26 de maio de 2016

Uma vitória para a despedida da IAM. E agora que comecem as decisões

(Fotografia: giroditalia.it)
Uma etapa entre etapas. Os 196 quilómetros entre Molveno e Cassano D'Adda foram um intervalo nas etapas emocionantes que se têm sucedido desde sexta-feira. Foi decidida num estranho sprint que viu mais um alemão ganhar. Os italianos, principalmente Giacomo Nizzolo, já não sabem o que fazer para ganhar uma etapa no Giro. Já Roger Kluge venceu pela primeira vez numa grande volta, um triunfo alcançado dias depois do anúncio do fim da IAM. Um excelente cartão de visita para quem está à procura de equipa para 2017.

Porém, o que mais se quer é regressar às etapas de montanha. Vêm aí as três decisivas. Steven Kruijswijk (Lotto-Jumbo) contra... todos, ainda que as principais ameaças venham de Johan Esteban Chaves (Orica-GreenEDGE) e Alejandro Valverde (Movistar). Mas os ataques vão ser de mais ciclistas, pois há quem ainda sonhe em aproveitar um eventual dia mau do holandês. Vincenzo Nibali (Astana) e Ilnur Zakarin (Katusha) lideram esta lista. O pódio não está fechado, o top dez muito menos. Ainda há muito por decidir.

Kruijswijk vai transmitindo um discurso de confiança, que até ao momento se tem reflectido na estrada. Será que está preparado para os testes finais?

Esta quinta-feira a etapa será para "aquecer os motores". Entre Muggiò e Pinerolo são 244 quilómetros, 170 planos. Depois haverá uma segunda categoria, em Pramartino, que poderá dar ideias a alguém para atacar. Seguem-se 20 quilómetros praticamente sempre a descer até à meta.



Em circunstâncias normais, poder-se-ia dizer que é uma etapa muito atractiva para Vincenzo Nibali. Porém, perante as últimas exibições, é mais provável ver Valverde tentar a sua sorte, já que também desce muito bem. Atenção a Diego Ulissi (Lampre-Merida). Apesar da subida ser difícil, o italiano poderá procurar a terceira vitória de etapa e a liderança na classificação dos pontos.

Quanto à subida, serão 4650 metros muito duros: a pendente média é de 10,5%, com a máxima a chegar aos 17%.


Como curiosidade, a primeira vez, das seis, que o Giro terminou em Pinerolo teve o grande Fausto Coppi como vencedor, em 1949.


Giro d'Italia 2016 - Stage 18 por giroditalia

E sexta-feira chega um dos momentos mais aguardados: a subida ao Colle dell’Agnello, o ponto mais alto da Volta a Itália, a 2744 metros. Serão mais de 21 quilómetros a subir e a fase mais difícil terá 9,5% de média e uma pendente máxima de 15%. O vencedor desta etapa ganhará ainda o troféu Vincenzo Torriani, que desde 1996 homenageia o histórico organizador da competição e que é dado na tirada que tem o ponto mais alto do Giro. 



Para terminar os 162 quilómetros, nada melhor que uma primeira categoria. Outro pormenor a ter em atenção será a meteorologia. No Colle dell'Agnello os ciclistas poderão apanhar um inverno rigoroso. Esperemos que não existam nenhumas mudanças de última hora devido ao protocolo de tempo extremo.

Se Kruijswijk sobreviver ao Colle dell'Agnello terá então pela frente uma última etapa, que tem um percurso que a poderá tornar épica: três primeiras categorias (a primeira é logo no início) e uma terceira onde está colocada a meta. 134 quilómetros de longas subidas e de descidas complicadas. Não há um metro plano.

A forma como tem decorrido este Giro, com muita indefinição, etapas espectaculares, com os ciclistas sem medo de atacar... É melhor respirar fundo, pois o final da Volta a Itália ameaça ser memorável.

A 17ª etapa que frustrou Nizzolo

É inevitável pensar-se no que aí vêm e não tanto numa etapa que até teve alguma animação, mas que não provocou alterações na geral. Ainda assim, o final foi emotivo. Parecia que era dia de sprinters, mas primeiro foi Filippo Pozzato a tentar a vitória para a equipa convidada que ainda não ganhou, a Wilier-Southeast. O italiano acabou por admitir que ao fazer a curva para a recta da meta e ao aperceber-se que ainda faltavam 600 metros... perdeu as forças.

Foi nessa altura que Roger Kluge (30 anos) colocou em prática toda a sua experiência de pista. Atacou e no pelotão parecia haver alguma surpresa. Nizzolo foi quem reagiu melhor, mas era tarde de mais. Quanto aos nove segundos lugares na carreira no Giro (sim, nove - Peter Sagan não está sozinho neste historial): "Não podemos fazer mais do que estamos a fazer. O karma está contra mim. Não sei o que fiz mal para acontecer isto. Temos de continuar." Nizzolo e os restantes sprinters têm a última etapa para alcançar a desejada vitória (se conseguirem cumprir o limite de tempo nas montanhas).

Mas é impossível não referir: saiu Marcel Kittel, saiu André Greipel e mesmo assim foi um alemão que ganhou um sprint... Este Giro é para esquecer para a armada italiana dos homens mais rápidos.

Vincenzo Nibali vai ao médico

De salientar ainda que foi confirmado que o ciclista italiano da Astana vai ser submetido a testes médicos para tentar perceber porque não está a conseguir mostrar-se ao seu melhor. O próprio admitiu que se sentiu "vazio" depois de tentar atacar na terça-feira, apesar de estar bem quando começaram as dificuldades. Talvez um vírus esteja a prejudicar Nibali, ou pura e simplesmente não está em forma...



Giro d'Italia 2016 - Stage 17 - Highligths por giroditalia

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