25 de março de 2017

O dia em que a Sky percebeu de vez que o ciclismo não é previsível

(Fotografia: Facebook Volta à Catalunha)
Seria de pensar que quando Chris Froome perdeu a Volta a Espanha na inesquecível etapa de Aramón Formigal, a Sky tivesse aprendido uma valiosa lição. Ou talvez mais do que uma: não é imbatível, também comete erros e que o ciclismo não é tão previsível como por vezes possa parecer. Antes da sexta etapa da Volta à Catalunha, o britânico - então a 21 segundos do líder Alejandro Valverde - mostrou-se descontraído e confiante que seria um dia relativamente calmo até à última dificuldade. Ou seja, a Sky confiou que pela frente teria mais um dia que conseguiria controlar para no final tentar atacar a liderança do espanhol da Movistar. E sim, o ciclismo tem momentos de previsibilidade, mas uma das coisas que se adora nesta modalidade, são aqueles momentos em que se pensa que algo vai acontecer e depois a realidade é completamente diferente, proporcionando mais um grande espectáculo.

Algumas vez se pensou que Froome perderia quase 27 minutos numa etapa? Mais um minuto e até chegaria fora do tempo limite. Recuando àquela 15ª tirada da Vuelta, naquele dia o britânico não conseguiu reagir a um ataque logo nos primeiros quilómetros de Alberto Contador, que levou com ele outros ciclistas, entre eles, Nairo Quintana, então o líder da corrida e eventual vencedor. Pior do que Froome deixar fugir os seus rivais, foi ver a Sky ficar ainda mais para trás. O seu líder ficou isolado e só não ficou sozinho nas restantes etapas porque a organização optou por não perder grande parte do pelotão e permitiu que muitos ciclistas continuassem em prova apesar de terem chegado fora de controlo.

Desta vez foi Froome e a Sky que foram apanhados desprevenidos, novamente muito cedo numa etapa. Uma aceleração numa descida, uma desconcentração e a Sky ficou para trás e foi vendo o tempo a acumular, acumular, acumular, até que percebeu que já nada havia a fazer. A estrada estava difícil devido à chuva, mas estava assim para todos. A Volta a Catalunha não só terminou para a equipa, como ainda teve de enfrentar uma humilhação a que está muito pouco habituada. A Sky falhou como pouco a vemos fazer, mas desta parece que as lições estão aprendidas. Claro que fica o outro lado: agora os rivais começam (finalmente, diga-se) a ter confiança para atacar aquele super domínio da Sky, principalmente na Volta a França.
"Temos de aprender e seguir em frente", disse Froome. "Cometemos um erro enorme e não vamos tentar arranjar desculpas. Não há desculpas", salientou o director desportivo, Nico Portal, que acrescentou que é importante que a lição seja aprendida e que a equipa não volte a cometer um erro idêntico num dos objectivos da temporada, leia-se, na Volta a França.

É a segunda vez num curto espaço de tempo que a equipa falha como um todo. No Tirreno-Adriatico fez um mau contra-relógio, ainda que não tenha ajudado haver rodas a desfazerem-se. Agora comete um erro táctico assustador. Pode-se dizer que é a humanização de uma Sky que tem trabalhado nos últimos anos como uma máquina tão bem oleada. Fica a questão como irá a formação britânica reagir, mas a tendência é fazê-lo com vitórias!




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