5 de março de 2017

Amaro Antunes tomou-lhe o gosto e eis Sérgio Paulinho, o líder

Tinha tudo para ser espectacular e a Clássica da Arrábida não desiludiu. Nem a corrida, nem o homem do momento do ciclismo em Portugal: Amaro Antunes. O algarvio tomou o gosto dos grandes resultados e está tão motivado que agora vai apostar na Clássica do Xisto e tentar conquistar mais uma vitória e o Troféu Liberty Seguros. Mas este domingo, Amaro dividiu as atenções com Sérgio Paulinho. A aposta da Efapel e de Américo Silva mostrou-se finalmente e o segundo lugar confirma que a equipa de Ovar pode contar com Paulinho para liderar nas grandes competições.

Mas começando pelo vencedor. Ainda a viver "dias agitados", como descreveu, depois da vitória no Alto do Malhão, na última etapa da Volta ao Algarve, Amaro Antunes regressou às corridas na Clássica da Arrábida e voltou a garantir a vitória com um ataque que ninguém conseguiu responder. Mesmo com sterrato e pavé para dificultar o final de uma prova muito complicada, o ciclista da W52-FC Porto não se intimidou e comprovou a grande forma que está a viver neste início de ano. "Fizemos uma planificação para que assim fosse. Já em Valência mostrei que estava bem, no Algarve confirmei e agora consegui manter o nível", explicou ao Volta ao Ciclismo. Amaro Antunes realçou que a equipa lhe está a dar muita confiança, pela forma como trabalha para o ajudar, o que o deixa ainda mais motivado para ganhar e dedicar as vitórias aos colegas.

E a próxima poderá ser já no dia 12 (domingo). O algarvio é o favorito, mas Amaro Antunes admitiu que após a Clássica das Aldeias do Xisto será altura de "levantar o pé" e começar a delinear a restante temporada. Inevitavelmente voltou-se a falar do Alto do Malhão. "Foi algo arrepiante vencer ali, junto dos que mais gostam de mim. É muito motivador", afirmou sobre uma das vitórias que claramente marca a carreira do ciclista de 26 anos.

Um segundo lugar que pode mudar muita coisa

Sérgio Paulinho foi ao limite sem entrar em loucuras. Quando viu Amaro Antunes atacar, manteve o seu ritmo e depois teve de sprintar com o norueguês Andreas Vanngstad, da equipa nórdica Sparebanken Sør. O antigo ciclista da Tinkoff já queria ter-se mostrado na Volta ao Algarve e na Volta ao Alentejo, mas o corpo não respondeu como queria. Porém, na Arrábida, Sérgio Paulinho demonstrou que o trabalho que tem realizado na Efapel para passar de gregário a líder está a começar a dar frutos. "Este resultado só me vem dar mais ânimo. Daqui para a frente as coisas só podem melhorar", salientou ao Volta ao Ciclismo. No entanto, não faz grandes promessas. Para a Clássica do Xisto apenas avança que tanto ele como a equipa - que venceu este domingo colectivamente - vão dar o melhor.

Este segundo lugar, a dois segundos de Amaro Antunes, deixou muitos sorrisos na Efapel, a começar pelo director desportivo Américo Silva. O resultado não só dá mais confiança ao ciclista, como principalmente à equipa, que fica com a certeza que este regresso de Sérgio Paulinho ao pelotão português é mesmo para ser uma transição de sucesso para o corredor que, durante a sua longa passagem pelo World Tour, foi um dos melhores gregários. Para já, Sérgio Paulinho deixou indicações que estará em forma para tentar alcançar as vitórias desejadas, apesar de ainda existir algum trabalho pela frente.

O sub-23 que se mantém na ribalta

Depois de surpreender ao vencer na prova de abertura Região de Aveiro, primeira corrida do Troféu Liberty Seguros, Francisco Campos disse que tudo faria para manter a liderança, mesmo sabendo que na Arrábida o terreno não o beneficiaria. Lutou com tudo o que tinha e foi completamente esgotado que cortou a meta. Terminou na 60ª posição, a 6:38 de Amaro Antunes. Porém, o jovem da equipa Miranda-Mortágua voltou a subir ao pódio, pois o resultado em Aveiro permitiu-lhe continuar a liderar tanto a geral, como a classificação da juventude. "É uma liderança diferente, pois tenho os mesmos pontos que o Amaro, mas vestir a amarela é algo sempre motivante", contou ao Volta ao Ciclismo.

Porém, o ciclista de Penafiel está consciente que com mais sobe e desce à sua espera nas Aldeias do Xisto, será difícil garantir o triunfo final. Aliás, a amarela continua a ser sua, pois nos critérios de desempate acabou por contar as classificações nas duas corridas e Amaro Antunes não esteve em Aveiro. Naquele dia (5 de Fevereiro) estava na Volta à Comunidade Valenciana. "O Amaro está muito forte e penso que será o grande vencedor deste troféu. Eu vou à luta para tentar manter pelo menos a camisola da juventude", frisou.

Com apenas 19 anos, Francisco Campos vive o seu primeiro momento na ribalta. "Ainda há pouco tempo não era conhecido no ciclismo e agora sou o líder numa prova internacional... Tem sido a minha subida na modalidade. Mas não vou elevar muito as minhas expectativas. Quero manter os pés bem assentes na terra, pois a minha principal arma é continuar a ser bastante humilde", referiu o jovem da formação Miranda-Mortágua. O ciclista disse estar a lidar bem com as atenções que tem sido alvo e salientou que na equipa "estão todos satisfeitos": "Se ganhar um, ganhamos todos."

Uma clássica com futuro promissor

Pela primeira vez a Clássica da Arrábida teve estatuto de internacional (1.2). Os 186,6 quilómetros que começaram em Setúbal e com a meta no Miradouro de Palmela, contaram com muitas dificuldades, paisagens deslumbrantes e com um pouco de sterrato (caminhos de terra) e pavé (empedrado). Tanto Amaro Antunes e Sérgio Paulinho aprovam esta corrida, com o ciclista da Efapel a realçar ser importante que Portugal tenha uma competição "com as mesmas condições" que se encontra no estrangeiro. "É uma clássica muito atraente", disse Sérgio Paulinho, com Amaro Antunes a deixar também elogios: "Foi um percurso muito bonito."

A organização ambiciona apostar no crescimento da corrida até que um dia possa receber as grandes equipas internacionais. E claro, perante o espectáculo que marcou praticamente toda a corrida, mas principalmente os últimos 70 quilómetros, fica-se a desejar que a transmissão televisiva possa tornar-se uma realidade.



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