25 de abril de 2017

Uma mudança de planos que aumenta o suspense em redor de Chaves

(Fotografia: Facebook Orica-Scott)
O que se passa com Chaves é uma pergunta que é cada vez mais feita e as escassas declarações da Orica-Scott e do ciclista têm sido pouco convincentes e apenas contribuem para a crescente especulação sobre o problema no joelho que mantém o colombiano longe da competição desde 5 de Fevereiro, quando acabou a Herald Sun Tour, na Austrália. Johan Esteban Chaves preparava-se para participar nos campeonatos nacionais, quando anunciou que não estaria nas corridas devido a um problema no joelho. Nada de alarmismos, pois o ciclista até tinha um calendário diferente em 2017, a pensar na Volta a França e não no Giro. Este era suposto ser o ano em que Chaves se confirmaria como um dos melhores ao competir contra os melhores no Tour, depois de uma fabulosa afirmação que ganhou forma com as duas etapas ganhas na Vuelta em 2015, uma etapa e o segundo lugar no Giro de 2016, mais o terceiro na geral da Volta a Espanha e a conquista do seu primeiro monumento na Lombardia. Perante estes resultados, aos 27 anos era óbvio que tinha chegado a vez de Chaves medir forças com Chris Froome, Nairo Quintana e Alberto Contador no Tour.

A Orica-Scott juntou os gémeos Yates para o Giro, preparando uma equipa toda concentrada em Chaves para a Volta a França. O único problema é aquele joelho. Chaves desapareceu quase completamente do mapa. Foi cancelando as corridas em que estava escalado perto destas arrancarem e se é certo que ainda faltam mais de dois meses para o Tour - começa dia 1 de Julho - a falta de competição do colombiano é desde já uma enorme preocupação, faltando saber como está realmente aquele joelho.

Recentemente o colombiano falou com o Cycling News e disse que já não tinhas dores, mas que ainda não se sentia bem na bicicleta... Uma semana depois, a Orica-Scott anuncia que Simon Yates não iria ao Giro e afinal seria aposta no Tour, para tirar pressão a Chaves, Ou será mais por uma questão de prevenção? É mais o que parece. "A Volta a França é a maior corrida do ano e nós conseguimos elaborar um plano que irá beneficiar os nossos jovens candidatos à classificação geral e as ambições da equipa para a época", salientou Matt White, director desportivo da formação australiana. Acrescentou que esta será a terceira participação de Yates, enquanto Chaves irá fazer a sua estreia e que a presença do britânico ajudará, por isso mesmo, a retirar a pressão sobre o colombiano. Quanto à condição física, o próprio de Chaves, limitou-se a referir que não sabe como estará depois de uma paragem tão longa.

Já White preferiu salientar que ao separar os Yates, eles poderão assim ter a possibilidade de lutar pelas classificações da juventude no Giro e no Tour. Adam ganhou a camisola branca na Volta a França no ano passado, tendo sido quarto na geral. Simon não participou devido a uma suspensão por ter tomado uma substância para a asma que não foi declarada pelo médico da equipa.

Quando se lê as declarações de Chaves que diz que irá tentar estar no Critérium Dauphiné (de 4 a 11 de Junho) ou na Volta à Suíça (de 10 a 18 de Junho), as dúvidas aumentam. Tentar? Estamos a falar de mais de um mês longe da competição e parece não haver grande certeza se irá conseguir estar numa das corridas. Mesmo que faça uma, será claramente pouco para ser competitivo no Tour. Chaves afirmou que quer estar em França para aprender, já que é a sua primeira vez na corrida. Mas mesmo sendo um ciclista ainda jovem, aos 27 anos, depois do que já fez no Giro e na Vuelta, falar em aprender, ou é pouca ambição ou uma clara noção que não será competitivo. O Tour tem as suas características muito próprias, tem uma Sky dominadora, pode-se falar em ganhar experiência, mas já não há muito a aprender nesta fase. A Orica-Scott percebeu que chegou a altura do colombiano lutar por uma vitória, mesmo que não fosse esperada já este ano, mas o joelho obrigou a uma mudança de planos.

A separação dos gémeos é um claro sinal que algo não estará bem com Chaves. Com Simon e Adam no Giro, a Orica-Scott aspirava tentar ganhar a corrida italiana, pois actualmente o Tour parece estar "trancado" pela Sky, com Quintana e a Movistar a serem os únicos concorrentes com capacidade para colocar um pouco em causa esse domínio da equipa britânica. Chaves seria um adversário de peso e o pódio estaria certamente na mira.

O que se passa com Chaves? É um mistério, mas com a mudança de planos relativamente aos Yates, o problema no joelho não só está a ser difícil de ser ultrapassado, como é claro que a equipa tem dúvidas que poderá ter o colombiano pronto para o Tour. Será o problema mais grave do que tem sido revelado (e não tem sido muito)? É mais uma questão sem resposta.

Apesar de mais novo, 24 anos, Simon Yates (tal como o irmão) já demonstra alguma maturidade. Não se pode dizer que poderá enfrentar um Froome ou um Quintana em forma, mas a Orica-Scott prefere ter uma carta para jogar, do que ter de desistir do jogo demasiado cedo. E mesmo não sendo a corrida mais interessante das três grandes voltas a nível de percurso, o Tour continua a ser a mais mediática. De longe.

A Chaves poderá restar participar na Volta a França para "aprender", se é a palavra que o ciclista quer utilizar, mas o mais correcto poderá ser participar para ganhar ritmo, ganhar mais experiência e depois pensar na Vuelta... se o joelho deixar.

»»O irresistível 'El Chavito' já tem o seu monumento««

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