11 de julho de 2016

Contador vai mostrar porque é um dos melhores do mundo

(Fotografia: Twitter @albertocontador)
Falhou o seu grande objectivo do ano. Foram meses de preparação a pensar exclusivamente na Volta a França. Ao fim de uma semana, não aguentou mais e parou em plenos Pirenéus. Objectivamente, foi logo no primeiro dia que tudo se desmoronou para Alberto Contador. Mas nem com esta precoce desistência ficam dúvidas: o espanhol é um dos melhores da história do ciclismo. O Tour parece não querer nada com ele, mas Contador ainda vai demonstrar este ano que continua a ser um ciclista para os grandes momentos.

Tem sido um ano em que Contador tem estado constantemente a ser falado. Primeiro porque esta ameaçava ser a última temporada, depois de em 2015 ter anunciado que ponderava em abandonar o ciclismo. Mas depois vieram as competições. Eram exibições à Contador atrás de exibições à Contador. Como era possível o espanhol pensar em abandonar? Claramente, aos 33 anos, ainda há muito para dar neste ciclista, feito para dar espectáculo.

Contador acabou por admitir. Ia continuar. A evidente alegria de competir foi irresistível. E depois... aquela queda na primeira etapa do Tour. Num instante pareciam terminar todas as razões para sorrir. O azar voltava a fazer de Contador um alvo em França.



Mas este não é homem de se render. Afinal estamos a falar de um ciclista que em 2014 caiu e ainda pedalou vários quilómetros com uma perna partida. Não, Contador tentou recuperar. A alegria foi desvanecendo-se. O carácter de lutador não. Mas chegaria mais um golpe, talvez mais duro do que a queda. Roman Kreuziger desafia para todos verem as ordens da equipa e não ajuda aquele que era suposto ser o líder indiscutível. Kreuziger deixou Contador ficar para trás numa subida e o espanhol percebeu que estava isolado na equipa, já que também Rafal Majka tinha demonstrado que tinha os seus próprios planos e mais ninguém naquela Tinkoff tem capacidade para o acompanhar na alta montanha. 

Não é o facto de um Peter Sagan ter o objectivo da camisola verde que se pode falar em divisão na equipa. Esse plano em nada iria interferir com o apoio condicional que a equipa deveria dar a Contador.

A equipa que Oleg Tinkov diz ser a melhor do mundo, nem equipa soube ser. Aliás, até Sérgio Paulinho disse no Eurosport que a escolha de ciclistas feita para o Tour não era a ideal para ajudar Contador. O português que tão leal tem sido ao espanhol não esteve lá para ser um dos apoios que Contador tanto precisou e não teve.

Não é novidade para Contador estas guerras de equipa. Em 2009 foi com Lance Armstrong na Astana. A diferença é que nesse ano sabia o que lhe esperava, da divisão da equipa, e ganhou ainda assim o Tour. Esta traição da Tinkoff terá sido mais inesperada. Está claramente cada um por si, talvez à procura de emprego para 2017...

Mas Contador vai reagir. Entrou no carro na nona etapa derrotado pelas circunstâncias. Sairá para voltar a ser um campeão. Será de raiva, talvez. E talvez seja já nos Jogos Olímpicos, ou na Vuelta, mas este Contador não está preparado para fechar 2016 sem uma grande vitória. Vamos vê-lo a lutar como não foi possível vê-lo neste Tour. Vamos vê-lo a atacar, cavalgando pelas subidas em pé na bicicleta num estilo tão próprio, como o azar não nos deixou ver nesta Volta a França.

Contador não desiste. Não sabe o que isso. Abandonou porque as pernas não o deixaram continuar, porque a mente fraquejou perante tantas adversidades. Irá recuperar, pois também ele sabe que de nada valeria expor-se etapa após etapa ao sofrimento quando ainda há tanto a conquistar. E a Volta a França? Lá estará para o ano à sua espera, à espera que a conquiste finalmente pela terceira vez.


Résumé - Étape 9 (Vielha Val d'Aran / Andorre... por tourdefrance

Veja as classificações após a nona etapa na Volta a França. Rui Costa foi segundo na chegada a Andorra Arcalis.

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