27 de abril de 2017

Portugal na rota da Volta a Espanha

(Fotografia: Facebook La Vuelta)
Até 2020 Portugal poderá voltar a fazer parte do percurso da Vuelta. Este é um dos objectivos do actual responsável pela organização da competição, Javier Guillén, que tem ainda outras ambições, que incluem tentar ir até Marrocos. A concretizar-se não será a primeira vez que o pelotão da Volta a Espanha vem a Portugal: aconteceu em 1998, ano em que se realizou a Expo em Lisboa. Desde então que o ciclismo passou por uma natural evolução, incluindo a própria Vuelta, que é hoje considerada por muitos a prova de três semanas com um percurso mais emocionante, batendo mesmo o Tour. Os grandes nomes do ciclismo marcam presença assídua na corrida, o que poderá significar que além da Volta ao Algarve, os fãs portugueses podem ver alguns dos principais ciclistas do pelotão por terras lusas e estamos mesmo a falar dos corredores que lutam pelas provas de três semanas.

"Temos novas ideias para colocar em prática até 2020. Portugal oferece variáveis interessantes na montanha, junto à fronteira", afirmou Javier Guillén, em entrevista ao jornal espanhol As. No entanto, o responsável não especificou que montanhas. É certo que a Serra da Estrela será das mais populares, mas há outras opções, como ficou comprovado recentemente na Clássica das Aldeias do Xisto, uma corrida que fez lembrar algumas etapas da Vuelta, com constante sobe e desce e uma rampa brutal para terminar.

Apesar de neste momento a prioridade ser garantir que a próxima edição decorra de forma perfeita, com o percurso de 2017 feito e apresentado, é natural que a organização já esteja e pensar e a elaborar os primeiros esboços da corrida de 2018.

E a introdução de um ou mais etapas que passem por Portugal poderá também escancarar as portas para uma equipa portuguesa receber um convite para a grande volta. No entanto, primeiro é preciso que esteja no escalão Profissional Continental. O timing poderá ser perfeito se a W52-FC Porto concretizar o objectivo do seu director desportivo, Nuno Ribeiro, e subir de categoria já em 2018. Entretanto também já se vai falando que o projecto do Sporting-Tavira estará a pensar em também levar a equipa para outro nível.

A revelação de Javier Guillén é uma excelente notícia para o ciclismo nacional, que nos últimos anos tem feito frente à crise, com o crescimento de competições, como a Volta ao Algarve e Alentejo, e com as próprias equipas a terem um aumento de qualidade substancial. Agora é esperar para saber se o ideia de Guillén se concretiza e, se sim, quando.

Mas há mais planos, como visitar Ceuta e Melilha e tentar fazer uma incursão por Marrocos. Porém, parece que o principal objectivo será tentar que a Vuelta passe pelas Canárias. "Tenho o sonho de acabar com quatro etapas, duas nas Canárias e duas em Tenerife", admitiu Javier Guillén. A logística será o maior desafio, com os custos a rondarem os dois milhões de euros. A vontade é grande e talvez a presença do Giro na Sardenha e Sicília este ano, poderá servir de aprendizagem para outras organizações.

A Vuelta tem inovado nos últimos anos, tendo tornado-se numa grande volta com pouco espaço para sprinters, beneficiando os grandes trepadores, que precisam de estar preparados para três semanas infernais, sem possibilidade de ter etapas de "descanso", com as tiradas difíceis a surgirem logo no início e até final, ao contrário do que normalmente acontece no Tour, por exemplo. O Giro já tem uma mentalidade idêntica e a 100ª edição é a prova disso mesmo.

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