4 de março de 2017

Confirmado. Kwiatkowski está de volta e é o príncipe do sterrato

(Fotografia: Facebook Strade Bianche)
O segundo lugar na Volta ao Algarve e as exibições convincentes durante a competição portuguesa não foram mais um momento fugaz do polaco, que nos últimos dois anos não foi particularmente feliz. Michal Kwiatkowski reencontrou a melhor forma na melhor altura para ele e para a Sky. Com a equipa debaixo de suspeita sobre uma ainda por explicar alegada utilização de medicamentos por parte de Bradley Wiggins em 2013, ano em que venceu a Volta a França, a formação britânica parecia estar a ressentir-se desta desconfiança nas competições. As três vitórias na Herald Sun eram muito pouco para a Sky e o título nacional de Sergio Henao foi uma conquista importante, mas nesta altura do ano a equipa já costuma ter-se mostrado bem mais. Kwiatkowski apareceu quando ele e a Sky precisavam. O polaco está em final de contrato, mas revela novamente a ambição daquele ciclista que se sagrou campeão do Mundo em 2014.

"Estou muito feliz, mas não foi o tudo ou nada. Tive muitas dificuldades na época passada, mas agora estou feliz com a minha situação", explicou Michal Kwiatkowski. O facto dos resultados estarem a aparecer em 2017 pode muito bem estar relacionado com a mudança de atitude do polaco. "Talvez eu estivesse a ir ao limite para impressionar toda a gente no ano passado. Não sou uma máquina e, mais cedo ou mais tarde, paga-se a factura. Não estava satisfeito, mas tive um grande apoio da equipa quando tive problemas de saúde e não conseguia acabar as corridas. Sempre acreditaram em mim", referiu o ciclista que acrescentou: "Não perdi o meu talento. Só tive de esperar e trabalhar muito para regressar a este nível."

A sua mudança para a Sky acabou por resultar apenas num triunfo, na E3 Harelbeke. Individualmente Kwiatkowski não rendeu e quando foi chamado para apoiar os líderes, também fraquejou, com a equipa a justificar a certa altura que o polaco não estava bem de saúde. Os problemas parecem estar ultrapassados e depois da exibição de luxo na Strade Bianche é desde já um dos favoritos para a semana das Ardenas, mas antes estará no Tirreno-Adriatico, Milano-Sanremo e Volta ao País Basco.

O príncipe do sterrato que ameaça o rei Cancellara

Esta foi a 11ª edição da Strade Bianche, a primeira enquanto corrida do World Tour. Michal Kwiatkowski tornou-se no segundo ciclista a repetir a vitória. A primeira foi em 2014, na temporada mais memorável da carreira do atleta de 26 anos. Fabian Cancellara é o rei do sterrato, somando três vitórias, que lhe valeram o nome num dos sectores de terra. O suíço retirou-se no final de 2016, o que significa que o polaco tem caminho aberto para fazer história na corrida italiana, que começa a ser vista como uma espécie de sexto monumento oficioso do ciclismo. Se vencer mais uma edição, também terá direito a colocar o seu nome num dos sectores de sterrato.

Numa corrida muito atacada e que viu um dos mais fortes candidatos - Peter Sagan - abandonar aos 95 quilómetros, Kwiatkowski aumentou o ritmo já nos quilómetros finais e não houve sterrato (mais perto de ser lama), nem subidas que quebrasse o polaco, que chegou isolado à meta em Siena. Greg van Avermaet (BMC) foi desta fez segundo, com Tim Wellens (Lotto Soudal) - outro ciclista a realizar um excelente início de temporada - a completar o pódio.

Quanto a Sagan, o eslovaco explicou que nos últimos três dias não se tinha sentido bem e que este sábado acordou a sentir-se fraco. No entanto, o eslovaco disse que resolveu competir para não desiludir os fãs. Apesar de ter ficado envolvido numa queda que acabaria por cortar o pelotão, Peter Sagan garantiu que não foi por isso que abandonou. Simplesmente, não teve forças para continuar.

Mas a Strade Bianche teve outro protagonista e foi um português. José Gonçalves integrou a fuga do dia, que se formou aos 25 quilómetros. Trabalhou muito, aguentou-se quando o grupo de Kwiatkowski e Avermaet o alcançou, mas os últimos 20 quilómetros dos 175 foram complicados. O ciclista da Katusha-Alpecin quebrou fisicamente, contudo, concluiu a prova num brilhante 11º lugar. E a sua prestação merece um texto com as suas declarações. Leia aqui.

Quanto aos outros dois portugueses em prova, Tiago Machado, colega de José Gonçalves na Katusha-Alpecin, foi 54º a 13:45 do vencedor e Nuno Bico (Movistar) não terminou a corrida.

Veja a classificação da 11ª edição da Strade Bianche.

Na prova feminina, a vencedora foi a italiana Elisa Longo Borghini (Wiggle High5), com a polaca Katarzyna Niewiadoma (WM3 Energie) e a britânica Elizabeth Deignan (Boels-Dolmans Cycling Team) a completarem o pódio. Veja os resultados neste link.


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