19 de maio de 2016

E agora Movistar?

Alejandro Valverde ou Andrey Amador? O espanhol chegou ao Giro como líder indiscutível... ou assim parecia. Já o costa-riquenho talvez alimentasse a expectativa de ser ele o número um, depois do quarto lugar em 2015. Certo é que a Movistar está em Itália para ganhar, mas a liderança de Valverde já não é tão clara. Amador está a a distanciar-se do colega. Para já, a equipa pode dar-se ao luxo de esperar pelas etapas mais difíceis. Talvez no fim-de-semana se possa perceber melhor. Se Amador aumentar ainda mais a vantagem, a Movistar poderá ver-se obrigada a mudar os planos.

Com o pódio alcançado na Volta a França em 2015, Alejandro Valverde alcançou um dos seus grandes objectivos da carreira. Com Nairo Quintana como o líder da Movistar para o Tour, o espanhol conseguiu ainda assim o terceiro lugar e percebeu que estava na altura de mudar de ares no que diz respeito às grandes voltas. Aos 36 anos, Valverde faz a estreia no Giro. Preparou-se ao pormenor com uma ideia clara: ganhar.

Andrey Amador foi quarto na Volta a Itália há um ano. O ciclista da Costa Rica talvez pensasse que em 2016 tivesse a possibilidade de voltar a lutar pela vitória como líder da Movistar. Porém, a mudança de planos de temporada de Valverde trocou as voltas a Amador que, no entanto, não está disposto a abdicar da possibilidade de vencer o Giro e tem constantemente sido mais forte que o colega. Resultado: é segundo a 24 segundos de Bob Jungels e tem 43 de vantagem sobre Valverde, terceiro classificado.

Dois líderes numa equipa é algo que historicamente tem tendência a correr francamente mal. O caso mais mediático dos últimos anos foi mesmo Alberto Contador/Lance Armstrong. Definir objectivos e quem vai fazer o quê para os alcançar é uma das bases mais importantes do ciclismo. Porém, de vez em quando surgem situações como as de Valverde/Amador.

A Movistar está a tentar minimizar o falatório público que inevitavelmente este caso alimenta. Quem é o líder? "São os dois. São poucos os que estão no grupo que luta pela geral e queremos manter os nossos ciclistas lá, depois veremos o que irá acontecer na grande etapa de montanha de sábado. Por agora, os dois estão a ir bem e sempre no grupo de favoritos", afirmou Eusebio Unzué, director desportivo da equipa, ao Cycling News.

Gerir dois ciclistas que querem ganhar uma grande volta (Valverde já conquistou a Vuelta, Amador procura a primeira vitória) não é fácil. Porém, também dá uma vantagem extra à equipa ter dois potenciais vencedores no momento de atacar os adversários, principalmente se estes não tiverem ajuda de companheiros. A ver vamos como irá a Movistar gerir a vantagem e até quando a verá esta situação como tal.

A segunda de Diego Ulissi

Como se esperava, os primeiros 200 quilómetros da 11ª etapa, que ligou Modena a Asolo, foram relativamente calmos, mas depois tudo mudou. Ainda um pouco antes as coisas aqueceram com uma queda que afectou vários ciclistas. Arnaud Démare - que está determinado em ganhar a classificação dos pontos, ainda mais numa altura em que se soube que André Greipel (Lotto Soudal) não deverá terminar o Giro - foi um dos envolvidos, assim como grande parte da FDJ. O francês ficou de fora da luta pela etapa, mas pior ficou Domenico Pozzovivo (AG2R) que vê a luta pela geral ficar muito difícil. Já está a 4:01. Leigh Howard (IAM) foi parar a um ribeiro, naquele que ficará como um dos momentos insólitos deste Giro.

Mas na frente o ritmo era forte. Tão forte que começou a ser óbvio que os sprinters teriam muitas dificuldades em ultrapassar a quarta categoria e o sobe e desce que se seguiu. Foram os candidatos à geral quem mexeram na corrida. Vincenzo Nibali (Astana) tentou fazer diferenças na descida, mas Valverde não deixou. Entretanto, Amador tentou a sua sorte a pensar na camisola rosa. Porém, Bob Jungels foi com o costa-riquenho. Os dois perceberam que tinham a possibilidade de ganhar com a fuga e trabalham juntos. Conseguiram ampliar a vantagem e não fosse um Diego Ulissi (Lampre-Merida) que muito gosta destes terrenos, teriam discutido a etapa, mas o italiano apanhou-os e conquistou a segunda vitória do Giro, a sexta da sua carreira nesta prova.

Além de ganhar tempo na estrada, Amador e Jungels ainda ficaram com as bonificações.

O grupo de perseguidores foi liderado por destemidos sprinters que sobreviveram às dificuldades. Giacomo Nizzolo (Trek-Segafredo) foi o mais forte, à frente de Sonny Colbrelli (Bardiani-CSF), Matteo Trentin (Etixx-QuickStep) e Sacha Modolo (Lampre-Merida). André Greipel (Lotto Soudal) e Caleb Ewan (Orica-GreenEDGE) preferiram poupar-se para a próxima etapa.




Giro d'Italia 2016 - Highlights Stage 11 por giroditalia

Etapa 12: Noale - Bibione (168 quilómetros)

Mais direito que isto é difícil. Esta é etapa para sprinters e será preciso uma grande surpresa para não ser um dos homens mais rápidos a ganhar. Porém, o dia poderá complicar-se devido ao mau tempo. Estão prevista trovoadas, acompanhadas por chuva forte. A tirada termina num circuito de oito quilómetros que será percorrido duas vezes.




André Greipel poderá estar a fazer a despedida do Giro, o que poderá significar ser a última oportunidade para a armada italiana triunfar ainda com um dos principais sprinters em prova. Será sempre aconselhável evitar o comentário "só ganhou porque já não estavam os melhores". Giacomo Nizzolo tem demonstrado estar bem, mas há uma grande curiosidade para ver o pequeno Caleb Ewan que diz que está a sentir-se melhor a cada dia que passa.


Giro d'Italia 2016 - Stage 12 por giroditalia

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