27 de maio de 2016

A perfeição e companheirismo da Etixx-QuickStep

Momento do sprint. Trentin surpreendeu Moser (Fotografia: giroditalia.it)
Tudo o que falhou nas clássicas - as tácticas, as formas físicas dos ciclistas - no Giro tudo sai bem. Pode não ganhar qualquer classificação, mas quando se analisa tudo o que a equipa belga alcançou nesta Volta a Itália, inevitavelmente colocará a Etixx-QuickStep como um dos grandes destaques da 99ª edição, independentemente do que aconteça nas três etapas que faltam.

Na 18ª etapa, a mais longa do Giro com 244 quilómetros, a Etixx esteve tacticamente perfeita ao colocar dois ciclistas na frente, ao ter Gianluca Brambilla fugido com Moreno Moser e depois ajudou ter um super Matteo Trentin, que fez uma recuperação espectacular nos últimos metros para ganhar a tirada em Pinerolo. Foi a quarta vitória da equipa, depois das duas de Marcel Kittel e a de Brambilla. A estes triunfos junta-se três ciclistas que já vestiram de rosa - Kittel, Brambilla e Bob Jungels (que poderá terminar no top dez) - e o sprinter alemão também liderou a classificação por pontos.

Para uma equipa que aposta forte nas clássicas e que nas grandes voltas tem o objectivo de ganhar etapas, o director desportivo Patrick Lefevere certamente que estará a pensar: missão cumprida no Giro. Resultados muito importantes depois da Etixx ter falhado nas clássicas. E veremos se a equipa fica por aqui...

Outro aspecto a salientar é a forma como a Etixx funciona de facto como um conjunto unido. Se houvesse um prémio para o melhor colega, Brambilla era um vencedor certo. Mais uma vez o italiano sacrificou a possibilidade de ele próprio ganhar, para garantir que a equipa ficava com o triunfo que foi para Trentin.

Explicação: Brambilla estava isolado com Moreno Moser (Cannondale) à entrada do último quilómetro. Colocou-se na roda do compatriota, olhando de vez em quando para trás para garantir que ninguém se estava a aproximar. Parecia que a discussão era entre os dois italianos, até que, inesperadamente, aparece um terceiro, Trentin, lançado, a fazer um esforço descomunal para chegar à frente. Brambilla vê o colega e decide que nada fará para ajudar Moser a ficar na frente e talvez a ganhar a tirada (Moser teria provavelmente sido mais forte no sprint).

Trentin nem hesitou. Passou directo. Será que Moser viu Trentin? O ciclista da Cannondale poderá ter sido surpreendido, pensando que a única camisola azul que estava atrás de si era a de Brambilla.

Recuando à etapa 10, Brambilla vestia a camisola rosa, uma conquista que muito o orgulhou. Porém, ao aperceber-se que não tinha capacidade para a defender, sacrificou-se na ajuda a Bob Jungels de forma a assegurar que a liderança continuaria na equipa. E conseguiu.

Os ciclistas da equipa belga têm uma pulseira cor-de-rosa que lhes foi oferecida por Marcel Kittel, para os motivar a ajudá-lo a vestir a maglia rosa. Não o voltarão a fazer, mas sendo o rosa a cor da vitória no Giro, a pulseira assenta-lhes muito bem. Tal como Brambilla, Trentin conquistou a sua primeira vitória de sempre nesta competição e não deixa de ter um toque de ironia que um sprinter italiano finalmente tenha vencido... numa etapa de média montanha.

E se a Etixx até é conhecida por ter dois corredores na frente e ainda assim perder a corrida, pode-se dizer que talvez tenha dado esta quinta-feira um primeiro passo para recuperar do "trauma"!

Confira o resultado da etapa e as classificações.


Giro d'Italia 2016 - Stage 18 - HIghlights por giroditalia

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