22 de julho de 2016

Só Froome consegue complicar a vida... a Froome

Wout Poels tem sido um fiel companheiro de Froome (Fotografia: Team Sky)
Só mesmo Chris Froome para complicar o que parecia quase certo (e ainda parece). Não que 4:11 minutos de avanço não lhe dê conforto, mas certamente que este sábado o britânico estará tudo menos confortável na sua bicicleta. Uma queda acontece a qualquer um, mas perante tal domínio, tinha de ser Froome e criar problemas a si próprio e eventualmente inspirar espectáculo que, verdade seja dita, até à etapa de hoje, tinha sido ele a dar de uma forma mais natural e também ortodoxa, no que diz respeito à luta pela geral.

Desta vez não houve motos ou adeptos envolvidos. Chris Froome caiu sozinho, numa
(Fotografia: Team Sky)
descida, numa altura em que a chuva complicava a etapa dos Alpes. E quando se discutia quem estava na luta pelo pódio, lá se viu Froome a deslizar pela estrada, provocando uma queda aparatosa a Vincenzo Nibali (Astana), que seguia o britânico. Desta vez houve logo uma bicicleta, a de Geraint Thomas, mas houve também ferimentos bem visíveis e a dor foi impossível esconder tanto durante a última subida, como na presença no pódio, onde o joelho apareceu bem embrulhado.

Froome tem sido o destaque quando se fala na luta pela geral. Foi ele quem desceu de uma forma louca, foi ele que correu Mont Ventoux acima, foi ele que conquistou a crono-escalada e agora foi ele quem abriu a porta a um último dia que poderá ter o espectáculo que praticamente faltou durante toda a Volta a França.


Chris Froome chute / crashes - Étape 19 / Stage... por tourdefrance

Se já esta sexta-feira houve quem tentasse atacar, então este sábado a Sky irá finalmente ser colocada à prova. Bom, assim se espera pelo menos, pois com o líder debilitado, será altura de aproveitar. Parece algo de pouco fair play, mas o desporto é assim. O próprio Froome já admitiu que será um dia difícil. Talvez se possa ver desta maneira: num Tour no qual dominou a descer, a rolar, a subir, no contra-relógio... eis o momento para se superar e ter um final mais épico do que apenas um resumo do género: Froome dominou e ganhou pela terceira vez. Há que dizê-lo que ao se escrever sobre esta Volta a França, talvez falte um episódio de grande ciclismo e não apenas um corrida no Mont Ventoux para recordar o eventual triunfo.

Poderá alguém concretizar a surpresa das surpresas?

Tirar a camisola amarela a Chris Froome, mesmo com ele debilitado, mais parece uma missão impossível. Romain Bardet (AG2R), o vencedor do dia, subiu ao segundo lugar e até poderá tentar a sua sorte, mas também estará mais a pensar no brilhante posto que alcançou. Nairo Quintana (Movistar) poderá igualmente tentar algo, mas mais a pensar em ultrapassar Bardet do que em assustar Froome. Tenham sido alergias, má condição física, má táctica, ou pura e simplesmente alguma falta de ambição em determinados momentos, Quintana é uma desilusão. Tentará a vitória na etapa, pelo menos. Adam Yates (Orica-BikeExchange) vai à procura de recuperar uma posição merecida no pódio.

Porém, perante tal diferença, só se realmente Froome estiver muito mal é que poderá verificar-se um ataque louco para tirar uma vitória há muito anunciada neste Tour.

Vamos lá Rui Costa!

Só falta uma etapa para tudo se decidir. Rui Costa (Lampre-Merida) tem tentado, mas ainda não conseguiu a ambicionada vitória, que já merece. Este sábado é o tudo ou nada. O ciclista português está a terminar muito bem, fisicamente, a Volta a França (boas perspectivas para os Jogos Olímpicos). E há que acreditar que ainda é possível conquistar uma etapa. Subiu ao pódio como o ciclista mais combativo, um pequeno mas valioso prémio depois de tanto trabalho. No seu blog, Rui Costa fala de alguma falta de sorte. Esta conquista-se com persistência, como muito se vê no português. Quem sabe se é em Morzine que a sorte finalmente chegará para um dos ciclistas que mais lutou por uma etapa neste Tour.



Résumé - Étape 19 (Albertville / Saint-Gervais... por tourdefrance

Etapa 20: Megève - Morzine (146,5 quilómetros)



Christian Prudhomme, líder da organização da Volta a França, escolheu para finalizar a competição uma estreia, o Col de Joux Plane. Serão 11,6 quilómetros com 8,5% de pendente média. Olhando para o gráfico, toda a subida está marcada a vermelho e preto, ou seja, não há momentos fáceis, pois o mais ligeiro que se encontra é um quilómetro a 6,8%. E não esquecer que a última subida do Tour é antecedida de outra de primeira categoria, no Col de la Ramaz. No entanto, a despedida não será feita em alto, a liderança terá um derradeiro teste numa descida até à meta. E a chuva ameaça voltar a marcar presença, tal como na sexta-feira.

Veja as classificações da Volta a França após a 19ª etapa.

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