27 de março de 2017

Greg van Avermaet: um monumento se faz favor

(Fotografia: Facebook Gent-Wevelgem)
Os anos passavam e Greg van Avermaet parecia destinado a ser um daqueles ciclistas que talento não lhe faltava, mas faltava aquela capacidade de finalizar com vitórias o excelente trabalho que fazia nas corridas. Os anos passavam e a Bélgica começava à procura de nomes que pudessem ser os próximos grandes homens para ganhar as suas clássicas. Porém, Avermaet é o exemplo de como olhar apenas para a idade é cada vez mais um erro no ciclismo. Custou, mas quando começou a ganhar, não mais parou. Em dois anos concretizou alguns dos seus grandes objectivos, mas falta um: o monumento. É um ciclista com capacidade para lutar por um Paris-Roubaix, mas sendo belga, é a Volta a Flandres o maior desejo de Avermaet. Naturalmente que há ainda um outro título que não se importa nada de juntar ao seu currículo: um Mundial. Ainda assim, a Volta a Flandres será aquela vitória que colocará o ciclista definitivamente na lista dos melhores desta nação do ciclismo. Mesmo que venha a conseguir uma camisola do arco-íris, Avermaet não quer terminar uma carreira sem um monumento, sem a Volta a Flandres.

Por esta altura em 2016, Greg van Avermaet era considerado um dos grandes favoritos à vitória no monumento belga. O ciclista da BMC tinha conquistado pela primeira vez uma clássica no seu país, a Omloop Net Nieuwsblad. Pouco depois surpreendeu (até a ele próprio) ao conquistar o Tirreno-Adriatico, beneficiando do cancelamento da etapa rainha devido ao mau tempo. No entanto, uma queda juntamente com colegas da equipa obrigou-o a abandonar a Volta a Flandres e falhou o Paris-Roubaix. Mais uma vez a desilusão batia à porta de Avermaet e mais uma vez o ciclista teve de demonstrar uma das características que marca a sua carreira: perseverança. Voltou para garantir uma brilhante exibição na Volta a França, que lhe valeu uma etapa e a camisola amarela, que defendeu até aos seus limites, talvez até mais além, nos dois dias seguintes.

No entanto, foi aquele 6 de Agosto que acabaria por ser o momento alto de um ano que estava a ser perto da perfeição. A medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro elevou de vez o ciclista à condição de um dos mais importantes do pelotão. Para trás ficou definitivamente o estigma do segundo classificado. Avermaet, o campeão olímpico. Avermaet, o belga vencedor. O ciclista trabalhou muito para conquistar o seu lugar entre os melhores e não para ser chamado apenas a besta negra de Peter Sagan. Naturalmente que não é uma forma que queira ser conhecido, ainda que, no fundo, seja até um elogio, tendo em conta a importância de Sagan. Porém, Avermaet é agora um corredor que agora ganha aos melhores e não apenas a um dos melhores. E é um dos melhores.

Aos 31 anos, o homem da BMC sabe que chegou o momento da machada final, ou seja, de dar o tudo por tudo pela Volta a Flandres. A porta das vitórias está aberta, mas Avermaet sabe que rapidamente se pode fechar, tendo em conta os novos valores para as clássicas que estão a aparecer. Se conquistar o monumento, será mais um ano memorável, pois o belga tornou-se apenas no segundo ciclista da história a fazer a tripla, ou seja, a ganhar a Omloop Het Nieuwsblad, E3 Harelbeke e Gent-Wevelgem. O holandês Jan Raas fê-lo em 1981. Rematar esta fase com a Volta a Flandres seria para Greg van Avermaet... perfeito!





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