15 de maio de 2016

Contra-relógio para definir quem está realmente na luta

40,5 quilómetros em Chianti que são tudo menos a direito. Um contra-relógio longo e exigente. As dificuldades não se limitam a um certo sobe e desce, mas também a várias curvas que vão cortar constantemente o ritmo. Este é um contra-relógio que desde que foi anunciado suscitou muito interesse. Não deverá determinar vencedores antecipados, mas pode colocar alguns dos candidatos de fora da luta. Mas irá principalmente definir quem está realmente na corrida. Um mau dia e pode ser o adeus a maiores aspirações.

Tom Dumoulin (Giant-Alpecin): É o grande favorito à vitória. Afinal sempre disse que se tinha preparado para os contra-relógios e ganhou o primeiro. Porém, andou de camisola rosa e admitiu que poderia pensar mais alto. A etapa de sábado foi desoladora para o holandês. Viu todos os candidatos deixá-lo para trás e da expectativa de deixar os adversários a mais de um minutos depois do contra-relógio, agora resta-lhe tentar recuperar a rosa, para provavelmente voltar a perdê-la quando apareceram as grandes montanhas. É o favorito, mas falta saber como está animicamente..

Alejandro Valverde (Movistar): No sábado o espanhol finalmente mostrou-se e de que maneira. Autoritário e claramente a sentir-se muito bem fisicamente. Pode muito bem vestir a camisola rosa, mas mesmo que não o faça terá uma forte possibilidade em ganhar tempo à concorrência. A fazer a sua estreia no Giro, Valverde está determinado a ganhá-lo e não sendo um dos principais especialistas, sempre se defendeu muito bem nesta especialidade do ciclismo.

Vincenzo Nibali (Astana): Está pressionado a mostrar-se. A forma do italiano começa a levantar muitas dúvidas. Perdeu tempo na primeira dificuldade e no sábado aguentou-se com Valverde, mas nunca tentou - nem parecia ter capacidade para tal - ele próprio atacar. Nem tentou aproveitou a descida, ele que tanta vez o faz. Mais do que tentar ganhar a etapa, é o momento certo para Nibali passar uma mensagem de confiança, nem que seja a ele próprio.

Mikel Landa (Sky): Pressão, pressão, pressão. Nas duas dificuldades que enfrentou no Giro, numa perdeu tempo e na outra ainda assustou, mas lá conseguiu aguentar-se com o grupo de favoritos. Ninguém duvida que o espanhol pode ganhar uma prova de três semanas, o que se duvida é se não terá primeiro de melhorar substancialmente no contra-relógio para o fazer. Caso contrário arrisca-se a ser um novo Joaquin Rodríguez... Landa tem de fazer o contra-relógio da sua vida para minimizar perdas e ter a possibilidade de recuperar nas montanhas. Porém, até ao momento não deu os melhores sinais.

Rigoberto Uran (Cannondale): Pode não ter a melhor das equipas a ajudá-lo, mas ao contrário do que aconteceu na Etixx, o colombiano tem uma equipa que o vê como líder indiscutível. É um bom contra-relogista e Uran começa a perceber que pode mesmo entrar na corrida pela vitória. Tem estado discreto, mas apareceu sempre bem quando enfrentou as poucas dificuldades que o Giro até agora apresentou. Está a 49 segundos da liderança e é mais um candidato a vestir neste domingo a camisola rosa.



Steven Kruijswijk (Lotto-Jumbo): Atenção ao holandês. Está a fazer um bom Giro. Sem dar muitos nas vistas ocupa o terceiro lugar a 33 segundos do líder. Quando está bem, tem capacidade para se defender num contra-relógio, mesmo não sendo uma especialidade sua. Está a lançar a sua candidatura ao top dez, mas a ver vamos se não se torna numa das agradáveis surpresas do Giro.

Rafal Majka (Tinkoff): O polaco é uma grande incógnita. Não se tem mostrado, já perdeu algum tempo, mas nada que retire a possibilidade de terminar no top dez. Porém, para já, parece que é só essa a sua luta. Talvez no contra-relógio se consiga perceber melhor como está e o que realmente pretende fazer Majka na Volta a Itália.

Ilnur Zakarin (Katusha): O russo está em grande forma. Falta perceber se consegue manter este momento durante as duas semanas que faltam. Se estiver num bom dia e dada as diferenças de tempo, Zakarin até pode chegar à liderança este domingo, ainda que não seja muito expectável (está em segundo a 23 segundos de Brambilla). Mas se há uma coisa que este russo consegue fazer é superar qualquer previsão.

Johan Esteban Chavez (Orica-GreenEDGE) e Domenico Pozzovivo (AG2R): Estão bem, claramente motivados, mas não se dão muito bem com contra-relógios. As suas missões são idênticas à de Mikel Landa: minimizar perdas para depois tentar recuperar nas etapas de montanha.

Andrey Amador (Movistar): Tem Valverde como líder, mas não significa que não possa tentar lutar pelo menos por um top dez além, naturalmente, por uma vitória de etapa. Sendo ciclista da Movistar os contra-relógios não o assustam e é uma boa altura para se aproximar dos favoritos, depois de no primeiro contra-relógio até ter sido melhor que Valverde (foi terceiro nessa etapa).

Bob Jungels (Etixx-QuickStep): Tal como Dumoulin, deu um tombo na classificação no sábado, mas não se risque já o jovem luxemburguês da lista. É que Jungels pode muito bem aproveitar o contra-relógio para voltar a recolocar-se entre os melhores. Jungels está apostado em ser uma das revelações do Giro, liderando a classificação da juventude.

Fabian Cancellara (Trek-Segafredo): É o tudo por tudo para o suíço ganhar pelo menos uma etapa. É difícil esconder a desilusão de ter falhado um dos seus objectivos no ano da despedida. Cancellara queria a camisola rosa e para isso tinha preparado o primeiro contra-relógio, que inaugurou o Giro. Porém, uma gastroenterite estragou-lhe os planos. Tem perdido tempo em quase todas as etapas (está em 159º a 55:29 minutos). Quis recuperar do problema de saúde e preparar-se para este domingo. Ainda assim, será uma missão complicada para bater, por exemplo, Tom Dumoulin. Mas se há uma altura que terá de se superar, esta é uma delas e motivação não lhe falta: é o último Giro da carreira.

Gianluca Brambilla (Etixx-QuickStep): Não fosse a surpreendente liderança e provavelmente nem se falaria dele. Porém, o italiano foi brilhante na 8ª etapa e terá aquele que deverá ser o seu único dia de rosa. Pelo menos terá bastante tempo de antena. Tentará perder o menos tempo possível, pois Brambilla pisca o olho a um top dez final.


Giro d'Italia 2016 - Stage 9 por giroditalia

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