

Foi um Giro memorável. E num ano tão estranho, tão complicado, tão incerto, que bom foi assistir a uma corrida assim, com dois jovens ciclistas portugueses a serem figuras da corrida.

De referir que Arnaud Démare (Groupama-FDJ) conquistou a maglia ciclamino (dos pontos), com Tao Geoghegan Hart a acumular a rosa com a branca da juventude. A Ineos Grenadiers venceu ainda colectivamente. Com sete vitórias de etapas (quatro para Ganna, duas para Geoghegan Hart e uma para Jhonatan Narváez) e três classificações, não há discussão que foi de facto a melhor. Diferente, é certo, sem domínios quase totais, mas afinal há vida nesta nova era da antiga Sky.

Classificações completas, via ProCyclingStats.

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24 de outubro de 2020

Um Giro para a história

© Giro d'Italia
Por cá, jamais esqueceremos a 103ª edição da Volta a Itália. Afinal foram 15 dias com um ciclista português como líder - algo inédito em qualquer grande volta para o ciclismo nacional -, numa exibição marcante do estreante João Almeida. E ainda estamos perto de ter outro dos nossos ciclistas a vencer pela primeira vez uma classificação numa corrida de três semanas. Ruben Guerreiro é o rei da montanha (camisola azul) e venceu uma etapa. Porém, este Giro ganhou mais um elemento histórico, daqueles que se falará em todo o mundo por muito tempo: pela primeira vez em grandes voltas dois ciclistas partem para a última etapa empatados em tempo.

85:22.07 horas. Foi preciso ir aos centésimos dos contra-relógios para encontrar o novo líder do Giro, com Jai Hindley a ficar com a camisola rosa do companheiro da Sunweb, Wilco Kelderman. Tal como no Stelvio, o holandês cedeu e tal como no Stelvio, Hindley seguiu a roda de Tao Geoghegan Hart que tem um novo melhor amigo: Rohan Dennis. O australiano está feito num gregário de luxo. Se o britânico vencer o Giro este domingo, muito tem a agradecer a Dennis e foi visível esse reconhecimento pela forma como abraçou o colega no final da etapa.

A história nas três subidas a Sestriere foi em tudo idêntica à do Stelvio, mas desta feita Geoghegan Hart venceu e Hindley foi segundo. Segunda vitória para o britânico, sexta da Ineos Grenadiers! Este domingo Filippo Ganna é favorito para garantir a sétima, com Geoghegan Hart a poder ser o vencedor do Giro, algo que até recentemente nem se falava.

Foi uma Ineos Grenadiers que olhou à distância para a camisola rosa e tirou um coelho da cartola inesperado: Rohan Dennis. Já a Sunweb treme. A decisão de não deixar Hindley no Stelvio para ajudar Kelderman pode ainda custar caro. Para já, com o holandês a ceder novamente, parece ter sido a decisão mais correcta, pois agora de pouco valem o "se" Hindley tivesse ajudado, talvez Kelderman não perdesse tanto tempo, estivesse mais confiante e acreditasse que a equipa o apoiava.

Agora só há uma escolha: Hindley. O jovem australiano, de 24 anos pode tornar-se no primeiro ciclista do seu país a vencer o Giro. Geoghegan Hart pode ser o segundo, depois de Chris Froome. O terceiro frente-a-frente será o do tudo ou nada, numa Volta a Itália recheada de emoções (principalmente para Portugal) e que acaba em grande.

João Almeida, um senhor ciclista

Um último fôlego, um último esforço de João Almeida e da Deceuninck-QuickStep. Nos 190 quilómetros entre Alba e Sestriere, a equipa belga colocou vários ciclistas na frente que, ao não terem possibilidade de ganhar a etapa, todos acabaram a ajudar Almeida num derradeiro ataque.

Kelderman até beneficiou de todo este esforço do português durante alguns quilómetros, mas Almeida acabaria por se afastar, à procura de pelo menos subir ao quarto lugar. Pello Bilbao (Bahrain-McLaren) ficou a 23 segundos de distância, tempo que não será fácil recuperar nos 15,7 quilómetros finais, até porque o espanhol é o campeão nacional da especialidade. Mas não é impossível e já se percebeu que para Almeida, o mote é lutar até ao fim. Excelente atitude de um senhor ciclista de apenas 22 anos.

De referir que o sexto classificado, Jakob Fuglsang (Astana), está a mais de três minutos de João Almeida. O top cinco é bem merecido para o português. O pódio também não lhe ficaria nada mal, mas só um colapso total de Kelderman permitiria chegar ao terceiro posto, pois tem mais de minuto e meio de vantagem.

Classificações completas, via ProCyclingStats.

21ª etapa: Cernusco Sul Naviglio - Milano (CRI), 15,7 quilómetros


É um contra-relógio sem dificuldades de maior, excepto a parte final mais técnica, devido a algumas curvas a 90 graus, segundo a explicação dada pela organização do Giro. Cai o pano na Volta a Itália, em Milão. Quem celebrará?


23 de outubro de 2020

Sunweb contra si própria com Geoghegan Hart à espreita de ficar com a rosa

© Giro d'Italia
Dia de quase todas as decisões na Volta a Itália. Sestriere será o palco da última montanha do Giro. Em dose tripla! Sem Colle dell’ Agnello e Col d’Izoard, sobrou esta dificuldade para a derradeira etapa em linha, sendo que a corrida só terminará com o contra-relógio de Milão. Não há tirada de consagração em Itália. Tao Geoghegan Hart vai tentar concretizar um golpe de teatro, medindo forças contra uma Sunweb que luta contra si própria.

O que aconteceu no Stelvio tornou-se no maior ponto de interesse do Giro, agora que a senda de João Almeida de rosa chegou ao fim. A táctica acabou por correr bem para a Sunweb a curto prazo. Ou seja, ganhou a etapa com Jai Hindley e Wilco Kelderman ficou líder da corrida. Porém, ter deixado o holandês sozinho ainda em pleno Stelvio, quando demonstrou que poderia não conseguir seguir o ritmo de Rohan Dennis - grande etapa do australiano na ajuda a Geoghegan Hart - mas não ficaria longe, foi uma decisão estranha e que pode ainda ter consequências.

Os dois ganhos na etapa de quinta-feira, de pouco servirão se o britânico da Ineos Grenadiers recuperar os apenas 15 segundos que o separam de Kelderman. Geoghegan Hart irá testar a união pouco convincente que Hindley tentou passar. Garante que vai ajudar Kelderman, mas são só 12 os segundos que o separam do colega.

A equipa não deu o apoio incondicional a Kelderman e se ceder em Sestriere, não surpreenderá se rapidamente ficar outra vez isolado. O holandês é um homem que está de saída para a Bora-Hansgrohe. Hindley é um dos jovens que está a singrar na Sunweb. Ainda assim, tudo pareceu estranho e a Sunweb está a realizar um jogo perigoso. Porém, pode agora também ter duas armas para atacar o britânico da Ineos Grenadiers.

Esta Sunweb no Giro, nada tem a ver com a imagem de união passada no Tour. Agora está uma vitória numa grande volta em causa. Contudo, rivalidades internas podem ser muito prejudiciais.

Geoghegan Hart tem andado a fazer marcação de longe à liderança, quando João Almeida (Deceuninck-QuickStep) estava de rosa e Kelderman era o rival. O britânico venceu uma etapa e foi-se mantendo próximo, naquele grupo que rondou os três minutos de desvantagem. Há que não esquecer que chegou a Itália para ser o braço-direito de Geraint Thomas, mas o abandono muito cedo do galês, abriu as portas da geral a Geoghegan Hart.

É mais um dos rostos da nova geração e vencer no Giro é de extrema importância para a sua carreira, no imediato. Tem o lugar de líder em grandes voltas tapado numa equipa que tem Egan Bernal, Richard Carapaz, Geraint Thomas com mais estatuto e há mais pretendentes à posição. Em Sestriere tem uma oportunidade de ouro para também ele se afirmar, podendo assim ter outras escolhas no seu futuro. Publicamente ainda não foi anunciado se fica na Ineos Grenadiers em 2021 e Geoghegan Hart pode ser um importante homem de trabalho, mas não gosta de ficar em segundo plano durante muito tempo.

Quanto a João Almeida, está no quinto lugar, a 2:16 da liderança. O quarto posto de Pello Bilbao (Bahrain-McLaren) está a 1:13 segundos de distância para o ciclista da Deceuninck-QuickStep. Atrás do português está Jakob Fuglsang (Astana), a 3:59 de Kelderman. As posições no top dez ainda estão por definir.

20ª etapa: Alba - Sestriere, 190 quilómetros

Josef Cerny (CCC) foi o vencedor da etapa de algum descanso no Giro, fazendo singrar mais uma fuga. Os sprinters viram assim a hipótese de uma última discussão não se concretizar. No entanto, a etapa entre Abbiategrasso e Asti foi encurtada de 253 quilómetros para 124 após um protesto dos ciclistas que alegaram que as condições meteorológicas adversas colocavam em risco a saúde de todos, ainda mais sendo uma distância tão longa. Mauro Vegni, director da corrida, não gostou que o pedido fosse feito tão apenas antes do início da etapa, mas a tirada foi mesmo encurtada.

Este sábado regressa então a montanha, com o Sestriere a ser enfrentado três vezes, uma pelo lado de Perosa e duas pelo de Cesana. Serão cerca de quatro mil metros de acumulado. Apesar haver muitos pontos em disputa, Ruben Guerreiro só tem de chegar a Milão para se tornar no primeiro português a conquistar uma classificação numa grande volta. Matematicamente a camisola azul está garantida para o ciclista da EF Pro Cycling.

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»»Giro perde duas das subidas mais difíceis. Táctica para etapa desta quinta-feira pode mudar««

Vuelta também perde a sua grande etapa em território francês

© Unipublic/Charly López/La Vuelta
O Tour conseguiu concretizar o seu percurso em território nacional, mas a intenção do Giro e da Vuelta de visitarem França para terem etapas que prometiam ser fenomenais, foi arruinada pela pandemia. Primeiro foi a Volta a Itália que foi forçada a mudar a tirada deste sábado devido às restrições impostas numa das regiões por onde iria passar. Agora é a Volta a Espanha que reformulou o percurso de domingo, perdendo-se assim a chegada ao mítico Tourmalet.

Em França, as restrições para fazer face à pandemia têm aumentado, tal como está acontecer em muitos outros países. O ciclismo luta por conseguir concluir o seu calendário, já por si muito encurtado devido ao cancelamento de várias corridas. A Volta a Itália está prestes a conseguir chegar a Milão no domingo e finalizar a prova, em Espanha vive-se um dia de cada vez, sabendo que o risco de haver um cancelamento é muito real, ainda mais estando o pelotão num dos países europeus com mais casos.

A organização anunciou que não seria permitido público nas subidas, algo que se comprovou nas primeiras três etapas e é uma medida para continuar. Porém, teve de se submeter as regras impostas em França e os ciclistas não podem passar nas zonas previstas. 

A etapa começará em Biescas (região de Aragão) como previsto, mas passará a ter 146,4 quilómetros, mais dez do que a versão inicial. Porém, perde dificuldade. O percurso inclui agora a subida de terceira categoria ao Alto de Petralba, a de segunda no Alto de Cotefablo, regressará a Biescas, antes da última ascensão, em Aramón Formigal. Esta subida é de primeira categoria.

No trajecto originalmente desenhado estavam incluídos, além do Tourmalet, o Col du Portalet e o Col de l'Aubisque. Ou seja, duas categorias especiais e uma primeira (Portalet).

Este é o novo perfil de etapa.

Este é o antigo.

Com tanta montanha para enfrentar, muitos ciclistas nem deverão queixar-se da mudança, numa Vuelta marcada por etapas muito rápidas, que já levaram a alguns possíveis candidatos a perderem tempo, ou mesmo a abandonarem. Esta sexta-feira foi a vez de Daniel Martínez deixar a corrida. O colombiano caiu na primeira etapa e despediu-se assim da EF Pro Cycling, pois em 2021 irá reforçar a Ineos Grenadiers. Simon Geschke (CCC) também já foi para casa, com a lista de abandonos a crescer. Só a AG2R já perdeu três atletas: Mathias Frank, Alexandre Geniez e Axel Domont.

Quanto à quarta etapa, houve finalmente descanso na montanha, ainda que o dia tenha sido de nervos, pois foi preciso muito atenção para evitar surpresas com o vento. No sprint, Sam Bennett (Deceuninck-QuickStep) segue a sua senda de vitórias em grandes voltas. Depois do Tour, venceu na Vuelta. Os gémeos Oliveira prepararam o sprint para Jasper Philipsen e o belga da UAE Team Emirates obrigou Bennett a esforçar-se para vencer.

Duas vitórias irlandesas consecutivas na Vuelta, depois de na quinta-feira Daniel Martin (Israel Start-Up Nation) ter ganho.

5ª etapa: Huesca - Sabiñánigo, 184,4 quilómetros

Os sprinters regressam ao modo de sobrevivência. Fase final muito complicada, ainda mais se se mantiver a tendência de se andar muito rápido nesta Volta a Espanha.

Classificações completas, via ProCyclingStats.

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22 de outubro de 2020

Isto é apenas o início

© Tim de Waele/Getty Images/DeceuninckQuickStep
O Stelvio não perdoa. Não importa se se é o mais talentoso dos trepadores, ou um dos grandes campeões de ciclismo. Nesta icónica subida já há quem saiba o que é perder a Volta a Itália. Era o maior teste a João Almeida, principalmente depois da etapa de sábado ter sido reformulada. O ciclista português cedeu, mas não quebrou. Defendeu como pôde a camisola rosa e honrou-a até ao fim. Percebeu que não continuaria como líder, mas não desistiu de sair deste Giro com um resultado que lance em alta a sua carreira nestas corridas. O sonho rosa desfez-se, mas isto é apenas o início do que João Almeida tem para dar... do que tem para ganhar.

Foram 15 dias de liderança. Nem Joaquim Agostinho, nem Acácio da Silva o conseguiram fazer numa grande volta. E João Almeida tem apenas 22 anos. Está a ser a sua primeira grande volta, no seu ano de estreia no World Tour. Eis mais um jovem da nova geração para entrar nas contas daqueles que podem deixar a sua marca na próxima década ou mais. E este é português. Nas últimas semanas tornou-se no orgulho nacional, fazendo recordar os bons velhos tempos em que o ciclismo era quase rei em Portugal.

Mas isto é apenas o início. João Almeida chegou ao mais alto nível somando bons resultados nos escalões de formação. Nada disto aconteceu por acaso, ainda que um pouco mais cedo do que o esperado. Porém, este é um ciclista que não desperdiça oportunidades. Não estava escalado para o Giro, mas ao ser chamado quis mostrar-se. Não se poderia pedir mais! Foi brilhante.

Fica aquela tristeza de ver que faltam três etapas para o fim e Almeida estava tão perto. Mas, naquele Stelvio de 25 quilómetros, com pendente média de 7,5%, o português perdeu a liderança, mas foi grande. A rosa já não é dele, mas terá tempo para um dia voltar a vesti-la. E a amarela do Tour... E a vermelha da Vuelta e outras camisolas que demonstrou poder vir a discutir. Tem todo um futuro à sua frente. Veio para o Giro para saber como era correr três semanas. Sai sabendo que é um voltista.

Até deu para esquecer que este é um ciclista ainda em evolução. Teve um curso intensivo de uma grande volta ao vestir ao terceiro dia a camisola rosa. Cresceu como atleta e não demorará a ver-se o resultado dessa aprendizagem. Isto é apenas o início!

A Deceuninck-QuickStep tem mais um ciclista para as provas de três semanas. Não só Remco Evenepoel. Esta equipa belga tem muito a pensar como quererá abordar os próximos anos. O director Patrick Levefere disse, em 2019, que estaria disposto a mudar um pouco a política de contratações se Enric Mas ficasse.

O espanhol saiu para a Movistar. Contudo, a Deceuninck-QuickStep tem agora dois bons voltistas e se os quiser manter, terá de ter mais ciclistas para montanha e não apenas um Fausto Masnada que está a precisar de perceber que tem de trabalhar para colegas quando assim se impõe. Ainda mais numa equipa que se auto apelida de Wolfpack (alcateia).

Isto é apenas o início para um João Almeida que, apesar de não estar numa equipa para as grandes voltas, é a certa para ele neste momento. Vai ter apoio para evoluir, sabendo que terá de trabalhar para colegas, mas que terá as suas oportunidades. Depois de 15 dias de rosa subiu o seu estatuto dentro da equipa. Isto é apenas o início.

E o Giro ainda não acabou. Saiu do pódio, mas segurou o top cinco e porque não olhar para cima. Ficou a 2:16 minutos do novo líder, Wilco Kelderman. Está a 57 segundos do quarto lugar (Pello Bilbao, Bahrain-McLaren). O pódio está a 2:01 (Tao Geoghegan Hart, Ineos Grenadiers, é terceiro classificado.

Jai Hindley (Sunweb) tornou-se no real camisola branca, com Hart atrás. Também essa classificação ficou complicada para o português. Mas, aconteça o que acontecer nas próximas três etapas, João Almeida fez história. Isto é apenas o início!

© Giro d'Italia
Uma camisola quase garantida

Ruben Guerreiro há-de ter o destaque merecido. O ciclista da EF Pro Cycling foi o primeiro a tentar ajudar Almeida a manter a camisola rosa, tal era a importância do feito. Porém, é dele um momento marcante da história do ciclismo nacional. Está perto de se tornar no primeiro português a vencer uma classificação numa grande volta. A camisola azul da montanha é dele se chegar a Milão.

Giovanni Visconti (Vini Zabù-KTM) era o rival mais sério, mas abandonou. Guerreiro entrou novamente na fuga, controlou a outra possível ameaça, Thomas de Gendt (Lotto Soudal) e depois de vencer uma etapa no final da primeira semana, é o rei da montanha. É a sua segunda grande volta e, aos 26 anos, afirma-se finalmente ao mais alto nível, depois de principalmente dois anos marcados por quedas e problemas de saúde.

Que Giro tão fantástico para Portugal. Apostar na formação vale a pena!

Classificações completas, via ProCyclingStats.

19ª etapa: Morbegno - Asti, 253 quilómetros

Wilco Kelderman é assim o novo líder da Volta a Itália, ainda que não parece ter o maior apoio da Sunweb, que não obrigou Jai Hindley a ficar com o o líder. O australiano está a 12 segundos do companheiro de equipa, após vencer a etapa que acabou por ser a rainha do Giro (Pinzolo - Laghi di Cancano, 207 quilómetros). Tao Geoghegan Hart recolocou a Ineos na luta pela geral, estando a 15 segundos de Kelderman.

A etapa de sábado vai ser emocionante. Até porque agora há rivalidade até dentro da Sunweb. Já esta sexta-feira, os sprinters que resistiram, têm uma última hipótese para ganhar, pois no domingo, o Giro termina com um contra-relógio. É dia para os candidatos à geral recuperar forças para a derradeira tirada de montanha no sábado.

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»»Ao ataque por muito mais do que dois segundos««

A importância da força mental

© Team Jumbo-Visma
A força psicológica de um atleta, seja em que modalidade for, tem uma influência profunda no sucesso que possa ter. Muitas promessas não passam disso mesmo e, por vezes, a questão mental tem o seu papel. Também já aconteceu o contrário. Serem atletas com menor fulgor nos tempos de formação, mas com a evolução, com a ajuda de uma boa mentalidade e/ou acompanhando psicológico, tornam-se atletas de referência. Na Vuelta há, ou havia, dois casos diferentes. Um já abandonou.

Primoz Roglic é o exemplo de como uma mente forte ajuda a colocar um ciclista no topo. Thibaut Pinot é o exemplo de como quando não se está bem, não se consegue ir buscar qualquer motivação por si próprio. Foram dois anos a recuperar este francês para que pudesse atingir as expectativas criadas no seu país, para que soubesse lidar com essa pressão, principalmente na Volta a França. Porém, em 2020 há um novo retrocesso.

Pinot abandonou a Vuelta, não partindo para o terceiro dia. Tinha avisado que ainda não estava bem das costas. O problema surgiu no primeiro dia do Tour, quando sofreu uma queda. Foi quase um fantasma na Volta a França e na Vuelta começou logo a perder 25:19 minutos em duas etapas. Desde aquele 29 de Agosto que Pinot é um homem derrotado. Manteve-se no Tour apesar de não estar bem, mas nem se percebeu bem porquê. Nada fez e aparentemente nem conseguia fazer. Nem lutar por uma etapa.

No Twitter surgiu uma mensagem de um adepto espanhol de ciclismo que questionava porque razão as equipas enviaram à Vuelta corredores que não estão em condições. No caso de Pinot a questão coloca-se de facto. Se não está bem fisicamente, para quê sujeitá-lo a este embaraço de abandonar ao terceiro dia, depois de dois para esquecer. Pinot não precisava disto, se o problema das costas de facto persiste.

Enquanto a Pinot poderá fazer bem a longa pausa que se segue até 2021, Primoz Roglic precisou de poucas semanas para se recompor da desilusão do Tour. Seria compreensível se se mantivesse discreto depois de perder a Volta a França naquele contra-relógio final. Pelo menos até ao fim do ano. Mas não. Entrou na Vuelta a não perder tempo para mostrar que está forte. A desilusão será difícil de esquecer, mas faz parte do passado. Roglic quer mais e quer mais já, em Espanha, onde venceu em 2019, já liderando em 2020. Grande atitude. É de um verdadeiro vencedor e de alguém que transmite confiança e motivação aos companheiros da Jumbo-Visma.

Outro exemplo pode ser Daniel Martin. Carreira de altos e baixos deste irlandês. Quando está bem, está mesmo bem. Mas tem problemas em lidar com os piores momentos. Tem, no entanto, a característica de ser um ciclista que não gosta de atirar a toalha ao chão. Tenta perceber o que está mal e mudar para melhor.

Teve uma passagem infeliz pela UAE Team Emirates. Dois anos, durante os quais pareceu não encaixar na equipa, apesar de até ter ganho uma etapa no Tour. Mudou para a Israel Start-Up Nation, podendo aí ser líder sem tanta concorrência (pelo menos para já). Foi preciso esperar dois anos, mas venceu novamente numa grande volta, ao ser o mais forte na terceira etapa da Vuelta (Lodosa - La Laguna Negra de Vinuesa, 166,1 quilómetros). Martin mostra que ainda tem algo para dar.

Tão importante como ganhar a tirada, aos 34 anos o irlandês está a recuperar aquela sua versão, que sempre sonhou pelo menos com um pódio. A Vuelta é difícil, mas, lá está: quando Martin está bem, está mesmo bem. A ver se consegue manter o bom momento até à 18ª etapa final. Está a cinco segundos de Primoz Roglic.

Classificações completas, via ProCyclingStats.

4ª etapa (23 de Outubro): Garray. Numancia - Ejea de los Caballeros, 191,7 quilómetros

Ao quarto dia, não haverá montanha! Mas não se espere que seja uma etapa para descansar. Nem seria uma tirada da Vuelta se assim fosse. Caso o vento marque presença, será preciso muita atenção. Com a vontade que muitos dos candidatos têm demonstrado em impor ritmos altos, há equipas que sabem bem como colocar em prática os famosos "abanicos" e gerar o caos.

Os sprinters é que não podem desperdiçar as oportunidades. Não são muitas, porque as etapas para eles também não abundam. Espera-se um frente-a-frente entre Pascal Ackermann (Bora-Hansgrohe) e Sam Bennett (Deceuninck-QuickStep), mas Matteo Moschetti (Trek-Segafredo) é um jovem talento que vai tentar intrometer-se na luta, tal como Jasper Philipsen (UAE Team Emirates).

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Edgar Pinto suspenso provisoriamente quer provar inocência

Edgar Pinto foi suspenso provisoriamente pela UCI devido à suspeita de "uso de métodos e/ou substâncias proibidas". O ciclista português já divulgou uma explicação para o sucedido, mas aguarda agora pela decisão final, tal como acontece com outro ciclista da W52-FC Porto, Raúl Alarcón.

No entanto, tanto Edgar Pinto, como a equipa salientam que as suspeitas em causa referem-se a antes do corredor assinar pela W52-FC Porto, em 2019. O caso está nas mãos da Comissão Antidopagem da UCI.

"Tendo sabido que a UCI tomou a decisão de me suspender da actividade, por suspeitas de indícios de irregularidade no passaporte biológico, venho garantir a minha inocência e a minha vontade de afastar essas suspeitas, que são infundadas, tratando-se de amostras obtidas durante os anos de 2015, 2016 e 2017, em alturas de grande sofrimento, tendo sido sujeito a diversas intervenções cirúrgicas, resultantes de várias quedas graves", explicou Edgar Pinto (35 anos), num comunicado.

Nos primeiros dois anos referidos, o ciclista de Albergaria-a-Velha representava a equipa da Skydive Dubai e em 2017 a LA Alumínios-Metalusa-BlackJack. Foram temporadas azaradas para Edgar Pinto, com quedas que obrigaram a longas paragens e difíceis recuperações.

"Quero, para além disso, confirmar que estão em causa análises referentes a um período anterior à minha contratação pela equipa W52-FCPorto, que nada tem, por isso, a ver com este processo e onde desejo prosseguir a minha carreira, depois de provar a minha inocência", acrescentou o atleta.

A equipa, num comunicado assinado por Adriano Quintanilha, segundo o jornal O Jogo, reforça este último ponto: "Os factos que estão na origem da investigação são todos eles anteriores à contratação do Edgar pela nossa equipa, contudo aguardaremos o desfecho do processo, esperando que o corredor, que sempre teve, ao nosso serviço, um comportamento exemplar, possa provar a sua inocência e que continue a demonstrar o seu valor ao serviço da nossa equipa."

E este é um ponto importante para a formação azul e branca. Alarcón está há um ano a aguardar pela conclusão do seu processo, estando suspenso provisoriamente pelas mesma razões agora apontadas a Edgar Pinto. A pandemia e todas as restrições que já estiveram em vigor, não ajudaram à conclusão mais célere do processo do espanhol, vencedor duas duas Voltas a Portugal, em 2017 e 2018.

Duas casos a afectar a mesma equipa poderia ser problemático e colocar a W52-FC Porto sobre alçada disciplinar, dependendo do tempo que separa as duas sanções. Porém, segundo as afirmações de corredor e formação, não é essa situação.

Há outro ciclista português suspenso provisoriamente. Domingos Gonçalves foi notificado em Dezembro do ano passado e as possíveis irregularidades não só afectam o primeiro ano em que esteve na Caja Rural, como os dois seguintes na Rádio Popular-Boavista. Nestes conquistou várias vitórias, incluindo uma etapa da Volta a Portugal e três títulos nacionais: dois de contra-relógio e um na prova de fundo.

»»Domingos Gonçalves suspenso provisoriamente pela UCI««

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