9 de maio de 2016

Missão cumprida na terceira etapa

(Fotografia: Twitter @Etixx_QuickStep)
Avassalador! Outra vez. Descrever o sprint de Marcel Kittel sem repetir as palavras do dia anterior é quase impossível. O alemão é pura e simplesmente mais forte que todos. Até parece injusto não ter sido determinado um pequeno corte para os restantes ciclistas, pois a vantagem foi tal que, mais uma vez, o espaço para o segundo classificado era grande. Mas não importa. Kittel venceu pela segunda vez (a quarta vitória no Giro da carreira) e vestiu a ambicionada camisola rosa. E, nesta altura da competição, tão bem que lhe fica.

"É algo único", disse Kittel sobre a sua liderança. Único e merecido. Numa fase dedicada aos sprinters, ninguém sequer ameaça o alemão. E na terceira etapa, entre Nijmegen e Arnhem (190 quilómetros), o comboio da Etixx-QuickStep já funcionou muito melhor, tornando quase numa missão impossível alguém fazer frente a Kittel.

Talvez Elia Viviani (Sky) mereça algum reconhecimento entre os restantes sprinters. A segunda etapa foi para esquecer - nem conseguiu ir à luta - mas ontem agarrou-se com tudo o que tinha e não tinha (e não tinha equipa nenhuma a ajudá-lo) à roda de Kittel, parecendo ser o único que eventualmente o poderia assustar. Não o fez, é certo, mas mostrou estar forte. Viviani e Giacomo Nizzolo (Trek-Segafredo) dão indicações que podem fazer melhor... sem Kittel pela frente.

E existe essa possibilidade. Uma das polémicas do dia centrou-se nas palavras do director da equipa belga, Patrick Levefere, que davam conta que Kittel não irá até ao fim do Giro para se concentrar na preparação para o Tour. Enquanto uns discutem essa opção - regresso aos tempos de Mario Cipollini -, outros, como os restantes sprinters na Volta a Itália, já devem estar a contar os dias até Kittel ir para casa.

Não se pode dizer que seja uma surpresa. O facto de Kittel não tentar pontuar nos sprints intermédios, indicava que não estava interessado na classificação que pode ganhar e não vale a pena despender forças para algo que não se irá terminar.

Lefevere teve outras palavras que não terão agradado muito aos rivais: criticou a forma de atacar os sprints das outras equipas. "Ninguém quis trabalhar e jogaram poker e assim arriscaram perder a etapa de hoje [domingo]. Para nós teria sido suficiente o segundo ou terceiro [para garantir a camisola rosa], mas nós queremos ganhar. Havia muitos sprinters, mas ninguém quis trabalhar. Não és recompensado se não trabalhas", afirmou.

Kittel vai entrar em Itália de rosa e até é provável que perca a camisola logo na quarta etapa. Mas caso resolva ficar até pelo menos meio da prova, então as etapas 11 e 12 têm o seu nome escrito.

O adeus à Holanda

Este início do Giro na Holanda foi um sucesso. As ruas encheram-se de pessoas para assistir à passagem do pelotão, num ambiente fantástico para os ciclistas. A Holanda foi premiada pela sua capacidade de ser uma excelente anfitriã: Dumoulin ganhou a primeira etapa, vestiu a camisola rosa, que perdeu este domingo. No entanto, os holandeses disseram adeus ao giro e à maglia rosa, mas despediram-se de azul. Maarten Tjallingii (Lotto-Jumbo) é o novo líder da classificação da montanha, feito ainda mais especial tendo em conta que o ciclista, de 38 anos, mora a poucos metros do local que recebeu hoje o final da etapa.

Pior estreia e despedida era difícil

Um dos momentos do dia foi a desistência de Jean-Christophe Peraud (AG2R). Aos 38 anos, o francês fazia o seu primeiro e último Giro (vai terminar a carreira no final do ano). Porém, uma queda com um colega seu, terminou com as suas aspirações. Bateu com o rosto no chão e foi directo para a ambulância. "Estou bem e consciente", disse mais tarde Peraud, que já abandonou o hospital. Explicou ainda que não se lembra da queda. 

Um toque de rodas entre Peraud e Patrick Gretsch, que ia à frente o francês, provocou o acidente. Peraud era um dos líderes da AG2R, a par de Domenico Pozzovivo. Perante este infortúnio, não será de estranhar que Peraud mude de ideias e acabe por ir ao Tour. Afinal, um ano do adeus merece mais do que sair assim de uma competição de três semanas.

Um dia para descansar e viajar até Itália

Esta segunda-feira é o primeiro dia de descanso, com o Giro a preparar-se para entrar em Itália. É possível que nos próximos dias se veja uma mudança nos candidatos à vitória nas etapas, ainda que não seja impossível alguns sprinters sobreviveram às dificuldades que estão na quarta etapa, por exemplo. Porém, a verdadeira montanha só chega na quinta-feira. Espera-se por um primeiro teste aos favoritos à geral, mas se não houver nenhuma tentativa de surpreender mais cedo, só na próxima semana deverão ser verdadeiramente abertas as hostilidades.


Stage 3 - Highlights por giroditalia

Confira os resultados e as classificações.

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